Podridão à vista

Controlar a podridão parda em pessegueiro, causada pelo fungo Monilinia fructicola, é fator fundamental para a rentabilidade da lavoura.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

A podridão parda, causada pelo fungo

(Wint.) Honey, ataca diversas espécies frutícolas. Para que haja infecção, há necessidade de temperatura e umidade elevadas, o que normalmente ocorre na primavera e verão.

A doença tem duas fases distintas: a primeira ocorre na primavera e verão, quando ataca flores, ramos e frutos. A segunda desenvolve-se nos frutos que foram atacados e que permanecem nos pomares durante o inverno. Mesmo em frutos parcialmente enterrados a doença continua seu desenvolvimento. Os esporos de fungo, produzidos durante o inverno, reiniciam o ataque, na primavera seguinte.

O controle da doença é feito através de medidas preventivas, profiláticas e erradicativas. Os dois primeiros métodos são mais viáveis, e eficientes, na redução dos riscos com a perda da produção. A prevenção do ataque deve ser iniciada durante o inverno, quando as plantas estão dormentes, com a remoção dos frutos que ficaram nas plantas ou no pomar, enterrando-os longe dali ou queimando-os.

Por ocasião da poda, há necessidade de remover os ramos doentes, tendo-se o cuidado de proteger o local do corte dos ramos mais grossos com pasta bordalesa, para evitar a entrada de outros fungos. Ainda no inverno, o pomar deve ser tratado com calda boldalesa ou produto similar para reduzir o potencial da doença na primavera.

Solução nº 1 (Sulfato de cobre) – Utilizar uma solução de 2 kg de sulfato de cobre, envolto em um saco de tecido de algodão, mergulhado em 50 litros de água até a dissolução total.

Solução nº 2 (Cal apagada) – Dissolver 2,5 kg de cal em 50 litros de água e coar. Com as duas soluções prontas, misturar, aos poucos, a solução nº 2, sempre mexendo a calda, o que resultará em 100 litros de calda bordalesa. A calda bordalesa preparada e não utilizada pode ser guardada por aproximadamente sete dias, em recipientes de madeira, amianto ou cimento. Nunca utilizar recipientes de ferro ou outros metais.

A segunda etapa é a proteção das flores, sendo esta uma fase crítica, pois a produção poderá ser totalmente comprometida, sem que os produtores o percebam. É nesta época que a doença se estabelece na planta, causando problemas na frutificação e para o ciclo seguinte. Isso ocorre porque o fungo ataca as flores, passa para o pedúnculo e ramos, provocando cancros. Nas condições de Pelotas, RS, durante a floração são necessários um ou dois tratamentos em anos de primavera seca e até quatro quando o período é chuvoso e a floração prolongada.

A primeira pulverização deve ser feita no estádio compreendido entre o botão rosado e a plena floração. Na plena floração deve ser feita a segunda aplicação e, na separação das sépalas, a terceira. Se o tempo estiver seco, podem ser feitas apenas dois tratamentos. Não deve ser usado o mesmo produto em todos os tratamentos. É recomendável usá-los alternadamente. Em pomares onde foi constatada tolerância de podridão parda aos benzimidazóis, sua utilização deverá ser evitada.

Para que o tratamento seja eficiente é fundamental que toda a planta seja bem molhada com a solução, evitando-se, entretanto, os desperdícios, molhando-se o tronco ou deixando escorrer a solução para o solo. A pulverização deve ser feita com tempo bom, sem chuvas. Se chover logo após a aplicação, o tratamento deve ser refeito. A proteção de quem aplica não pode ser descuidada. Usar sempre luvas, macacão e máscara. Após a aplicação, os equipamentos e recipientes devem ser bem lavados e o operador deve se banhar. É indispensável que antes de utilizar os produtos, sejam lidas, com atenção, as instruções dos rótulos e observados os cuidados necessários. Se todas estas medidas forem tomadas e houver um controle adequado de insetos, em anos secos, com apenas mais um tratamento na pré-colheita, o produtor terá assegurado bom controle da doença. Os insetos de maneira geral, especialmente mosca-da-fruta, e grafolita, que podem passar despercebidos, provocam danos, suficientes para que a doença se instale. Além disso, agem como vetores, levando esporos de um fruto ao outro, disseminando a doença numa velocidade de progressão geométrica. Observada a mancha provocada pela podridão parda, com certa facilidade consegue-se identificar onde iniciou a infecção. Para tratamentos durante a primavera poderão ser usados, benomil, captan, procimidone, tebuconazole ou triforine, entre outros.

Joel Figueiredo Fortes

Embrapa Clima Temperado

Compartilhar

Mosaic Biosciences Março 2024