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string(29) "Lagarta-das-fruteiras em soja"
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string(478) "<p>Lagarta-das-fruteiras (Argyrotaenia sphaleropa) é registrada pela primeira vez em lavouras de soja do Mato Grosso. Praga comum em uva, pêssego, caqui, laranja e maçã, em grandes culturas começa o ataque pelas folhas jovens. Sua capacidade de adaptação e a ampla gama de plantas hospedeiras presentes no território nacional permitem que o inseto venha a se estabelecer em outras regiões produtoras.</p>"
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string(9251) "<figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/6ef0ae9426ef7f9d6193a48a3771bb28.jpg"></figure><p>A
soja é a principal cultura cultivada no Brasil e, pela
sua rentabilidade, tem ocupado lugar de outras culturas de importância
econômica. Atualmente o País é o maior produtor e exportador mundial da
oleaginosa, cuja expectativa de produção da safra 2020/21 é estimada em 133,817
milhões de toneladas, ganho de 7,2% em relação à safra 2019/20, No entanto, a
produtividade da agricultura nacional está suscetível ao ataque de pragas que
ameaçam a sojicultura.</p>
<p>As pragas, de
modo geral, reduzem o volume de produção, causam prejuízos à qualidade de
produtos e, conforme a infestação, podem matar as plantas e até dizimar
lavouras inteiras. Por conta da diversidade de pragas, os desafios são enormes
ao agricultor para elevar a produtividade. Conhecida como lagarta-das-fruteiras
ou traça-verde-dos-cachos, (<i>Argyrotaenia sphaleropa </i>(Meyrick, 1909),
Lepidoptera: Tortricidae), é um inseto polífago, com hábito crepuscular e
noturno, nativo da América do Sul, encontrado com frequência danificando frutas
como uva, pêssego, caqui, laranja, maçã, entre outras culturas agrícolas
cultivadas em clima temperado subtropical úmido.</p>
<p>Com o advento
da agricultura, organismos como insetos, ácaros, bactérias, vírus e fungos
tiveram oportunidades de se estabelecer em novos locais. As atividades
agrícolas, de certa forma, criaram condições propícias para a ocorrência de
pragas em áreas onde elas naturalmente não ocorreriam. A partir da safra agrícola
2017/18, no município de Sapezal, Mato Grosso, de clima tropical com estação
seca foram observadas lagartas com comportamento bastante ativo, medindo
aproximadamente 14mm de comprimento, de coloração verde-claro enroladas nas
folhas de soja no terço superior. Também se alimentam das folhas antes de tecer
fios de seda que formam seu abrigo em forma de galeria.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/af1b1575e455502091d1ede962f7ab01.JPG" alt="Na fase larval a praga produz uma espécie de teia para se abrigar, causando o enrolamento do limbo foliar" title="Na fase larval a praga produz uma espécie de teia para se abrigar, causando o enrolamento do limbo foliar"><figcaption>Na fase larval a praga produz uma espécie de teia para se abrigar, causando o enrolamento do limbo foliar</figcaption></figure><p>A entrada da
lagarta-das-fruteiras pode ter se iniciado com um conjunto de indivíduos ou, às
vezes, com um único indivíduo. A sua introdução pode ter sido não intencional,
resultado secundário do transporte intencional de outro produto, como o
transporte de uva in natura para o mercado consumidor da região Oeste do Mato
Grosso. Em outros países da América do Sul são apresentados relatos da
ocorrência desta praga na Argentina, Bolívia, Colômbia, Peru, Paraguai e
Uruguai, com ataque a plantas frutíferas, ornamentais e aromáticas. As larvas
podem se alimentar de brotos, folhas, flores e frutos, dependendo do
hospedeiro.<br></p>
<p>A dispersão
natural desta espécie não nativa no Mato Grosso é bastante limitada, com a
dispersão a longas distâncias ocorrendo unicamente através de atividades
humanas. Esse fenômeno da expansão geográfica da lagarta-das-fruteiras pode ser
explicado por duas forças de origem antrópica: a expansão das fronteiras
agrícolas e a movimentação de material vegetal.</p>
<p>A
identificação da espécie foi feita através da morfologia e levantamento
bibliográfico. Os adultos da lagarta-das-fruteiras apresentam 15mm de
envergadura e 8mm de comprimento, sendo as fêmeas maiores que os machos,
permanecem nesta fase durante 14 dias. Possuem cabeça com antenas filiformes e
tórax com tufo de cor castanho, abdome marrom acinzentado e a parte caudal um
pouco mais clara, com pelos evidentes. Possuem asas anteriores de cor variável
e oscilam entre o castanho-claro e o castanho-escuro, sendo as asas traseiras
cinza-claro, um pouco transparentes.</p>
<p>Os ovos são
ovipositados em massas, média de 31 ovos/postura, cada fêmea oviposita entre
240 ovos e 260 ovos de coloração amarelada durante o ciclo de vida, vindo a
emergir lagartas de coloração verde-claro, em média sete dias depois da
postura. As lagartas possuem comprimento de até 14mm no quinto instar e
permanecem na fase larval por 14 dias e posteriormente empupam sob as próprias
folhas que lhes servirão de abrigo e alimento. As pupas possuem coloração
castanho-claro. Em cada segmento do abdome possuem duas fileiras de
microespinhos dorsais e ficam protegidas sob a teia durante cinco dias até a
emergência do inseto adulto.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/ecedd1048fe3b936ca891c9e22b51c56.JPG" alt="Folha de soja com danos provocados pelo ataque do inseto" title="Folha de soja com danos provocados pelo ataque do inseto"><figcaption>Folha de soja com danos provocados pelo ataque do inseto</figcaption></figure><p>Os danos
visíveis na fruticultura, por exemplo, na viticultura, ocorrem quando as
lagartas alojam-se no interior dos cachos durante a floração ou nas bagas, onde
danificam a casca do engaço, causando o murchamento e consequentemente a queda
das uvas. Quando o ataque ocorre próximo à colheita, provoca o rompimento das
bagas, resultando no extravasamento do suco sobre o qual proliferam bactérias
que ocasionam a podridão ácida, reduzindo a qualidade dos vinhos ou depreciando
os cachos para o comércio in natura. Os possíveis danos em potencial na cultura
da soja começam pelas folhas jovens, na qual o estádio larval produz uma teia
para se abrigar, causando assim o enrolamento do limbo foliar onde se alimenta,
levando ao apodrecimento do ponteiro e à redução da área fotossintética ativa.<br></p>
<p>O
monitoramento semanal de pragas é a atividade que faz parte das Boas Práticas
Agronômicas, as quais auxiliam na identificação e na melhor tomada de decisão.
O controle do inseto adulto pode ser feito através de armadilha de feromônios
sintéticos, muito utilizada por fruticultores na região Sul do País, e para as
lagartas o uso de produtos biológicos à base de Bacillus thuringiensis é o mais
recomendado como parte do programa de Manejo Integrado de Pragas da soja.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/a7c44eb879a4d3ff247d3519bbf5ccbb.jpg" alt="A redução da área fotossintética ativa é um dos efeitos da incidência da lagarta" title="A redução da área fotossintética ativa é um dos efeitos da incidência da lagarta"><figcaption>A redução da área fotossintética ativa é um dos efeitos da incidência da lagarta</figcaption></figure><p>A ampla
adaptação do inseto de temperaturas mais amenas a clima quente e úmido, além da
oferta de plantas hospedeiras ao longo de todo o ano em território nacional,
faz com que a praga se estabeleça em outras regiões, podendo se estabelecer em
grandes culturas como a soja. A importância do relato em sua primeira
ocorrência deixa em alerta as autoridades da defesa fitossanitária para melhor
entender a dispersão e os possíveis danos desta praga.<br></p>
<p>A definição
das possíveis vias de ingresso e disseminação da lagarta-das-fruteiras em soja
é o primeiro ponto necessário para a implementação de políticas de prevenção e
manejo. Essas ações devem ser acordadas entre os setores governamentais e o
setor privado que tenham interesse direto na proteção fitossanitária.</p>
<p> </p><p>Fernando Willian
Neves, UFV</p>"
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Lagarta-das-fruteiras (Argyrotaenia sphaleropa) é registrada pela primeira vez em lavouras de soja do Mato Grosso. Praga comum em uva, pêssego, caqui, laranja e maçã, em grandes culturas começa o ataque pelas folhas jovens. Sua capacidade de adaptação e a ampla gama de plantas hospedeiras presentes no território nacional permitem que o inseto venha a se estabelecer em outras regiões produtoras.