Poder destrutivo da septoriose no tomateiro

A septoriose, causada pelo fungo Septoria lycopersici, é uma doença agressiva na cultura do tomateiro, responsável por destruição progressiva na área foliar e impacto negativo na produção dos frutos

18.05.2016 | 20:59 (UTC -3)

A septoriose ou mancha-de-septória é uma importante doença do tomateiro de mesa nas épocas de chuva, ocorrendo em quase todas as regiões produtoras do Brasil e do mundo. Sob condições de precipitações pluviométricas constantes, comuns no período de verão, a doença torna-se limitante ao cultivo na maioria das regiões produtoras de tomate estaqueado. Nos últimos anos, esta doença também tem se tornado bastante destrutiva para as lavouras de tomate industrial, irrigadas via pivô central, na região Centro-Oeste do país. Nesta situação faz-se necessário, para seu controle, o uso de fungicidas, o que onera os custos de produção. A identificação e, por consequência, o manejo adequado da septoriose têm sido dificultados especialmente no tomate rasteiro devido a ser confundida com outras doenças foliares, principalmente a pinta-preta e a mancha-bacteriana. A septoriose provoca perdas devido à destruição progressiva da folhagem, que reduz a área foliar responsável pela fotossíntese, ocasionando um impacto negativo na produção de frutos e os expõe à queimadura de sol.

Sintomas

Os sintomas iniciais são observados nas folhas mais velhas, geralmente por ocasião da formação do primeiro cacho, através de numerosas manchas circulares e elípticas, de 2mm a 3mm de diâmetro, com as bordas escurecidas e o centro cor de palha em que podem ser visualizadas pontuações escuras correspondentes às frutificações do patógeno (Figura 1). Quando as condições climáticas são muito favoráveis e a cultivar muito suscetível, as lesões podem atingir 5mm ou mais de diâmetro, sendo então mais facilmente confundidas com lesões da pinta-preta (Figura 2). Geralmente, observa-se a presença de um halo amarelo estreito, circundando as lesões. As manchas frequentemente coalescem e provocam crestamento, queima intensa das folhas baixeiras ("queima da saia") e desfolha das plantas (Figura 3 A e B). Ataques severos causam também lesões em hastes, pedúnculo e cálice, sendo que nestes órgãos as lesões são geralmente menores e mais escuras. Frutos raramente são afetados e as lesões de caule e cálice normalmente não apresentam picnídios.

Agente causador e condições favoráveis

A mancha-de-septória do tomateiro é causada pelo fungo Septoria lycopersici. Os esporos são formados dentro de picnídios escuros, que podem ser vistos a olho nu em lesões em estádio mais adiantado. Os esporos são liberados dos picnídios em cirros (massas) hialinos, aglutinados entre si por uma substância mucilaginosa.

As principais fontes de inóculo do patógeno são as sementes, tigueras (plantas voluntárias), restos de cultura, estacas já utilizadas em lavouras anteriores (em tomate estaqueado) e outras espécies de solanáceas como berinjela, jiló e solanáceas invasoras. Em condições de alta umidade, os conídios são liberados dos picnídios. Estes são disseminados por respingos de água, proporcionados principalmente pelas chuvas e pelas irrigações por aspersão. A disseminação na lavoura também pode ser feita por trabalhadores, implementos, insetos e pássaros, movendo-se através das plantas úmidas. Após a germinação do conídio, o fungo penetra na planta através dos estômatos e os sintomas iniciais aparecem em torno de seis dias. As temperaturas ótimas para ocorrência de epidemias da doença estão entre 20ºC e 25oC. Assim, longos períodos de temperaturas amenas, alta umidade relativas, chuvas abundantes ou irrigação por aspersão constituem condições favoráveis para o desenvolvimento da doença. A incidência é mais séria nos cultivos feitos durante o período chuvoso do ano (tomate de mesa), porém, ataques severos têm ocorrido em tomate indústria cultivado no período seco do ano, irrigado via pivô central, principalmente em circunstâncias em que a irrigação e o molhamento foliar sejam exagerados.

Medidas de controle

Apesar da existência de boas fontes no germoplasma de tomate, não existem cultivares ou híbridos comerciais que apresentem bons níveis de resistência.

O principal modo de introdução da septoriose em novos campos/áreas de produção é a transmissão via semente. Desta forma, a sanidade das sementes é um pré-requisito fundamental para evitar o ingresso do patógeno na lavoura. Além disso, cuidados devem ser tomados desde a produção das mudas até a colheita; aplicação preventiva com agroquímicos registrados pelo Ministério da Agricultura (Tabela 1).

Em epidemias ocorrendo em condições de campo, uma das poucas medidas de controle disponíveis tem sido o emprego de fungicidas de contato ou sistêmicos. Esta estratégia, entretanto, pode ser pouco eficiente sob condições altamente favoráveis de temperatura e precipitação ou quando a doença já se encontra instalada em cultivos de híbridos muito suscetíveis.

Outras medidas auxiliares no manejo da doença são: evitar irrigações frequentes, quando for por aspersão, fazer rotação de culturas, destruir os restos culturais logo após a colheita, evitar novos plantios próximos a lavouras mais velhas ou infectadas ou em áreas já infestadas de plantas voluntárias de tomate, fazer adubação balanceada e permitir bom arejamento entre as plantas.

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