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string(95) "Artur F. de Vito Junior, Agda L. G. Oliveira, Cenneya L. Martins e Lucas Rios do Amaral, Feagri"
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string(110) "Auxílio da agricultura de precisão na aplicação de produtos fitossanitários"
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string(246) "<p>A agricultura de precisão é uma grande aliada na
pulverização de produtos fitossanitários, gerando, além de economia de
produtos, aplicações mais inteligentes e certeiras.</p>"
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string(15263) "<figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/c8b6dbd03219cf76c057cec77dc29631.jpg"></figure><p>O Brasil é um dos países que mais se destacam na
produção agrícola mundial, dispondo de diversas tecnologias, técnicas
inovadoras de manejo e gestão das áreas de cultivo. Atualmente, adentramos na
chamada Agricultura 4.0, na qual o intenso uso de tecnologias e integração de
dados de produção georreferenciados tem tornado o processo produtivo cada vez
mais eficiente.</p>
<p>A Agricultura de
Precisão (AP) é caracterizada como uma forma de gestão que considera a
variabilidade espacial e temporal existente nas lavouras. O uso de manejo
localizado, isto é, considerando as necessidades de cada pequena porção da
lavoura, pode gerar inúmeros benefícios, como redução do impacto ambiental,
incrementos na produtividade e redução de custos de produção. Apesar da gestão
localizada da adubação ser a técnica de AP mais utilizada na prática, o
tratamento fitossanitário é outra área que recebe bastante atenção devido aos
diversos ganhos que pode trazer.</p>
<p>Estima-se que entre 20%
e 40% da produção agrícola mundial seja perdida em decorrência do ataque de
pragas ou doenças. Para o controle de infestações nas áreas de cultivo, a
pulverização é o método mais utilizado, já que é altamente eficiente. </p>
<p>Pulverizar consiste em
aplicar produtos líquidos em forma de gotículas ao máximo uniformes e homogêneas,
permitindo sua melhor distribuição. A pulverização é largamente utilizada na
aplicação de inseticidas, fungicidas, herbicidas ou mesmo de fertilizantes
líquidos. </p>
<p>A aplicação localizada
de insumos pode ser viabilizada de duas formas: (a) por meio de um mapeamento
prévio do atributo de interesse (solos, pragas, doenças) através de diversas
técnicas de levantamento de dados, sendo que, posteriormente, essas informações
de variabilidade são utilizadas para geração dos mapas de prescrições, os quais
são transferidos para os controladores de taxa variável da máquina agrícola
para realização do manejo; (b) através da identificação do atributo em tempo
real com uso de sensores embarcados na própria máquina aplicadora, os quais
identificam, por exemplo, a presença de planta daninha e imediatamente realizam
a aplicação do herbicida no local.</p>
<p>Embora seja comum a
realização da aplicação de produtos fitossanitários de forma uniforme em toda a
lavoura, sabe-se que as infestações não ocorrem com a mesma intensidade ao
longo de toda a área. Nesse sentido, a aplicação localizada ou em taxas
variáveis de produtos fitossanitários pode trazer enorme ganho ambiental e
econômico ao realizar a aplicação na dose e no local que são realmente
necessários. No entanto, a qualidade da aplicação localizada depende da
utilização de equipamentos que possuam algum grau de automação e o ideal é que
dependa o mínimo possível da interferência do operador em campo. O mercado
brasileiro voltado para a pulverização é variado, atendendo a diferentes tipos
de necessidades. Nesse contexto, três das principais formas de variar taxas de
aplicações em pulverização são: função “liga/desliga”, variação no volume da
calda e variação da dose de princípio ativo.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/93544bc0b3e8c2e861f29153d9cf280b.JPG" alt="Uma das possibilidades com o uso de agricultura de precisão é a aplicação de diferentes produtos na mesma passada" title="Uma das possibilidades com o uso de agricultura de precisão é a aplicação de diferentes produtos na mesma passada"><figcaption>Uma das possibilidades com o uso de agricultura de precisão é a aplicação de diferentes produtos na mesma passada</figcaption></figure>
<h2>FUNÇÃO “LIGA/DESLIGA”</h2>
<p>A função “liga/desliga”
permite aplicar o produto somente quando necessário. Basicamente, ao ativar a
função “liga” é realizada a aplicação e ao desativá-la, a aplicação é
interrompida. Essa tecnologia não permite, em suma, variar a taxa de aplicação,
tampouco a concentração do produto aplicado. O mecanismo liga-desliga pode ser
utilizado de duas formas básicas, por meio de sensor em tempo real ou aplicação
baseada em mapa. Quanto à aplicação em tempo real, uma forma do uso é a partir
de sensores de reflectância do dossel, os quais identificam a presença de
plantas daninhas por meio de índices de vegetação como o NDVI, acionando o
mecanismo de aplicação onde há plantas e fechando onde só há palhada ou solo no
campo de visão do sensor.</p>
<p>Outra opção comercial é
por meio dos sensores de fluorescência onde, grosso modo, o sistema trabalha
excitando as moléculas de clorofila, o que permite o discernimento entre o que
é vegetação e o que não é. Já a abordagem baseada em mapa demanda o mapeamento
prévio da praga que se quer controlar (isto é, inseto, doença ou planta
daninha), ficando dependente de levantamentos de campo ou estimativas via
sensoriamento remoto.</p>
<h2>VARIAÇÃO NO VOLUME DA CALDA</h2>
<p>Nesse caso, ocorre a
variação no volume de calda que está sendo aplicado ao longo da lavoura,
conforme a demanda identificada para cada situação. Essa variação pode ser
obtida através do sistema de controle por pulsos, onde uma válvula solenoide
regida por um mecanismo PWM atua em altíssima frequência, reduzindo ou
aumentando a duração do ciclo em que a aplicação está ativa, permitindo a
variação de dose. Na prática, este mecanismo é uma melhoria do mecanismo
liga-desliga, de forma que quanto maior a frequência de abertura das válvulas,
maior o volume aplicado pontualmente, e vice-versa. Esse tipo de tecnologia já
está saindo de fábrica nos pulverizadores mais tecnológicos, uma vez que tal
variação de dose por pulsos (seja bico a bico, seja por seção de barra) garante
a qualidade da aplicação de uma dose fixa ao longo de toda a lavoura, ao mesmo
tempo em que permite a compensação da pulverização em curvas, evitando
aplicação excessiva no extremo da barra do lado de dentro da curva e aumentando
a vazão no extremo da barra do lado de fora da curva, garantindo a manutenção
da dose recomendada.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/e3699c993f70f1a902abed0aae970b33.jpg" alt="O uso da agricultura de precisão na aplicação de defensivos contribuiu significativamente para o aumento da eficiência e diminuição das dosagens aplicadas" title="O uso da agricultura de precisão na aplicação de defensivos contribuiu significativamente para o aumento da eficiência e diminuição das dosagens aplicadas"><figcaption>O uso da agricultura de precisão na aplicação de defensivos contribuiu significativamente para o aumento da eficiência e diminuição das dosagens aplicadas</figcaption></figure>
<h2>VARIAÇÃO DA DOSE DE PRINCÍPIO ATIVO</h2><p><span></span></p>
<p>A variação de dose
trata-se de um mecanismo de injeção direta do produto fitossanitário no sistema
de pulverização do equipamento. Assim, o reservatório principal do pulverizador
armazena apenas água. O produto fica em reservatório separado, se misturando à
água durante seu trajeto até os bicos pulverizadores, conforme a concentração
requerida para atingir determinada dose a ser aplicada. Inclusive, nesse
sistema, é possível possuir mais de um tanque secundário com produtos distintos,
variando o produto aplicado em cada local. Isso diminui o desperdício de
produto químico, já que não há sobra de calda no reservatório do pulverizador,
além de permitir um controle fitossanitário muito mais eficiente, uma vez que
pode-se variar tanto o produto quanto sua dose. Porém, apesar de tal sistema
com reservatórios separados já estar disponível no mercado nacional, ainda
apresenta tempo de resposta limitado para uma variação eficiente e homogênea
das doses aplicadas. </p>
<p>Para o controle de pragas,
doenças e plantas daninhas pode ser utilizada qualquer uma das formas de
variação de aplicação. Isso dependerá da recomendação de uso do fabricante do
produto fitossanitário, de acordo com o seu modo de ação, a cultura e o alvo de
controle. </p>
<p>Para muitas culturas,
muitos produtos possuem apenas uma dose de princípio ativo recomendada, sendo a
decisão basicamente “aplica” ou “não aplica”. Nesse caso, o mecanismo
liga/desliga pode ser suficiente, aplicando uma única dose, mas somente onde
houver realmente a presença da praga. </p>
<p>A variação de dose,
independentemente se por pulsos ou por injeção direta, pode ser utilizada para
produtos fitossanitários que possuem recomendação de um intervalo de dose
conforme situações específicas. Exemplo disso é quando é recomendada a
utilização da menor dose para aplicações preventivas e para casos de baixas
infestações, enquanto doses maiores para infestações mais agudas ou
problemáticas, como pode ocorrer no caso de infestações por plantas daninhas,
pragas e mesmo doenças. Tal funcionalidade também tem atraído para a aplicação
de fitorreguladores e maturadores, sendo as doses ajustadas conforme a
necessidade do produto. </p>
<p>No caso do sistema de
injeção direta, uma funcionalidade específica é que ele permite a mudança do
produto que está sendo aplicado. Uma aplicação em potencial para isso é o
manejo de plantas daninhas resistentes ao glifosato. Esse herbicida dessecante
poderia ser aplicado em área total ou associado à aplicação localizada com o
mecanismo liga/desliga, mas, uma vez identificadas reboleiras de plantas
resistentes, o produto poderia ser trocado automaticamente (se mapeado
previamente) ou então acionado pelo próprio operador, garantindo o controle de
tais reboleiras e evitando a aplicação de um produto mais caro em área total.</p>
<h2>DRONES</h2>
<p>É preciso destacar
também outra tecnologia que está ganhando força: a aplicação de produtos
fitossanitários via drones. Essa tecnologia se mostra interessante
principalmente em pequenas e médias áreas, já que os drones ainda apresentam
restrições quanto ao tempo de voo e à quantidade de calda transportada.
Comercialmente, é possível obter drones com tanques variando de 10L a 16L de
capacidade, e que possuem em média quatro bicos que distribuem a quantidade
necessária de insumos, evitando desperdícios e contaminação de áreas que não
necessitem de pesticidas ou herbicidas. Alguns drones possuem a autonomia de
cobrir dez hectares por hora e podem ser utilizados com diversos outros drones
simultaneamente. As vantagens na utilização de drones para pulverização estão
em terrenos irregulares e de difícil acesso para os pulverizadores de arrasto
ou autopropelidos, assim como em culturas onde a entre linha é muito estreita e
a máquina pode causar danos à cultura. Ainda, em alguns casos a turbulência
gerada pelas hélices do drone faz com que as gotículas de produto químico
liberado pelo drone atinjam as plantas por completo, inclusive abaixo a região
baixeira do dossel, o que pode ser interessante para o combate de alguns tipos
de pragas e doenças. Em contrapartida, a aplicação de produto que demande
recobrimento total da parte superior do dossel pode ser prejudicada. Essa forma
de aplicação está começando a aparecer fortemente no País, mas carece
urgentemente de regulamentação de uso, principalmente por já ser proibida em
alguns países. </p>
<p>Apesar de toda a
tecnologia disponível para a variação da dose pulverizada, os resultados do
manejo dependem da correta utilização das tecnologias de aplicação: adequado
volume pulverizado, escolha correta do tamanho de gotas, pontas de pulverização
adequadas e em bom estado de manutenção, condições climáticas favoráveis à
aplicação dos produtos, dentre outros, sendo, portanto, fundamental o
conhecimento técnico e o treinamento e valorização dos operadores. </p><p><br></p><p>Artur F. de Vito
Junior, Agda L. G.
Oliveira, Cenneya L. Martins
e Lucas Rios do
Amaral, Feagri</p>"
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