O potencial de mercado para frutas com cobertura comestível: o caso da maçã

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O Brasil é o terceiro produtor mundial de frutos [1], e considerando que órgãos internacionais de saúde recomendam o consumo de alimentos funcionais, as agroindústrias têm adotado diferentes estratégias para se manterem competitivas. Desta forma, marca e embalagem, simbolizam a imagem da empresa no mercado concorrencial. No caso das embalagens, esta representa uma ferramenta de marketing e desempenha a função logística e de distribuição [5]. Cabe ressaltar que grande parte das perdas hortifrutícolas no Brasil ocorre por problemas logísticos, e uma forma de minimizá-las seria a utilização de biofilmes comestíveis ou biodegradáveis. Os biofilmes são geralmente produzidos com macromoléculas, como polissacarídeos, proteínas, lipídios e derivados [6]. Neste estudo o filme utilizado foi à base de quitosana para frutas.

Foi percebida desta forma, a necessidade de verificar a demanda do mercado, para atender aos anseios do consumidor e oferecer produto que supra suas expectativas [2]. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a aceitação da maçã, com cobertura comestível pelo consumidor, por meio de pesquisa de mercado em pelo menos 5 pontos de varejo de grande movimento na cidade de Araras; nesta avaliação serão considerados variáveis de escolha, tanto culturais, sociais, pessoais, psicológicos e econômicos. A pesquisa no varejo faz parte da segunda etapa do trabalho de iniciação científica, sendo a primeira parte um pré-teste.

A técnica de pesquisa de mercado serve para avaliar a melhor forma de atender às necessidades dos consumidores. Um dos métodos mais utilizados para obtenção de dados em uma pesquisa é o questionário. Tal método foi utilizado no presente trabalho. O questionário foi elaborado em cinco etapas: processo de elaboração das questões, pré-teste em que o questionário foi submetido a uma avaliação quanto à sua eficiência, classificação das perguntas em “abertas” ou “de múltipla escolha”, elaboração do questionário definitivo e ordenação das perguntas [4]. O presente trabalho se encontra na segunda etapa sendo os resultados apresentados a seguir referentes ao pré-teste.

O pré-teste da pesquisa de mercado foi realizado no refeitório da universidade, com 50 indivíduos, representando um universo de 200 pessoas. A abordagem foi realizada com a demonstração visual de maçãs com cobertura comestível e sem cobertura comestível. Para a análise estatística, foi utilizado o teste de (?2) para o cruzamento dos dados. A hipótese nula testada pode ser interpretada, da seguinte forma: H0: p1 = p2, onde p1 e p2 são proporções de elementos com determinada característica, em duas populações, de forma que a probabilidade de que um elemento tenha a característica desejada é a mesma nas duas populações, sendo que o fato de ter ou não a característica independe da população a qual o elemento pertence. O questionário definitivo será aplicado em pelo menos 5 pontos de varejo na cidade de Araras.

No pré-teste realizado, 70% das pessoas entrevistadas eram do sexo feminino. A faixa etária predominante foi de até 25 anos (84%), seguidos pela de acima de 45 anos (10%), de 25 a 35 anos (4%) e de 36 a 45 anos (2%). O estado civil era de solteiro (86%), casado (10%) e outro (4%). Os aspectos favoráveis das maçãs que os entrevistados costumam comprar estiveram concentrados na - consistência, aroma, tamanho da maçã (36%) -, facilidade de encontrar (28%) e preço (10%). O principal lugar em que compram frutas é o supermercado (84%). Do total dos entrevistados, 48% já ouviu falar de coberturas comestíveis e 94% compraria a fruta revestida. Em relação à vantagem do revestimento, para 66% respondeu que seria o aumento da durabilidade, para 16% não haveria vantagem, 4% respondeu menos idas ao mercado, 2% citou o aspecto visual e o restante não consumia frutas ou não sabia. Dos entrevistados 50% pagaria mais caro pela fruta revestida sendo que 36% estaria disposto a pagar 25% acima do valor da fruta convencional. As tabelas 1 e 2 sintetizam os resultados do testes de qui-quadrado sendo que para todos os cruzamentos, a hipótese nula é representada pela independência dos fatores em relação ao comportamento do entrevistado.

Apesar de o fator duração ter um valor elevado para a hipótese considerada, pode-se observar que não ocorre a existência de apenas um único fator relacionado diretamente com a disposição do consumidor em pagar mais caro pela fruta revestida.

Observa-se que não existe relação entre conhecimento do filme comestível e a ação de comprar a fruta revestida. Deve-se ressaltar que a pesquisa foi realizada com a amostra visual das frutas com e sem cobertura comestível. Ambas não apresentaram diferenças visuais o que pode influenciar na perspectiva de compra do entrevistado.

Como mostra a pesquisa realizada, não existe apenas um único fator relacionado com a disposição do consumidor em pagar mais caro pela fruta revestida, não há relação entre conhecimento prévio do filme comestível e a ação de comprar a fruta revestida, e 36% dos entrevistados pagariam um valor 25% superior ao da fruta convencional pela fruta revestida.

Departamento de Tecnologia Agroindustrial e Sócio-Economia Rural, Universidade Federal de São Carlos

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