Uvas para exportar

O uso de agroquímicos é indispensável à fruticultura. Porém, para que se possa exportar é necessário monitoramento do limite máximo de resíduos exigido pelos países importadores.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O Brasil apresenta condições ambientais propícias à produção diversificada de frutas e derivados em várias regiões e, em algumas delas, durante vários períodos no ano. As exportações brasileiras de frutas cresceram de US$ 82.991.093,00 em 1991 para US$ 369.181.649,00 em 2000. Apesar desse quadro favorável, o país ainda possui pouca participação no mercado internacional de frutas e hortaliças “in natura”, impostas principalmente por limitações de qualidade de alguns produtos verificadas ao chegar ao seu destino (pouco atrativa em aparência ou expectativas dos consumidores locais) e das barreiras fitossanitárias impostas pelos países importadores.

A utilização de agrotóxicos na fruticultura é indispensável como meio de proteger as culturas das pragas e doenças visando assegurar as produções. Nesse enfoque, ressalta-se que a qualidade do produto final, proveniente da colheita, é de vital importância para exportação, principalmente quando considerado em relação ao Limite Máximo de Resíduo - LMR (expressos em ppm ou miligrama por quilo) aceito pelos países importadores e o período de carência (em dias) desses produtos.

A orientação, o acompanhamento e a utilização do agrotóxico são da maior importância no sentido de serem eficazes e de não causarem a formação de resíduos que ofereçam riscos para os consumidores de alimentos tanto para o mercado interno como dos países importadores. Assim, as Boas Práticas Agrícolas, no contexto da Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle –APPCC, mostram-se aliadas à obtenção de qualidade de frutas no campo, onde os resíduos de agrotóxicos passam a ser monitorados e avaliados para atender às exigências internacionais.

Produção de uvas

A produção de uvas no país está crescendo substancialmente nos últimos 10 anos, atingindo em 2000, o montante de 521.757 toneladas, sendo os principais produtores brasileiros os estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná (Fonte: Ministério da Agricultura). Do montante total produzido, 14.300 toneladas de uvas frescas e secas foram destinadas à exportação nesse mesmo ano referencia.

Na região do Submédio do rio São Francisco a uva fina de mesa tem crescido significativamente. A área plantada com a cultura cresceu no período de 1991 a 1995 de 2.620 para cerca de 4.500 hectares, enquanto que a sua produção cresceu no mesmo período em cerca de 344%, elevando a sua produção de 32 mil toneladas para 110 mil toneladas.

A exportação de uva de mesa nessa região cresceu de 1.050 toneladas, registradas em 1991, para cerca de 12.500 toneladas em 1995. Nos últimos dez anos mais de 65% das exportações de uvas destinaram-se à Comunidade Econômica Européia, enquanto que cerca de 35% ao Mercosul.

A Embrapa Meio Ambiente com seu projeto “Qualidade Ambiental em Fruticultura Irrigada Submédio São Francisco” está apoiando empresas no acompanhamento da cadeia produtiva de uva com métodos de monitoramento ambiental e de auxílio a educação agroambiental de pessoal técnico para acompanhar as práticas agrícolas nas unidades de produção considerando os efeitos potenciais da cadeia produtiva no ambiente. Nesse projeto, o manejo da unidade de produção é realizado sob a ótica de um sistema de gestão ambiental e das boas práticas agrícolas, formulados a partir do diagnóstico ambiental da fruteira. A partir deste, foram propostos os planos de gestão da propriedade, considerados nas atividades de monitoramento, registros e avaliações de seu processo produtivo. Além da reorganização da propriedade, prepara o produtor para a obtenção de certificados ambientais e de produto que favorece a sua inserção em novos “nichos” de mercado, além da geração de empregos e, diretamente, divisas advindas de uma exportação mais incisiva de produtos agropecuários.

GPS

Todas as informações obtidas estão sendo levantadas de forma georeferenciada, com utilização de GPS-Global Positioning System, sondas multiparâmetros e estações edafoclimáticas automatizadas, todos esses subsidiando a implantação de estações de aviso ou de alerta de pragas e doenças da cultura. As estações de aviso geram informações aos produtores sobre a necessidade real de intervenção nas áreas de produção, baseadas em programas de Manejo Integrado de Pragas, contribuindo assim para a utilização correta de agrotóxicos.

Na tabela (

) estão relacionados alguns produtos permitidos para videira em diferentes países, bem com seus respectivos limites máximos de resíduos permitidos.

Nesse contexto, ressalta-se que os grandes mercados consumidores estabelecem limites máximos de resíduos de agrotóxicos, como condição à importação desses produtos, visando a garantia de segurança alimentar e fitossanitárias.

Vera Lúcia Ferracini

Embrapa Meio Ambiente

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