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string(75) "Pedro Jacob Christoffoleti, Esalq/USP, Agrocon Assessoria Agronômica "
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string(31) "Como evitar o efeito carryover "
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string(545) "<p>A previsão de
carryover, que consiste no potencial de dano à cultura em sucessão causado pelo
efeito residual do herbicida aplicado no primeiro cultivo do ano agrícola, é
importante para que o potencial produtivo da cultura não seja afetado. A
recomendação de herbicida deve estar pautada não somente na eficácia de uso no
cultivo em que é recomendada, mas também no potencial de risco para culturas
que virão na sequência. </p>"
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string(11916) "<figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/ba7bac95a466e0f7ba597ce2b425fd12.JPG"></figure><p>A diversidade dos sistemas
de produção na agricultura brasileira permite que mais de um cultivo possa ser
praticado em um ano agrícola. No entanto, esta diversidade gera complexidade
nas recomendações de herbicidas, pois há situações em que o efeito residual do
produto aplicado no primeiro cultivo do ano agrícola pode proporcionar injúrias
na cultura em sucessão, fenômeno na prática chamado de carryover. Da mesma
forma, o herbicida aplicado no segundo cultivo pode resultar em carryover sobre
o primeiro cultivo do próximo ano agrícola. Assim, é importante que no
planejamento de recomendação seja considerado este fenômeno para a escolha
segura do herbicida, sem colocar a produtividade das culturas em risco de
redução da produtividade devido à fitotoxicidade do carryover.</p>
<p>No caso específico da
sucessão de cultivos de soja e milho/algodão/feijão, extensivamente adotada no
Brasil, o uso massivo do cultivo de variedades de soja e/ou milho e/ou algodão
resistentes ao glifosato resultou em uma grande transformação no sistema de
manejo de plantas daninhas, principalmente nos aspectos de maior seletividade
para a cultura, e ausência de carryover. No entanto, a seleção de populações de
plantas daninhas resistentes ao glifosato e a recomendação de prevenção e
manejo desta resistência, pautada na diversidade de recomendação de mecanismos
de ação de herbicidas, têm requerido defensivos residuais, ou mesmo
pós-emergentes, com potencial de carryover para a cultura em sucessão.</p>
<p> Neste sistema, como em qualquer outro
discutido aqui neste artigo, o destino final do herbicida é o solo. Assim, a
degradação deste herbicida é, principalmente, dependente da oferta de água
neste solo, que serve de meio de sobrevivência e multiplicação dos
micro-organismos decompositores do herbicida. Além da água no solo, podem
interferir no efeito carryover de um herbicida a textura do solo, o teor de
matéria orgânica, o pH do solo, a temperatura do solo após a aplicação do
produto e a dose do herbicida. Assim, apesar de nesta publicação serem
atribuídos tempos cronológicos para que possa ser semeado um cultivo sem efeito
carryover, é importante destacar que pode haver variações deste tempo, em
função dos fatores já mencionados.</p>
<p>Dentre os herbicidas
inibidores da ALS utilizados na cultura da soja, que apresentam potencial de
carryover em culturas em sucessão, está o imazethapyr, que em doses
recomendadas de bula, necessita de pelo menos 90 dias de intervalo para a
semeadura do milho; 120 dias para o trigo, e 90 dias para a cultura de feijão.
Já para o diclosulan há necessidade de 90 dias de intervalo entre a dose
recomendada e a semeadura das culturas de milho, trigo e feijão. O metsulfuron,
que tem sido usado no período invernal, antes da semeadura de soja,
principalmente para o controle da buva, também necessita de um período mínimo
60-70 dias para a semeadura da soja, ressaltando que deve ser considerado que neste
período deve haver pelo menos 100mm de chuva, bem distribuída, para degradação
do herbicida.</p>
<p>Apesar
do uso pouco comum do herbicida imazaquin na cultura de soja, na atualidade é
importante considerar que este herbicida, na dose de bula, exige pelo menos 300
dias para o cultivo de milho na área, 120 dias para trigo e 90 dias para
feijão. Já para o chlorimuron, 60 dias são suficientes para o cultivo de milho,
trigo e feijão. Porém, é importante considerar que em solos com pH mais elevado
o período de carryover pode aumentar. Também é importante considerar o uso do
iodosulfuron na cultura de trigo, que necessita de um período mínimo de 90 dias
para a semeadura de milho, trigo e feijão.</p>
<p>Na cultura de algodão,
apesar de que nos últimos anos seu uso tem reduzido bastante, os herbicidas
inibidores da ALS trifloxisulfuron e pirithiobac podem resultar em carryover na
cultura do milho. Para estes herbicidas é necessário um período de pelo menos
120 dias de intervalo entre a sua aplicação e o plantio da cultura de milho,
principalmente nos sistemas de produção irrigados, em que a cultura de milho é
plantada no inverno na região do Cerrado.</p>
<p>O herbicida sulfentrazone,
nas doses de bula para a cultura da soja, destaca-se entre os herbicidas
inibidores da Protox que necessitam de, no mínimo, 90 dias entre a aplicação e
a semeadura das culturas de milho, trigo e feijão e 300 dias para o algodão. Da
mesma forma o fomesafen, eventualmente utilizado como residual na cultura de
algodão, e pós-emergente na cultura de soja, que em dose de bula exige no
mínimo 150 dias entre sua aplicação e a semeadura do milho.</p>
<p>Na cultura do milho é comum
a aplicação de herbicidas inibidores da biossíntese de carotenos, como
mesotrione e tembotrione, para controle de plantas daninhas em pós-emergência,
geralmente associados com atrazina. No entanto, é importante observar que estes
herbicidas, em dose de bula, exigem um período mínimo de 90 dias para o
mesotrione e 65 dias para o tembotrione e semeadura de trigo e feijão em
sucessão, principalmente para produtores que fazem o cultivo irrigado destas
culturas no inverno. Ainda dentro deste mecanismo de ação existe o herbicida
clomazone, recomendado para a cultura de soja, que exige, no mínimo, 150 dias
de intervalo para a semeadura das culturas de milho, trigo e feijão.</p>
<p>O uso de herbicidas
inibidores do fotossistema II, principalmente as triazinas, a atrazina, e as
ureias substituídas, diuron, pode gerar, em algumas situações, efeito de
carryover em culturas em sucessão. Nas doses de bula, para a atrazina aplicada
na cultura de milho, o período é de 90 dias, entre a aplicação e a semeadura de
milho, trigo e feijão. No entanto, tem sido uma prática habitual, entre os
produtos com problemas de buva resistente ao glifosato, aumentar a dose de
atrazina ou mesmo fazer aplicações sequenciais, o que pode aumentar o risco de
carryover. No caso específico do diuron, destaca-se seu uso na cultura de
algodão como residual, em pré-emergência ou em jato dirigido, pois exige no
mínimo 120 dias para o cultivo de milho, trigo e feijão.</p>
<p>Um sistema de produção que
tem aumentado bastante, principalmente no estado de São Paulo, é a rotação da
soja na reforma da cultura da cana-de-açúcar, quer no sistema normal de rotação
ou no sistema chamado de meiosi (método intercalar de cultivo ocorrendo
simultaneamente). Neste caso, alguns herbicidas aplicados na última soqueira de
cana podem exercer efeito de carryover sobre a cultura da soja. Destacam-se os
herbicidas tebuthiuron, picloran e indaziflan, recomendados para a cultura da
cana, mas que exigem um período mínimo de 24 meses para a semeadura da soja.
Também existe o herbicida amicarbazone, que em doses abaixo de 1kg/ha exige 12
meses de intervalo, porém em doses maiores demanda também 24 meses de intervalo
para a semeadura da soja. Outros herbicidas que exigem 12 meses de intervalo e
que são usados na cultura da cana são hexazinona, imazapic e imazapyr, quando
aplicados nas doses de bula.</p>
<p>É comum também a expansão da
cultura de soja e milho em áreas de pastagens, principalmente no Norte do
Brasil. Assim, é importante conhecer o histórico das áreas, pois existem
herbicidas de pastagens que exigem dois anos de intervalo entre a aplicação e a
semeadura da soja. É o caso do herbicida picloran, presente em muitas
formulações de herbicidas utilizados em pastagens. Eventualmente em pastagens
pode ser empregado o tebuthiuron, que exige pelo menos dois anos de intervalo
também.</p>
<p>Em
situações onde não se conhece o histórico da área em relação aos herbicidas
utilizados em anos anteriores, e suspeita-se de carryover na área, sendo
intenção de plantio de uma cultura de grão, recomenda-se fazer um bioensaio.
Para isso, basta simular no campo o que pode ocorrer com a lavoura em sucessão,
utilizando a variedade que vai ser plantada e/ou culturas indicadoras. Assim, é
semeada na área com suspeita de problema, uma quantidade definida e conhecida
de sementes do próximo cultivo, que se pretende plantar, juntamente com uma
cultura indicadora, alguns dias antes da colheita da cultura anterior. Na falta
de umidade para germinar, recomenda-se irrigar a parcela e, também, plantar em
um talhão vizinho, que não recebeu a aplicação do herbicida, servindo de
testemunha. É importante que esse solo vizinho tenha características físicas e
químicas semelhantes.</p>
<p>Planejamento é fundamental
para o sucesso na agricultura. Assim, previsão de carryover é muito importante
para que o potencial produtivo da cultura não seja afetado. A recomendação de
herbicida deve estar pautada não somente na eficácia de uso no cultivo em que é
recomendado, mas também no potencial de risco para culturas em sucessão.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/5550e5900f7dada4419d10fe34a4e293.jpg" alt="Carryover sulfentrazone em planta de milho. " title="Carryover sulfentrazone em planta de milho. "><figcaption>Carryover sulfentrazone em planta de milho. </figcaption></figure><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/32809187cd7acb74180924116c8b0e84.jpg" alt="Carryover de amicarbazone em soja. " title="Carryover de amicarbazone em soja. "><figcaption>Carryover de amicarbazone em soja. </figcaption></figure><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/9facf30cdc1a340cf166636029d10024.jpg" alt="Christoffoleti alestar para potenciais riscos de determinados herbicidas para culturas subsequentes." title="Christoffoleti alestar para potenciais riscos de determinados herbicidas para culturas subsequentes."><figcaption>Christoffoleti alestar para potenciais riscos de determinados herbicidas para culturas subsequentes.</figcaption></figure><p>Pedro Jacob
Christoffoleti, Esalq/USP, Agrocon Assessoria
Agronômica </p>"
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A previsão de
carryover, que consiste no potencial de dano à cultura em sucessão causado pelo
efeito residual do herbicida aplicado no primeiro cultivo do ano agrícola, é
importante para que o potencial produtivo da cultura não seja afetado. A
recomendação de herbicida deve estar pautada não somente na eficácia de uso no
cultivo em que é recomendada, mas também no potencial de risco para culturas
que virão na sequência.