Panorama de pulverizadores comercializados no Brasil

​​Mais de 140 pulverizadores diferentes são comercializados no BR, formando uma gama considerável de modelos para os mais diversos tipos de cultivo

03.06.2020 | 20:59 (UTC -3)

Mais de 140 pulverizadores diferentes são comercializados no Brasil, formando uma gama considerável de modelos para os mais diversos tipos de cultivo.

A necessidade de elevação da produtividade nas culturas fez com que empresas e centros de pesquisa desenvolvessem novas cultivares, mais produtivas que as anteriores. Segundo Lustosa et al (1999), o melhoramento genético, dirigido para a produção e para a qualidade das plantas, pode modificar os mecanismos de resistência, tornando as plantas mais vulneráveis a ações de insetos/pragas. Então, tornou-se crescente a preocupação, por parte de diversas esferas da sociedade, em virtude de seu potencial de risco ao meio ambiente (Barcellos et al, 1998).

A utilização de defensivos para combater as ações destes agentes é influenciada por diversos fatores, dentre os quais se destacam o clima, o hospedeiro, o alvo biológico, o ingrediente ativo e o veículo utilizado no produto (Alonço, 1998). Outro fator importante a ser considerado na utilização de defensivos é a textura do solo, pois os teores de areia, argila e silte presentes no mesmo poderão favorecer a lixiviação. Tal processo pode ocorrer com maior rapidez em solos arenosos com menores teores de argila e matéria orgânica, podendo influenciar na dosagem do produto que será utilizado. Além disso, também deve sempre avaliar os aspectos de cobertura e topografia, o que poderá intervir na escolha do tipo de equipamento. (Balastreire, 1987). Contudo, independentemente do modo de aplicação, é evidente o grande potencial para atingir o solo e as águas, podendo causar poluição, lixiviação, erosão e demais infortúnios ambientais. Além disso, o homem sempre será um receptor em grande potencial, independentemente do destino do agroquímico no meio ambiente.

Em decorrência destas necessidades, existe hoje no Brasil uma gama diversa, e em constante desenvolvimento, de mecanismos pulverizadores capazes de proporcionar uma elevação na qualidade de aplicação, desde que seguindo as recomendações, de maneira que venham a minimizar os danos ao meio ambiente ao mesmo tempo em que maximizam o controle de doenças e pragas nas lavouras.

Existem diversos modelos, tamanhos e tipos de pulverizadores no mercado, cada qual com suas peculiaridades, a fim de satisfazer as necessidades específicas dos cultivos e das propriedades rurais. Entre estes, os mais conhecidos e utilizados, que possuem autopropulsão ou utilizam potência gerada por um trator agrícola, são os autopropelidos, os de arrasto, os montados e os atomizadores. Estes últimos são empregados basicamente no combate a doenças e pragas de frutíferas e cafezais, enquanto que os demais são utilizados em amplas diversidades de culturas. O modo de aplicação dos pulverizadores se dá a partir da barra de pulverização, que tem como parte componente as pontas, cuja aspersão ocorre através de forças internas como tensão superficial, viscosidade e coesão (Balastreire, 1987).

Os principais fatores que diferenciam os tipos de pulverizadores são o tipo de acoplamento e a propulsão dos mesmos. Os autopropelidos não necessitam de tração tratorizada, pois possuem propulsão própria. Os de arrasto são tracionados através da barra de tração, enquanto que os montados são acoplados ao sistema de levante hidráulico. Para os dois casos, são ligados também na TDP (Tomada de Potência), através de um eixo cardã, para fornecimento de potência à bomba pulverizadora.

Porém, como no Brasil não existe a obrigatoriedade de realização de ensaios oficiais de máquinas agrícolas, a seleção com base em parâmetros técnicos certificados, o que comprovaria a veracidade destes, torna-se dificultada, pois em uma atividade econômica a disponibilidade de informações é essencial, já que isso deve possibilitar a comparação entre os modelos, sendo o catálogo técnico um dos principais meios de divulgação (Mialhe, 1996). Dessa forma, uma das maneiras de realizar a escolha do equipamento mais adequado é através de busca de informações sobre o produto disponibilizada na forma de catálogos, manuais, revistas e meios eletrônicos. Contudo, em determinados casos faz-se necessário um julgamento das relações entre características técnicas, pois são a partir destas que se podem obter informações específicas, como, por exemplo, do desempenho operacional da máquina.

Dessa forma, por meio de informações obtidas através de busca em catálogos técnicos, manuais e folhetos disponibilizados pelos fabricantes, além de uma busca direta com estes quando necessário, confeccionou-se um banco de dados, com o objetivo de contribuir para a geração de informações pertinentes que possibilitem uma análise com maior profundidade dos dados, promovendo um auxílio no julgamento de diferentes pulverizadores.

A utilização de defensivos para combater insetos-praga é influenciada por diversos fatores, como o clima, o hospeiro, o alvo biológico, o ingrediente ativo e até o veículo.
A utilização de defensivos para combater insetos-praga é influenciada por diversos fatores, como o clima, o hospeiro, o alvo biológico, o ingrediente ativo e até o veículo.

DADOS OBTIDOS

Foram avaliados 20 fabricantes, que produzem 145 modelos de pulverizadores de barras (52 montados, 49 autopropelidos e 44 de arrasto). Foram analisadas as informações capacidade de depósito de calda (CD) (L); comprimento de barra (CB) (m), potência requerida (Pot) (kW) e massa (kg), obtendo suas respectivas relações: CD/CB (L m-1); Pot/CB (kW/m); Pot/CD (kW/L) e Massa/CD (kg/L). Estas relações estão ilustradas nas Figuras 1, 2, 3 e 4, separadas pelo modelo de pulverizador de barras.

Figura 1 - Relação média da  potência pela capacidade de  depósito de calda
Figura 1 - Relação média da potência pela capacidade de depósito de calda
Figura 2 - Relação média da potência pelo comprimento de barra
Figura 2 - Relação média da potência pelo comprimento de barra
Figura 3 - Relação média da  capacidade de depósito pelo  comprimento de barra
Figura 3 - Relação média da capacidade de depósito pelo comprimento de barra
Figura 4 - Relação média da massa total pela capacidade de depósito de calda
Figura 4 - Relação média da massa total pela capacidade de depósito de calda

Pode-se observar através da Figura 1 a relação existente entre a potência requerida e a capacidade de depósito de calda, ou seja, a quantidade de potência necessária para transportar um litro de calda. Desta forma, teoricamente, quanto menor for esta relação, mais eficientemente será o uso da energia requerida. Os pulverizadores de arrasto possuem a menor média de requerimento de potência por litro de calda, com aproximadamente 0,04kW/L, enquanto que os pulverizadores autopropelidos e montados apresentaram médias de 0,05kW/L e 0,10kW/L, respectivamente.

Analisando a Figura 2, tem-se a quantidade de potência requerida para cada metro de barra do pulverizador, na qual, novamente, buscam-se modelos com uma menor demanda de energia por comprimento da barra. Os pulverizadores de arrasto apresentaram menor média, com aproximadamente 3,40kW/m, fazendo com que estes demandem de menor unidade de potência por metro de barra, ao passo que os pulverizadores autopropelidos e montados apresentaram médias aproximadas de 5,20kW/m e 4,60kW/m, respectivamente.

A média da capacidade de depósito de calda pelo comprimento de barra, ilustrada na Figura 3, evidencia quantos litros de calda é possível armazenar para cada metro de barra nos pulverizadores. Neste caso, quanto maior for esta relação, teoricamente mais vantajoso poderá ser o modelo em avaliação, pois, haverá a possibilidade de trabalhar por mais tempo, visto ser necessário menor número de paradas para reabastecimento da calda de pulverização, fazendo com que a capacidade operacional seja maior. Os pulverizadores de arrasto apresentam a maior média, com aproximadamente 144L/m, enquanto que os pulverizadores autopropelidos e montados apresentam 106L/m e 54L/m, respectivamente. Com relação aos pulverizadores montados, estes não devem armazenar uma elevada quantidade de calda de pulverização, pois são acoplados aos tratores e o sobrepeso do mesmo pode gerar maior desgaste, possíveis acidentes, como capotamentos e dificuldade de controle, além de aumentar a probabilidade em causar compactação no solo, o que justifica o reduzido valor da relação.

A relação entre a média da massa total dos pulverizadores pela capacidade de depósito é apresentada na Figura 4. Os pulverizadores montados são os que apresentam menor valor médio de quilograma por litro de calda, com aproximadamente 0,6kg/L, enquanto que os autopropelidos e de arrasto apresentam 3,0kg/L e 0,7kg/L, respectivamente.

VARIEDADE

Há uma grande diversidade de pulverizadores disponíveis no mercado agrícola brasileiro, proporcionando ao produtor agrícola as mais diversas opções para compra que venham a adequar-se às suas necessidades. Grande variedade de implementos e máquinas disponíveis ao agricultor lhe gera não somente maiores opções de compra, como também a necessidade de realizar uma análise mais criteriosa para cada tipo de pulverizador, observando as suas especificidades juntamente com as da propriedade em que serão utilizados.


Pablo do Amaral Alonço, Airton dos Santos Alonço, Tiago Rodrigo Francetto, Dauto Pivetta Carpes, Rafael Sobroza Becker, Laserg/UFSM


Artigo publicado na edição 161 da Cultivar Máquinas. 

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