object(stdClass)#26 (12) {
["id"]=>
string(3) "594"
["id_rel"]=>
string(3) "633"
["slug"]=>
string(23) "broca-da-cana-de-acucar"
["autor"]=>
string(87) "José Francisco Garcia, Global Cana - Soluções Entomológicas"
["indice"]=>
string(2) "45"
["titulo"]=>
string(37) "Broca da cana-de-açúcar"
["previa"]=>
string(535) "<p>Praga extremamente nociva, com poder para dizimar canaviais, a broca da
cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis, exige muita atenção e planejamento.
Integrar medidas de controle etológico, cultural, biológico e químico, durante
todo o ano, de acordo com as condições climáticas, realizar o monitoramento
adequado e manejar de modo regionalizado estão entre as estratégias
indispensáveis para se obter sucesso contra este inseto.</p>"
["descricao"]=>
string(17895) "<figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/5081fb97959c6bff6c9cac48c0ec264a.JPG"></figure><p>Apesar de todos os prognósticos positivos e como ocorre com as culturas de importância econômica, a cana-de-açúcar é atacada por inúmeras pragas, com destaque para a broca da cana-de-açúcar, <i>Diatraea saccharalis</i>. Trata-se de uma praga extremamente nociva à cana-de-açúcar, capaz de dizimar canaviais inteiros se não tomadas as devidas medidas de controle.</p>
<p>O aumento da infestação da praga nos canaviais está ligado a fatores climáticos, grandes áreas de expansão, plantio de variedades suscetíveis, aumento das áreas fertirrigadas e principalmente pela negligência aos detalhes que compõem o Manejo Integrado desta praga.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/4cf1055aedd6a3cf4d96b0cf9f144ef9.JPG" alt="Lagartas após a primeira ecdise, penetram pela parte mais mole do colmo e, perfurando-o, abrem galerias de baixo para cima" title="Lagartas após a primeira ecdise, penetram pela parte mais mole do colmo e, perfurando-o, abrem galerias de baixo para cima"><figcaption>Lagartas após a primeira ecdise, penetram pela parte mais mole do colmo e, perfurando-o, abrem galerias de baixo para cima</figcaption></figure><p>
</p>
<h2>Descrição e biologia
</h2>
<p>O ciclo biológico completo, de ovo a adulto, da broca da cana-de-açúcar <i>D. saccharalis</i> dura em torno de dois meses, existindo até seis gerações anuais, dependendo das condições climáticas.
</p>
<p>As fêmeas ovipositam nas folhas, de preferência na face dorsal. Cada postura pode conter de cinco a 50 ovos, agrupados de forma semelhante a escamas de peixes. A fecundidade média desta espécie é de aproximadamente 400 ovos. Inicialmente, os ovos são amarelos, com o desenvolvimento embrionário ficam alaranjados e, posteriormente, é visível a cápsula cefálica da lagarta ainda no interior do ovo. Seis dias após a postura, se os ovos estiverem fecundos, ocorre a eclosão das lagartas).
</p>
<p>As lagartas recém-eclodidas são de cor branca, tornando-se de coloração creme com o desenvolvimento, apresentando algumas manchas escuras espalhadas pelo corpo. Alimentam-se, no início, do parênquima foliar, no interior da bainha da folha; após a primeira ecdise, penetram pela parte mais mole do colmo e, perfurando-o, abrem galerias de baixo para cima. Essas galerias podem ser de duas formas: longitudinais, na maioria dos casos, e, às vezes, transversais. Passam por seis instares, durante um período médio de 28 dias, dependendo das condições climáticas. A lagarta prestes a se transformar em pupa cessa a alimentação, limpa e amplia a galeria onde se desenvolveu, abre um orifício para o exterior, fecha-o com fios de seda e serragem e transforma-se em crisálida. É de coloração castanha e tem a duração de oito dias, variando o tempo de acordo com as condições climáticas. Mede aproximadamente de 16mm a 20mm de comprimento.
</p>
<p>Os adultos de <i>D. saccharalis</i> são amarelo-palha, com pontuações escuras nas asas anteriores, as asas posteriores são esbranquiçadas, medem aproximadamente 25mm de envergadura. Apresentam longevidade aproximada de oito dias, possuem hábito noturno e ficam escondidos durante o dia. A oviposição ocorre principalmente no início do anoitecer.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/07d832dc991902f9b604484742fcd556.JPG" alt="Prestes a se tornar pupa o inseto mede aproximadamente de 16mm a 20 mm de comprimento" title="Prestes a se tornar pupa o inseto mede aproximadamente de 16mm a 20 mm de comprimento"><figcaption>Prestes a se tornar pupa o inseto mede aproximadamente de 16mm a 20 mm de comprimento</figcaption></figure><p>
</p>
<h2>Flutuação populacional</h2>
<p>Em geral, o ciclo de <i>D. saccharalis </i>inicia-se em setembro-outubro, normalmente, após a emergência de adultos provenientes da geração de inverno na região. Esses adultos, geralmente, procuram canas novas para efetuar suas posturas. A segunda geração verifica-se entre dezembro e fevereiro; a terceira entre fevereiro e abril, e em maio e junho se inicia a quarta geração, que pode se prolongar por alguns meses.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/91bc4f752e01469adefebf7855587964.JPG" alt="Adultos de D. saccharalis são amarelo-palha, com pontuações escuras nas asas anteriores e as asas posteriores são esbranquiçadas" title="Adultos de D. saccharalis são amarelo-palha, com pontuações escuras nas asas anteriores e as asas posteriores são esbranquiçadas"><figcaption>Adultos de D. saccharalis são amarelo-palha, com pontuações escuras nas asas anteriores e as asas posteriores são esbranquiçadas</figcaption></figure><p>
</p>
<h2>Prejuízos
</h2>
<p>As lagartas causam prejuízos diretos, pela abertura de galerias, ocasionam perda de peso da cana e que podem levar a planta à morte, “coração morto”, especialmente em canas novas. Quando fazem galerias circulares (transversais), seccionam o colmo, provocando sua quebra pela ação de ventos. Enraizamento aéreo e brotações laterais também ocorrem devido ao seu ataque.
</p>
<p>Os prejuízos indiretos são consideráveis, uma vez que, através de orifícios e galerias, penetram fungos que causam a podridão-vermelha do colmo, podendo abranger toda a região compreendida entre as diversas galerias. Os fungos causadores da podridão-vermelha, <i>Colletotrichum falcatum</i> e <i>Fusarium subglutinans</i>, invertem a sacarose, diminuindo a pureza do caldo e o rendimento industrial no processo de produção de açúcar e/ou álcool. No caso da cana destinada apenas à produção de álcool, os micro-organismos que contaminam o caldo concorrem com as leveduras no processo de fermentação alcoólica, diminuindo o rendimento.
</p>
<p>Para cada 1% do Índice de Intensidade de Infestação Final ocasionado pela praga (número de entrenós atacados pelo complexo broca/podridão-vermelha), ocorrem prejuízos de 1,14% na produção de cana (TCH) e mais 0,42% na produção de açúcar ou 0,25% na produção de álcool. </p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/13fe830d33c99fa66d545251c254e642.JPG" alt="Através de orifícios e galerias penetram fungos que causam a podridão vermelha do colmo" title="Através de orifícios e galerias penetram fungos que causam a podridão vermelha do colmo"><figcaption>Através de orifícios e galerias penetram fungos que causam a podridão vermelha do colmo</figcaption></figure><h2>Amostragem via armadilha</h2>
<p>Atualmente, armadilha à base de feromônio, através da utilização de fêmeas virgens, tem sido a base em programas de detecção, monitoramento populacional e controle de <i>D. saccharalis</i> em todas as regiões produtoras de cana-de-açúcar.
</p>
<p>Quando se faz opção pelo uso dessa ferramenta, é fundamental conhecer os aspectos bioecológicos e comportamentais desta praga, pois, assim, será possível interpretar adequadamente as informações oriundas das avaliações, além de determinar como a população está distribuída na área.
</p>
<p>De acordo com o hábito de oviposição de <i>D. saccharalis</i>, estas armadilhas deverão ser instaladas na região do dossel, dessa forma, estas acompanham a altura da planta ao longo do seu desenvolvimento. Através da junção das folhas das plantas paralelas, e posterior amarração, essa armadilha fica então posicionada na entre linha da cultura. Sabendo que 74% dos adultos voam 200 metros de raio, o que perfaz uma área de 12,5 hectares, recomenda-se dimensionar uma armadilha para até 50 hectares.
</p>
<p>O "atrativo sexual" é composto por três fêmeas virgens e mais três pupas fêmeas do mesmo lote, perfazendo assim um total de seis formas biológicas, as quais serão aprisionadas em gaiola tipo "bob" e este acondicionado dentro da armadilha.
</p>
<p>Em campo, no momento da instalação, a organização das armadilhas através de identificação nominal é fundamental, bem como a sua localização geográfica. Este planejamento é a base para o alto rendimento operacional que esta operação exige, bem como necessária para o mapeamento das informações coletadas. Essas armadilhas devem ser instaladas dentro da área a ser amostrada, na bordadura dos carreadores.
</p>
<p>A leitura das armadilhas deve ser realizada três noites após a sua instalação, anotando-se o número de machos capturados em cada armadilha. O nível de controle determinado para esta praga é de ³ seis machos/armadilha em 30% do total de armadilhas.
</p>
<p>A frequência amostral na época úmida é quinzenal, posicionando assim o controle químico e biológico (<i>Cotesia flavipes</i>). Na época seca, o monitoramento é mensal, posicionando apenas o controle biológico através da liberação de <i>C. flavipes</i>.
</p>
<p>Durante o período úmido utilizam-se os dois métodos de controle - químico e biológico (<i>C. flavipes</i>) - sendo que o controle químico deverá ser realizado seis dias após a constatação do nível de controle, e 14 dias após esta pulverização, liberam-se quatro copos de 1.500 vespas de <i>C. flavipes</i> por hectare. Fora desse período, para o mesmo nível de controle, liberam-se apenas quatro copos de 1.500 vespas de <i>C. flavipes</i> por hectare após 20 dias da avaliação destas armadilhas, tomando-se como base a mesma porcentagem (30% do total de armadilhas).</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/a3c70fa4cbb8bd590acc9d70bbf6928a.JPG" alt="Armadilha à base de feromônio para a amostragem da praga" title="Armadilha à base de feromônio para a amostragem da praga"><figcaption>Armadilha à base de feromônio para a amostragem da praga</figcaption></figure><p>
</p>
<h2>Métodos de controle
</h2>
<p>A estratégia de controle deve levar em conta a fenologia da planta, as variedades mais suscetíveis ao ataque, os viveiros, as áreas irrigadas e principalmente o potencial produtivo, para o futuro planejamento da tomada de decisão.</p>
<h2>Controle cultural
</h2>
<p>No Manejo Integrado desta praga, o plantio de variedades resistentes, o corte da cana sem desponte, a moagem rápida, a eliminação de plantas hospedeiras das proximidades do canavial, principalmente milho, milheto e sorgo, após suas colheitas, são medidas eficazes para diminuir a população da praga.</p>
<h2>Controle biológico
</h2>
<p>Existem diversos inimigos naturais capazes de controlar a praga.</p>
<h2>Predadores
</h2>
<p> São responsáveis - naturalmente - por eliminar uma expressiva parcela, principalmente, de ovos e de lagartas recém-eclodidas. As formigas, pertencentes a gêneros como <i>Solenopsis</i> sp.,<i> Pheidole </i>sp., <i>Camponotus </i>sp., entre outras, formam o principal contingente, sendo complementado por coleópteros, neurópteros e dermápteros. Em alguns locais, mais de 90% da população inicial da praga é controlada por esse complexo de inimigos naturais.</p>
<h2>Parasitoide de lagartas
</h2>
<p>A vespinha <i>C. flavipes</i> foi introduzida no Brasil em 1974 e vem se destacando em diversos locais como extremamente eficiente no controle de <i>D. saccharalis</i>. Apresenta vantagens pela facilidade de multiplicação em laboratório em relação às moscas Lydella minense e Paratheresia claripalpis que foram utilizadas anteriormente.</p>
<h2>Controle químico
</h2>
<p> Este método de controle deve ser visto como ferramenta prioritária a ser utilizada em situações que exigem resposta rápida e eficiente de controle, sob o risco de, não o tendo, agravar sobremaneira os prejuízos. Essa ferramenta deve ser analisada com muito critério, principalmente as características de cada molécula química e seu potencial de controle.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/8ad29d741f37e838bb66e2baca748d58.jpg" alt="A vespinha C. flavipes vem se destacando no controle de D. saccharalis" title="A vespinha C. flavipes vem se destacando no controle de D. saccharalis"><figcaption>A vespinha C. flavipes vem se destacando no controle de D. saccharalis</figcaption></figure>
<h2>Índice de Intensidade de Infestação Final</h2><p>A amostragem do Índice de Intensidade de Infestação Final (I.I.I. Final) é realizada coletando-se colmos de cana-de-açúcar no momento da colheita. Em campo, deve-se amostrar quatro pontos, ao acaso, sendo estes representados por cinco colmos cada, tomados aleatoriamente, totalizando 20 colmos avaliados. Para o cálculo da I.I.I. Final abre-se longitudinalmente cada um dos colmos coletados, contando-se o número de entrenós e aqueles que se encontram lesionados pelo complexo broca/podridão-vermelha. Os dados obtidos são aplicados à fórmula:</p>
<figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/8a8e059f3cd55656941b49cc4ea4c3f6.jpg"></figure><p>Determinado o Índice de Intensidade de Infestação Final, têm-se diferentes graus de infestação, Aceitável (≤ 1,0); Baixo (1,1 a 3,0); Médio (3,1 a 6,0); Alto (6,1 a 9,0) e inaceitável (³ 9,1), sendo esses valores expressos em porcentagem.<br></p>
<h2>Considerações finais
</h2>
<p>Uma vez que <i>D. saccharalis</i> é um inseto-praga capaz de causar enormes prejuízos à cultura da cana-de-açúcar, é preciso realizar um planejamento de manejo que integre diversas medidas de controle, como o etológico, o cultural, o biológico e o químico. Todas estas medidas de controle devem ser efetuadas durante todo o ano, de acordo com as condições climáticas adequadas a cada uma delas. A utilização de armadilhas com feromônio é uma ferramenta imprescindível na tomada de decisão, especialmente para a realização dos controles químico e biológico e, consequentemente, na redução dos danos causados por essa praga. Também é importante ressaltar que o manejo para o controle desta praga deve ser regionalizado e não pontual, exigindo ação conjunta de todos. O manejo coletivo é o ponto fundamental para o sucesso no combate a <i>D. saccharalis</i>.
</p>
<p>
</p>
<p>José Francisco Garcia, Global Cana - Soluções Entomológicas</p>"
["imagem"]=>
string(36) "aec13d08ff4afaa068e774c2440b2e70.JPG"
["data_ano"]=>
string(4) "2020"
["data_mes"]=>
string(2) "12"
["revista"]=>
string(1) "1"
}
Praga extremamente nociva, com poder para dizimar canaviais, a broca da
cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis, exige muita atenção e planejamento.
Integrar medidas de controle etológico, cultural, biológico e químico, durante
todo o ano, de acordo com as condições climáticas, realizar o monitoramento
adequado e manejar de modo regionalizado estão entre as estratégias
indispensáveis para se obter sucesso contra este inseto.