Planejar para crescer

O pecuarista profissional não se lança às cegas na adoção de tecnologias, deve avaliar tanto viabilidade técnica como econômica, comparando com outras opções para definir o melhor caminho.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

Todo investidor de sucesso avalia criteriosamente a oportunidade de negócio antes de começar a realizar o investimento, ou mesmo antes de continuá-lo. Por que na atividade de pecuária deveria ser diferente?

Na verdade, o simples fato do pecuarista possuir uma propriedade rural já o torna um investidor em agropecuária, pois existe ali um capital empatado que deve gerar dividendos. Desta forma, todo e qualquer investimento deve ser orientado de forma a alcançar um objetivo financeiro. A maneira mais sólida para se alcançar este objetivo é a realização de um planejamento estratégico, que nada mais é do que uma ferramenta de administração que visa à condução do investimento a longo prazo.

A confecção de um planejamento estratégico exige, entre outras coisas:

• avaliação do mercado onde o projeto está inserido;

• formalização dos objetivos;

• definição dos prazos;

• criação de um cronograma de atividades operacionais e financeiras;

• distribuição de tarefas;

• estruturação do processo de avaliação a reestruturação.

A avaliação mercadológica permite ao produtor enxergar as oportunidades de negócio existentes e comparar a capacidade atual de produção e produtividade da sua propriedade perante o mercado e a concorrência, além de propiciar subsídios para determinar qual a duração ideal de seu investimento.

A formalização dos objetivos colabora para focar as atividades da administração para se alcançar o êxito final. Também corrobora para este fim a definição de prazos para se implementarem as realizações necessárias, já que é por meio do tempo que se pode medir o retorno econômico de uma atividade.

Estabelecidos os objetivos, pautados pela avaliação de mercado, bem como o prazo para atingi-los, inicia-se a confecção de um projeto de produção pecuária. O primeiro passo para a realização de tal projeto é um levantamento criterioso dos recursos disponíveis (edafo-climáticos, forrageiros, animais e infra-estrutura). Com esse subsídio de informação, é possível traçar cenários através de diferentes sistemas de produção, a fim de se escolher qual o melhor caminho para se realizar o desempenho financeiro traçado.

Para tanto, um estudo técnico-econômico é o segundo passo a ser completado. O estudo servirá como o alicerce do projeto de produção pecuária, pois é através deste que se pode avaliar o potencial produtivo de uma propriedade do ponto de vista econômico. A comparação entre diversas opções de sistemas de produção a partir da sua viabilidade técnica e econômica é que determina ou não a sua introdução na propriedade.

Neste item encontram-se a maioria dos erros cometidos pelos produtores amadores. É muito comum o produtor introduzir tecnologias importadas de regiões diferentes da sua realidade ou mesmo introduzir a tecnologia da moda, sem ao menos ter certeza de sua aptidão prática, ou mesmo a compreensão do real custo-benefício da mesma, especialmente quando o faz na ânsia de diminuir custos.

Um investidor capaz, ou melhor dizendo, um pecuarista profissional, não se lança às cegas na adoção de tecnologias porque “ouviu dizer” ou porque “fulano de tal fez e aprovou”. O profissional avalia criteriosamente tanto a viabilidade técnica como a econômica, comparando-as com outras opções para definir qual o melhor caminho a seguir.

Escolhido o melhor sistema de produção, o passo seguinte é a determinação de um cronograma de atividades operacionais e financeiras. Faz parte deste cronograma o calendário de atividades, que é pautado por:

Geralmente, o período compreendido pelo calendário equivale a um ano ou a um ciclo de produção. A utilização do calendário facilita a realização das implementações e atividades de rotina, pré-determinadas pelo planejamento estratégico para o intervalo de tempo em questão.

As atividades financeiras deste ínterim são orientadas por um fluxo de caixa projetado, ou seja, por meio de um orçamento que visa facilitar a realização do custeio e viabilizar os investimentos determinados pelo planejamento estratégico.

A partir de então, uma sistemática de monitoramento e reavaliação deve ser implementada, pois diversas situações podem vir a interferir no projeto, tais como: alterações no tamanho da área de produção (advento de novas tecnologias, negociação de terras, etc.), alteração das condições externas (mercado, legislação, etc.) e, inclusive, alterações particulares como a forma de encarar o risco do empreendimento.

Um projeto mesmo de longo prazo não pode engessar o desenvolvimento da atividade produtiva. Por isso, além de um bom planejamento estratégico o investidor necessita ter uma boa interpretação das interferências de maneira a colaborar para que as mesmas possam promover resultados ainda mais positivos.

Rodrigo Paniago

Boviplan

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