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string(74) "cuidados-necessarios-na-hora-de-utilizar-e-misturar-graxas-e-lubrificantes"
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string(33) "Marcos Lobo, Qu4ttuor Consultoria"
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string(82) "Cuidados necessários na hora de utilizar e misturar graxas e lubrificantes "
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string(293) "<p>A mistura de óleos lubrificantes e
graxas de diferentes composições, viscosidades e origens pode causar sérios
problemas em sistemas hidráulicos, engrenagens ou qualquer outro tipo de
componente que necessite de lubrificação.</p>"
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string(19423) "<figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/ce42e82b0b6adeea9bae8b8902ffa033.jpg"></figure><p>Um dos conceitos que
resistem ao tempo é a de que óleos e graxas lubrificantes podem ser misturados
sem as devidas considerações técnicas. Se esta forma de pensar é a da empresa
em que você trabalha em função de problemas de ordem financeira ou visando à redução
imediata de custos com a manutenção, pode-se ter graves e custosos problemas
com indisponibilidade de equipamentos e sérios danos mecânicos em maquinários
móveis ou industriais ao se adotar tal forma de pensar.</p>
<p>Entre os profissionais da
área de manutenção mecânica é de amplo conhecimento que a mistura de óleos e
graxas lubrificantes de diferentes composições ou de diferentes fornecedores
sem o devido conhecimento das composições dos produtos a serem misturados, sem
testes laboratoriais de compatibilidade e sem o devido planejamento técnico, em
princípio, não é uma boa ideia.</p>
<p>Neste artigo serão
abordadas algumas consequências resultantes da mistura de óleos lubrificantes
em distintas situações. </p>
<h2>ALTERAÇÃO DA VISCOSIDADE CINEMÁTICA</h2>
<p>A mistura de óleos lubrificantes
de mesma aplicação e de diferentes viscosidades cinemáticas terá impacto
imediato na característica do óleo lubrificante que está em serviço no
maquinário e a viscosidade cinemática resultante dependerá dos fluidos
misturados e da proporção da mistura.</p>
<p>Ou seja, ao se misturar
produtos de diferentes viscosidades cinemáticas, ainda que de mesma aplicação,
será alterado todo o produto resultante e corre-se o risco de haver alteração
na condição de operação do maquinário, como elevação de temperatura de serviço,
desgaste por ruptura de película lubrificante que separa superfícies metálicas
em movimento relativo etc.</p>
<p>A viscosidade cinemática
do óleo lubrificante que será aplicado em determinado equipamento é determinada
por estudos tribológicos com vistas a determinar a espessura do filme de óleo
lubrificante para aquela aplicação específica. O filme de óleo lubrificante
proverá a separação, por exemplo, entre os elementos rolantes e os anéis
interno e externo em mancais de rolamento, sendo fatores importantes que afetam
a espessura da película de óleo lubrificante a rotação do elemento de máquina,
a carga imposta ao eixo e a viscosidade cinemática do fluido lubrificante.</p>
<p>Se a viscosidade
cinemática do fluido lubrificante após a mistura for excessivamente baixa, o
resultante filme de óleo lubrificante não terá espessura suficiente para prover
a adequada separação das superfícies metálicas em movimento relativo. Por
exemplo, entre elementos rolantes e pistas dos anéis externos e internos em
mancais de rolamento ou entre os colos da árvore de manivelas e os mancais de
deslizamento em motores de combustão interna Ciclo Otto/Ciclo Diesel 4T.</p>
<p>Caso o óleo lubrificante
não tenha viscosidade cinemática para formar película de óleo lubrificante com
espessura do filme de óleo lubrificante suficiente, o desgaste terá início até
que venha a culminar com falha catastrófica. E se a viscosidade cinemática do
fluido lubrificante após a mistura for excessivamente elevada para a aplicação?
Neste caso, teríamos maior consumo de energia elétrica ou de combustível,
elevação da temperatura de serviço, geração de calor e, até mesmo, desgaste
acelerado dos componentes móveis em função do óleo lubrificante não penetrar
nas folgas dinâmicas dos elementos de máquina e promover a devida separação das
superfícies metálicas em movimento relativo.</p>
<p>Podemos assemelhar a
operação do maquinário quando do aumento não avaliado ou imprevisto da
viscosidade cinemática do fluido lubrificante a se mover circularmente uma
colher em um copo com água e em um copo com mel. O esforço mecânico e o
dispêndio de energia serão bem maiores no copo com mel, tendo em vista a
viscosidade cinemática do mel ser bastante superior à da água.</p>
<p>O uso de óleos
lubrificantes com viscosidade cinemática excessivamente superior em relação à
recomendada pelo OEM poderá elevar a temperatura de serviço do maquinário e,
com isto, acelerar o seu processo de oxidação com a consequente formação de
borras, verniz e lacas, que interferirão na operação de equipamentos móveis e
industriais em face do funcionamento deficiente de servo-válvulas, válvulas
proporcionais etc. Estes problemas poderão levar, até mesmo, a avarias
catastróficas em função da obstrução de filtros de óleo lubrificante.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/efde76126763b346063e6df342e0a908.jpg" alt="A mistura de óleos e graxas lubrificantes deve ser alvo de critérios e motivos bem definidos" title="A mistura de óleos e graxas lubrificantes deve ser alvo de critérios e motivos bem definidos"><figcaption>A mistura de óleos e graxas lubrificantes deve ser alvo de critérios e motivos bem definidos</figcaption></figure>
<figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/646a3bac45e81e6d904f54bf4d9c97f8.jpg" alt="A mudança da Viscosidade Cinemática do fluido em serviço pode ter consequências variadas" title="A mudança da Viscosidade Cinemática do fluido em serviço pode ter consequências variadas"><figcaption>A mudança da Viscosidade Cinemática do fluido em serviço pode ter consequências variadas</figcaption></figure><h2>LUBRIFICANTES COM ADITIVAÇÃO EP PARA ENGRENAGENS</h2>
<p>Os óleos e as graxas
lubrificantes são formulados de maneira customizada, com propriedades
específicas para o atendimento aos níveis de desempenho demandados pelos OEMs
de equipamentos móveis ou industriais. Como exemplo, podemos citar o uso de
aditivação sulfo-fosforosa (P e S) de Extrema-Pressão (EP) na lubrificação de
caixas de engrenagens.</p>
<p>A aditivação
sulfo-fosforosa de Extrema-Pressão (EP) tem sido amplamente utilizada em caixas
de engrenagens de dentes retos, dentes helicoidais, dentes bi-helicoidais,
dentes cônicos, engrenagens hipoidais etc.</p>
<p>A configuração de
engrenamento em que se recomenda um maior estudo quando do uso da aditivação de
Extrema-Pressão (EP) é a que utiliza de parafuso sem-fim e coroa. Nestes casos,
em função do elevado atrito de deslizamento e pelo fato de, geralmente, a coroa
ser usinada em bronze ou algum outro tipo de metal amarelo macio, tem-se
verificado que óleos compostos têm apresentado melhor desempenho e
proporcionado maior vida útil ao conjunto em serviço.</p>
<p>Como a extensão do
contato entre os dentes do parafuso sem-fim e da coroa é longa, gera-se muito
mais calor e pressão que o necessário para ativar a aditivação EP existente no
óleo lubrificante. Em função disso, há certo risco que a aditivação EP, caso
leve em sua composição enxofre (S) ativo, ao invés de formar um composto
saponáceo dúctil, não corrosivo e que sirva como proteção adicional ao desgaste
por microssoldagem, venha a causar desgaste corrosivo ao metal amarelo macio da
coroa de bronze.</p>
<p>Da mesma forma, o uso de
óleos lubrificantes com aditivação EP em mancais de deslizamento confeccionados
de metal amarelo (exemplo: bronze) deverá ser realizado após estudos minuciosos
em vista das situações adversas, anteriormente citadas para conjunto de
engrenamento com coroas de metal amarelo, que possam vir a ocorrer.</p>
<p>Em função da complexidade
que envolve o assunto, é redundante mencionar que a mistura de óleos
lubrificantes com aditivação EP de diferentes origens deve ser alvo de prévias
considerações técnicas. Caso haja necessidade de ser realizada a mistura de
óleos lubrificantes para engrenagens de diferentes fornecedores, recomenda-se
efetuar algum tipo de teste de compatibilidade entre os produtos a serem
misturados em face dos potenciais danos aos maquinários que possam advir da
mistura aleatória desses produtos.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/b1a674fffe7f211794a80260400bddc1.jpg" alt="Falha em mancal de rolamento por deficiência de lubrificação" title="Falha em mancal de rolamento por deficiência de lubrificação"><figcaption>Falha em mancal de rolamento por deficiência de lubrificação</figcaption></figure><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/63ec39f3afcb6b8cb788193f6499d8a0.jpg" alt="A espessura do filme de óleo lubrificante deve ser robusta o suficiente para separar as superfícies metálicas em movimento relativo" title="A espessura do filme de óleo lubrificante deve ser robusta o suficiente para separar as superfícies metálicas em movimento relativo"><figcaption>A espessura do filme de óleo lubrificante deve ser robusta o suficiente para separar as superfícies metálicas em movimento relativo</figcaption></figure>
<h2>LUBRIFICANTES COM ADITIVAÇÃO ANTIDESGASTE
(AW)</h2>
<p>Em sistemas hidráulicos
de equipamentos móveis e industriais faz-se uso de fluidos hidráulicos com
aditivação antidesgaste (anti-wear) em lugar da aditivação para Extrema-Pressão
(EP).</p>
<p>Nos fluidos para uso em
sistemas hidráulicos, a aditivação antidesgaste (AW) é de primordial
importância. O aditivo antidesgaste (AW), sob condições de lubrificação
limítrofe, forma uma camada sacrificial sobre as superfícies metálicas dos
componentes móveis como forma de reduzir o desgaste por atrito.</p>
<p>Ao longo de décadas, a
tradicional e eficiente aditivação antidesgaste em óleos lubrificantes para
sistemas hidráulicos tem sido o ZDDP (dialquilditiofosfato de zinco), que além
de ser eficiente aditivo antidesgaste, desempenha funções adicionais como, por
exemplo, a de antioxidante. Porém, em função de diversos novos materiais
metálicos que vêm sendo introduzidos na fabricação de componentes móveis de
sistemas hidráulicos (exemplo: metais amarelos) ou por questões de ordem
ambiental (melhor biodegradabilidade e menor toxidez em caso de contaminação da
água), alguns OEMs de equipamentos móveis e industriais passaram a demandar
fluidos hidráulicos com aditivação isenta de zinco (zinc-free).</p>
<p>A formação de borras e
vernizes em sistemas hidráulicos é bastante indesejável, tendo em vista causar
lentidão nos movimentos de válvulas proporcionais e direcionais, servo-válvulas
etc., chegando ao ponto de causar-lhes emperramento.</p>
<p>Em face do exposto,
determinados OEMs passaram a recomendar em seus manuais de serviço que se use,
nos sistemas hidráulicos de seus equipamentos móveis, fluidos hidráulicos com
aditivação livre de zinco em sua composição (zinc-free) e que possuam elevada
resistência à oxidação, de forma a se evitar o desgaste corrosivo em peças
compostas por ligas metálicas sensíveis ao zinco e a formação de depósitos em
forma de verniz.</p>
<p>As demandas dos OEMs por
fluidos hidráulicos estão se tornando cada vez mais customizadas e complexas.
Em face disto, a aquisição de fluidos hidráulicos deve ter como critério
principal os níveis de desempenho necessários para uso nos maquinários, não
devendo o critério “preço” ser o balizador determinante na seleção de tais
produtos, sob pena de custosos reparos e indisponibilidade de maquinário.</p>
<h2>GRAXAS LUBRIFICANTES</h2>
<p>Bastante resumidamente,
podemos dizer que o processo de manufatura de graxas lubrificantes consiste em
se adicionar fluidos lubrificantes a espessantes em proporção tal que se possa
alcançar o grau de consistência desejado. Para um melhor entendimento do que
constitui uma boa graxa, devemos nos concentrar nas propriedades de seus
componentes: espessantes, fluidos lubrificantes, aditivos e, em alguns casos,
“fillers” (exemplo: grafite, MoS2, PTFE).</p>
<p>Ao selecionarmos uma
graxa, devemos levar em consideração a aplicação e as condições de serviço em
que ela irá trabalhar, sendo necessário analisar-se cuidadosamente itens como o
tipo de óleo básico, o tipo do espessante, a viscosidade cinemática do óleo
básico que compõe a graxa e os aditivos ou “fillers” utilizados na formulação.</p>
<p>A mistura de graxas sem
estudos técnicos pormenorizados pode causar problemas de incompatibilidade e
suas consequências, como perda de consistência e escorrimento pelo selo da
caixa do mancal de rolamento. Além disso, pode ocorrer separação entre o fluido
lubrificante e o espessante tendo, como resultado, uma massa endurecida e não
lubrificante no interior da caixa do mancal de rolamento. Outra consequência
resultante da incompatibilidade de graxas é o fluido lubrificante decorrente da
mistura ser de viscosidade cinemática superior ou inferior à aplicação
especificada ou de natureza não adequada ao uso pretendido.</p>
<p>O mundo ideal seria
aquele em que uma única graxa lubrificante pudesse ser utilizada em todas as
aplicações em plantas industriais e sites de equipamentos móveis. Infelizmente,
esse mundo utópico não existe e as recomendações individualizadas de graxas
pelos OEMs serão a realidade. Ou seja, vamos ter que conviver com uma
diversidade cada vez maior de tipos de graxas lubrificantes, e efetuar-se a
substituição ou misturas sem critérios técnicos bem fundamentados poderá ser a
causa de desnecessárias avarias catastróficas.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/257650a6c66ade165e2d62eb25436512.jpg" alt="Temperaturas elevadas: formação de borra, laca e verniz" title="Temperaturas elevadas: formação de borra, laca e verniz"><figcaption>Temperaturas elevadas: formação de borra, laca e verniz</figcaption></figure>
<figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/a1a774622a19d97f8c7ffc08644d6f96.jpg" alt="Sistemas hidráulicos: aditivação antidesgaste" title="Sistemas hidráulicos: aditivação antidesgaste"><figcaption>Sistemas hidráulicos: aditivação antidesgaste</figcaption></figure><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/30f5a72c02ae12703b5386d583ad4a6a.jpg" alt=" Êmbolos de válvulas proporcionais com verniz" title=" Êmbolos de válvulas proporcionais com verniz"><figcaption> Êmbolos de válvulas proporcionais com verniz</figcaption></figure><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/bf4ba4c672f22c7bd71b610c532e041b.jpg" alt="Efeitos do uso de graxas com especificação diferente do recomenado para a aplicação" title="Efeitos do uso de graxas com especificação diferente do recomenado para a aplicação"><figcaption>Efeitos do uso de graxas com especificação diferente do recomenado para a aplicação</figcaption></figure><h2>CONCLUSÃO</h2>
<p>Fato que deve ser frisado
a despeito de ser amplamente mencionado e conhecido no meio da manutenção de
equipamentos móveis e industriais é que misturar-se óleos e graxas
lubrificantes sem critérios muito bem estudados e visando, apenas, a uma
imediata redução de custos ou em virtude de falta de planejamento de demanda é
a receita certa para custosas avarias, indisponibilidade de maquinário e perdas
no processo produtivo.</p>
<p>Vale a pena meditar um
pouco mais neste assunto antes de se proceder à mistura indiscriminada de óleos
e graxas lubrificantes, mesmo que as justificativas para tal ação possam
parecer válidas.</p><p><br></p><p>Marcos Lobo, Qu4ttuor
Consultoria</p>"
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A mistura de óleos lubrificantes e
graxas de diferentes composições, viscosidades e origens pode causar sérios
problemas em sistemas hidráulicos, engrenagens ou qualquer outro tipo de
componente que necessite de lubrificação.