Prejuízos causados e alternativas para controlar o tombamento no algodão

Causado por fungo que ataca sementes e plântulas de algodão, o tombamento pode levar à perda de estande e necessidade de replantio nas lavouras. O tratamento de sementes é uma das alternativas para enfrentar esse problema

09.07.2018 | 20:59 (UTC -3)

O tombamento (em muitos casos também a mela) é uma importante doença que ataca o algodoeiro na fase inicial de estabelecimento da cultura. É causada por fungos como Rhizoctonia solani Khun habitantes naturais do solo e que tem distribuição generalizada na cultura do algodão em sucessão à soja, muito comum em áreas de produção de Cerrado. Este fungo ataca sementes e plântulas de algodão e em safras com alta precipitação os sintomas são mais evidentes, levando à perda de estande e necessidade de replantio (GOULART, 2008).

Para o manejo várias práticas são recomendadas. O tratamento de sementes (TS) com fungicidas sistêmicos e protetores, é uma ação indispensável que tem sido adotada pelos produtores apresentando resultado variável de acordo com o produto utilizado e eficiência do tratamento. Além do tratamento de sementes com fungicidas o uso de agentes de controle biológico também é uma alternativa para otimizar o manejo desses fungos de solo e de sementes. Por ser um problema frequente e recorrente, outras formas de aplicação e de produtos tem sido estudadas com o objetivo de garantir melhor estabelecimento da cultura. Um exemplo é a pulverização aérea com fungicidas logo após a emergência bem como o sistema plante e aplique, alternativas que tem sido adotadas para otimizar o manejo do tombamento. Além disso, produtos com ação fisiológica como hormônios e indutores de resistência também vem sendo utilizados como alternativa de manejo.

Atualmente a tendência é de que as sementes já venham tratadas, através do Tratamento de Sementes Industrial (TSI). Porém, uma prática comum que vem sendo adotada pelo produtor é a adição de fungicidas sobretudo do grupo das estrobilurinas ao tratamento de sementes industrial no sentido de otimizar o controle desses fungos. Portanto, o uso de fungicidas, produtos indutores de resistência, fisiológicos e à base de agentes de controle biológico, além de diferentes formas de aplicação, podem ser adotadas para garantir o bom estabelecimento inicial da cultura. Pensando nisso foi realizado um ensaio em Campo Verde, região Sul de Mato Grosso, a fim de testar diferentes produtos e formas de aplicação para tratamento de sementes de algodão. As sementes da cultivar FM 975 WS foram previamente tratadas com o TSI padrão Bayer (2400 mL/100 kg de Cropstar, 600 mL/100 kg de Derosal Plus, 200 mL/100 kg de Baytan e 300 mL/ha de Monceren) (Tabela 1).  O plantio foi feito manualmente em 29/01/2014 com 11 sementes por metro sobre palhada de soja.

 

Tabela 1. Produtos utilizados no tratamento de sementes de algodão para controle de tombamento. Campo Verde – MT, 2014.

TRATAMENTO/DESCRIÇÃO

DOSE E FORMA DE APLICAÇÃO

1. Testemunha sem TS

 

2. TSI padrão Bayer

 

3. TSI Bayer + Priori (TS - Tratamento de Sementes)

200 ml/100 kg de semente

4. TSI Bayer + Soil Set (TS)

1000 mL/ha

5. TSI Bayer + Trichodermil (TS)

20g/ha

6. TSI Bayer + Priori Plante e Aplique

200 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

7. TSI Bayer + Soil Set Plante e Aplique

1000 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

8. TSI Bayer + Soil Set no sulco

1000 mL/ha com volume de 60 L/ha

9. TSI Bayer + Trichodermil no sulco

20 g/ha com volume de 60 L/ha

10. TSI Bayer + Agro Mos após 100% de emergência

2000 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

11. TSI Bayer + Priori após a emergência

200 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

12. TSI Bayer + Soil Set após a emergência

1000 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

13. TSI Bayer + 2 aplicações de Priori (50% e 100% de emergência)

200 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

14. TSI Bayer + 2 aplicações de Soil Set (50% e 100%) de emergência

1000 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

TRATAMENTO/DESCRIÇÃO

DOSE E FORMA DE APLICAÇÃO

1. Testemunha sem TS

 

2. TSI padrão Bayer

 

3. TSI Bayer + Priori (TS - Tratamento de Sementes)

200 ml/100 kg de semente

4. TSI Bayer + Soil Set (TS)

1000 mL/ha

5. TSI Bayer + Trichodermil (TS)

20g/ha

6. TSI Bayer + Priori Plante e Aplique

200 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

7. TSI Bayer + Soil Set Plante e Aplique

1000 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

8. TSI Bayer + Soil Set no sulco

1000 mL/ha com volume de 60 L/ha

9. TSI Bayer + Trichodermil no sulco

20 g/ha com volume de 60 L/ha

10. TSI Bayer + Agro Mos após 100% de emergência

2000 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

11. TSI Bayer + Priori após a emergência

200 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

12. TSI Bayer + Soil Set após a emergência

1000 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

13. TSI Bayer + 2 aplicações de Priori (50% e 100% de emergência)

200 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

14. TSI Bayer + 2 aplicações de Soil Set (50% e 100%) de emergência

1000 mL/ha com volume de calda de 130 L/ha

 

          Quando se observa o resultado de todos os tratamentos, em relação à testemunha, aos sete e quatorze dias após a emergência, verificou-se que o tratamento industrial padrão Bayer, isoladamente, proporcionou um controle eficiente do tombamento indicando que o tratamento de sementes industrial é uma boa alternativa no manejo da doença. A adição de Priori em todas as formas, seja ao TS, após a emergência ou no plante e aplique, também foi eficiente bem como Soil Set no sulco e em TS e Agro Mos após a emergência. Trichodermil em TS junto com o TSI Bayer foi o que apresentou o maior número de plantas por metro, indicando que agentes de controle biológico podem potencializar o manejo de fungos contribuindo também para reduzir a ocorrência de resistência (Tabela 2). Embora tenha havido diferença significativa no número de plantas não ocorreu grandes falhas nas linhas de plantio e as plantas, mesmo em menor número, nos diferentes tratamentos, ficaram bem distribuídas (Figura 1).

Tabela 2. Número de plantas por metro após tratamento de sementes com diferentes produtos e formas de aplicação na cultura do algodão para controle de tombamento. Campo Verde – MT, 2014.

TRATAMENTO

7 DIAS APÓS A EMERGÊNCIA

TRATAMENTO

14 DIAS APÓS A EMERGÊNCIA

1

5,12B

1

5,21B

7

5,87B

7

5,96B

14

6,08B

14

6,21B

9

6,17B

12

6,29B

12

6,46B

9

6,37B

13

6,96A

13

7,04A

11

7,58A

4

7,38A

8

7,58A

8

7,42A

10

7,62A

11

7,62A

4

7,66A

2

7,71A

2

7,71A

3

7,91A

3

8,00A

10

7,91A

6

8,04A

6

8,12A

5

8,37A

5

8,16A

TRATAMENTO

7 DIAS APÓS A EMERGÊNCIA

TRATAMENTO

14 DIAS APÓS A EMERGÊNCIA

1

5,12B

1

5,21B

7

5,87B

7

5,96B

14

6,08B

14

6,21B

9

6,17B

12

6,29B

12

6,46B

9

6,37B

13

6,96A

13

7,04A

11

7,58A

4

7,38A

8

7,58A

8

7,42A

10

7,62A

11

7,62A

4

7,66A

2

7,71A

2

7,71A

3

7,91A

3

8,00A

10

7,91A

6

8,04A

6

8,12A

5

8,37A

5

8,16A

Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott a 5% de probabilidade

 

Embora tenha havido diferença em relação ao número de plantas por metro, ao se analisar a produção, mesmo os tratamentos que apresentaram menor número de plantas obtiveram produtividade maior que aqueles com maior densidade (Tabela 2). Isso ocorre pela capacidade que a planta de algodão tem de compensar e tolerar certas perdas no campo. Por isso é importante verificar não somente a perda de estande mas também a distribuição das plantas na linha. Portanto, cabe ao produtor a tomada de decisão sobre buscar outras alternativas de tratamento e realização de replantio em caso de perda e estande.  

 

Tabela 2. Produção (arroba de algodão em caroço/ha) após diferentes produtos e formas de aplicação utilizados para controle de tombamento. Campo Verde – MT, 2014.

TRATAMENTO

PRODUÇÃO (@ algodão em caroço/ha)

3

377,63B

5

385,65B

4

389,04B

14

391,51B

9

392,59B

13

400,62A

12

403,00A

2

408,80A

8

408,95A

10

409,47A

6

413,43A

1

414,35A

7

419,56A

11

426,66A

TRATAMENTO

PRODUÇÃO (@ algodão em caroço/ha)

3

377,63B

5

385,65B

4

389,04B

14

391,51B

9

392,59B

13

400,62A

12

403,00A

2

408,80A

8

408,95A

10

409,47A

6

413,43A

1

414,35A

7

419,56A

11

426,66A

Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott e Knott a 5% de probabilidade

 O artigo está presente na edição 190 da Cultivar Grandes Culturas. 


 

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