Ocorrência de oídio (Oidium sp.) em pinhão-manso (Jatropha curcas L.)

Especialistas alertam para a possibilidade de o oídio tornar-se um problema para os plantios de pinhão-manso no Centro-Oeste

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O pinhão-manso (Jatropha curcas L.), também conhecido como pinhão do Paraguai, purgueira, grão-de-maluco, pinhão-de-cerca, medicineira ou pinhão-do-inferno, pertence à família das Euforbiáceas, a mesma da mamona e da mandioca. É uma planta rústica, de elevado potencial para a produção de biodiesel, e com poucos relatos de ataques por doenças. No entanto, já foi constatada a ocorrência de uma epidemia de ferrugem em pinhão-manso no estado do Mato Grosso do Sul. Além disso, a infecção por Oidium sp., que é favorecida por longos períodos sem chuvas, tem potencial para se tornar um sério problema nos plantios no Centro-Oeste brasileiro, onde o período de estiagem vai de abril a setembro, devido a provável alta susceptibilidade do pinhão-manso à esse patógeno.

Em um experimento com diferentes acessos de pinhão-manso em área pertencente à Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), inicialmente observou-se lesões escuras cobertas por micélio branco na face abaxial de folhas de pinhão-manso (Figura 1d). Em laboratório com o auxílio de microscópio constatou-se que as folhas foram severamente infectadas por Oidium sp. À medida que a infecção se tornou mais severa, o patógeno se alastrou por folhas, pecíolos e caule das plantas (Figuras 1a e b). Folhas infectadas se tornaram cloróticas com o avanço da colonização pelo patógeno (Figura 1c).

O pinhão-manso é hospedeiro alternativo do oídio da seringueira (Hevea brasiliensis Muell Arg.), Oidium heveae Stein. No entanto, ainda é preciso confirmar se esta é realmente a espécie de oídio que está presente nos plantios de pinhão-manso na região de Planaltina (DF).

A incidência de infestação de oídio na média geral do experimento foi acima de 70% evidenciando alta infestação da doença nas procedências de pinhão manso, demonstrando a severidade do patógeno na cultura. Além disso, não houve diferença na incidência de oídio entre as procedências de pinhão manso, evidenciando a inexistência de variabilidade genética para tolerância a tal patógeno.

Portanto, estudos onde vários acessos de pinhão-manso foram avaliados para resistência ao oídio, devem continuar a serem desenvolvidos, visto que até o momento não há informações sobre acessos resistentes a esse patógeno.

Adeliano Cargnin – Melhoramento genético

Alexei de Campos Dianese - Fitopatologia

Embrapa Cerrados, BR 020, Km 18, Caixa Postal 08223, 73010-970 Planaltina, DF. e-mail: adeliano.cargnin@cpac.embrapa.br, alexei.dianese@cpac.embrapa.br

Compartilhar

Mosaic Biosciences Março 2024