Percevejo castanho: ou ele ou o algodão

Dentre as espécies de percevejos conhecidos no Brasil o Scaptocoris castanea é considerado uma das mais importantes, não somente devido a sua ampla distribuição geográfica em diversos estados brasileiros, como tam

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Desde 1949 o percevejo castanho,

é considerado praga de diversas culturas de grande valor econômico no estado de São Paulo, destacando-se o algodoeiro e a cana-de-açúcar. A ocorrência desta praga nessas culturas é cíclica, passando desapercebida ou ausente por anos consecutivos.

Nos últimos anos, este inseto tem sido registrado em culturas de milho, amendoim, tomate, sorgo, banana e principalmente em pastagens. Nas duas últimas safras de algodão no Mato Grosso foram verificadas severas infestações dessa praga na cultura algodoeira matogrossense, principalmente em áreas de plantio direto.

O percevejo castanho pertence à ordem Hemíptera, subordem Heteroptera, superfamília Pentatomoidea e família Cydnidae. É um inseto de hábito subterrâneo que, pela sucção de seiva nas raízes, provoca o amarelecimento, seguido de secamento e morte da planta.

O inseto adulto mede cerca de 8mm de comprimento, de coloração castanho-claroapresenta as pernas anteriores fossoriais, antenas com cinco segmentos), peças bucais estiliformes enroladas dentro do segundo segmento sacciforme, tíbias medianas com área dorsal achatada e glabra e tíbias posteriores fortemente espinhosas. Os ovos são colocados isoladamente no solo, próximo às raízes das plantas e apresentam coloração branca e formato oval; as ninfas apresentam coloração branca e passam por cinco ínstares.

Atacam inicialmente em reboleira, e caso o controle preventivo não tenha sido realizado, os prejuízos provocados podem ser bastante severos, obrigando o cotonicultor a repetir o preparo do solo para novo plantio. Quando o ataque é de menor intensidade, as folhas das plantas podem apenas amarelecer e depois avermelhar, murchando algumas. Sua presença na área de cultivo pode ser constatada durante o preparo do solo, pois quando perturbado exala um cheiro forte e característico Nas épocas mais secas, aprofundam-se no solo e procuram as regiões mais úmidas, durante as chuvas, retornam à superfície.

Diversos pesquisadores relatam que o controle químico do percevejo castanho deve ser preventivo, com aplicações de inseticidas no sulco de plantio, todavia, a maioria dos inseticidas recomendados são atualmente incompatíveis com o manejo integrado de pragas e/ou com a legislação vigente. Prado et al. (1986), estudando o controle químico do percevejo castanho na cultura algodoeira em Goiás, verificaram que embora não tenha havido diferenças significativas para stand inicial, stand final e produção, as produções obtidas com carbofuran, heptachlor e phorate representaram, em média, cerca de 26,5% a mais que a obtida com a testemunha (sem controle). Com aldrin 5%, houve depressão na produção, que praticamente se igualou à testemunha.

Desta forma, sugere-se efetuar o preparo antecipado do solo e o controle preventivo através da aplicação do inseticida carbofuran no sulco de plantio na concentração de 350g/kg, na dosagem de 3000 a 4000 g.i.a./ha.

Os prejuízos são grandes

Uma praga de difícil controle e que tem infernizado a vida dos agricultores do Cerrado. É o Percevejo Castanho, cujos danos despertam apreensão entre os produtores. Que o diga Blairo Maggi, que em Rondonópolis (MT) precisou replantar mil hectares de algodão por causa dos danos causados pelo inseto sugador. Maggi calcula que precisou gastar R$ 400 mil com o replantio da lavoura danificada. Para visualizar melhor os danos, deve-se ainda acrescer o índice menor de produtividade que haverá no local.

Ao contrário do que já se pensou, o percevejo pode ocorrer tanto em sistemas de semeadura direta como em convencional. O inseto ataca diversas culturas, como milho, feijão, pastagens, soja e girassol, mas possui um gosto especial pelo algodão. Entre as áreas que mais sofreram com a praga, estão os estados de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Tocantins, Minas Gerais e Paraná.

Carlos A. D. da Silva

Embrapa Algodão

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