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string(93) "Renato Carvalho, IRAC-BR; Caio Rossi, HRAC-BR; Luis Demant, FRAC-BR; Regina Sugayama, Oxya"
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string(27) "Manejo da resistência"
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string(925) "<p>Comitês Frac-BR, Hrac-BR e Irac-BR intensificam no Brasil as ações no combate à resistência de doenças, plantas daninhas e insetos às táticas de controle. </p>
<p>Em ambientes tropicais como o Brasil, o manejo eficiente de doenças, plantas daninhas e insetos pragas é fundamental para se atingir bons resultados de produtividade dos cultivos. Mas para garantir a eficiência a longo prazo das estratégias de manejo atualmente disponíveis, algumas boas práticas agrícolas devem ser implementadas. Para isso, é necessário entender um pouco mais sobre quais são as estratégias de manejo da resistência e como a cadeia produtiva vem se organizando para garantir a sustentabilidade das práticas de manejo de doenças, plantas daninhas e insetos.
</p>"
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string(15797) "<figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/6e331ebd187f9118bfcb537b0cd8176c.JPG"></figure><p>Dentre os pilares atuais de um manejo fitossanitário, é possível citar a resistência de plantas e o uso de controle químico como os mais utilizados nas lavouras do Brasil. Independentemente de qual seja a estratégia de manejo utilizada, a diversidade genética presente em uma população de doenças, plantas daninhas ou pragas faz com que alguns indivíduos tenham a habilidade de sobreviver a uma determinada tática de controle, devido a suas características genéticas. Sendo assim, caso o mesmo agente de controle seja utilizado continuamente, a frequência dos indivíduos que possuem essa característica irá aumentar e a população se tornará resistente àquele agente de controle que, anteriormente, causava a mortalidade da maioria dos indivíduos daquela população.</p>
<p>Nesse contexto, a resistência de insetos, doenças e plantas daninhas é caracterizada devido às falhas de controle sucessivas após a aplicação de um determinado produto que anteriormente apresentava capacidade de controlar a maioria dos indivíduos. É importante destacar que para ser definida como resistência, essa característica deve ser herdável, ou seja, passada para seus descendentes geração após geração.
</p>
<p>Vale ressaltar que essa é uma característica pré-adaptativa, ou seja, indivíduos resistentes podem estar presentes na população de determinadas doenças, plantas daninhas e, ou pragas, antes mesmo da exposição a determinado agente de controle. Portanto, o uso de estratégias de manejo de pragas em desacordo com as boas práticas agrícolas favorece que a frequência (número) de indivíduos resistentes aumente na população, fazendo com que, nas safras seguintes, as estratégias de manejo de pragas tenham a sua eficácia reduzida. Nesse sentido, para evitar ou retardar o aumento da frequência de indivíduos resistentes, boas práticas agrícolas devem ser adotadas, dentro de um programa de manejo da resistência.
</p>
<p>Como um importante elo da cadeia produtiva, as empresas que detêm e/ou desenvolvem “ferramentas” para o manejo de doenças, plantas daninhas e/ou pragas têm se empenhado para desenvolver e implementar programas de manejo da resistência. Por meio de comitês, tais como os Comitês de Ação à Resistência a Fungicidas, Herbicidas e Inseticidas (Frac-BR, Hrac-BR e Irac-BR, respectivamente), essas instituições buscam garantir a sustentabilidade da agricultura por meio do incentivo à implementação de estratégias de manejo de resistência, bem como, difundindo informações sobre alternativas viáveis para o manejo de doenças, plantas daninhas e pragas. Dessa forma, programas de manejo de resistência vêm sendo implementados em parceria com produtores, cooperativas, universidades, fundações, instituições de pesquisa e outros órgãos ligados à cadeia produtiva agrícola.
</p>
<p>No caso de plantas geneticamente modificadas resistentes a insetos (plantas <i>Bt</i>), a adoção de áreas de refúgio é fundamental para permitir a sobrevivência de insetos suscetíveis. Esses indivíduos suscetíveis podem, então, acasalar com possíveis resistentes provenientes das áreas de cultivo <i>Bt</i>, evitando que a frequência da resistência aumente em determinada população de um inseto-praga. Cabe ressaltar que a implantação do refúgio deve ser realizada por todos os produtores em escala regional, e que os inseticidas utilizados para o manejo de insetos nas áreas de refúgio devem seguir as recomendações técnicas. Essas recomendações foram desenvolvidas por pesquisadores de diversas instituições públicas e privadas do Brasil, em parceria com o Irac-BR, para as culturas de soja, milho e algodão, e podem ser encontradas na página do comitê. Vale lembrar que, recentemente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) instituiu o uso de refúgio estruturado como medida fitossanitária.
</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/cc1425ea14ee67bf1febc58f37fe9050.jpg"></figure><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/16c049067833ac73dd72bfca8bc3782f.jpg" alt="O manejo eficiente de pragas é fundamental para se atingir bons resultados de produtividade dos cultivos" title="O manejo eficiente de pragas é fundamental para se atingir bons resultados de produtividade dos cultivos"><figcaption>O manejo eficiente de pragas é fundamental para se atingir bons resultados de produtividade dos cultivos.</figcaption></figure><p>O
mesmo princípio se aplica a métodos de controle químico de insetos, ácaros,
fungos e plantas daninhas. Ao pulverizar defensivos químicos na lavoura, pode
ocorrer a sobrevivência de indivíduos que, por algum mecanismo, são
naturalmente resistentes ao(s) produto(s) utilizados. O Irac-BR, em parceria
com universidades, instituições de pesquisa ou empresas contratadas, tem
realizado o monitoramento da suscetibilidade a inseticidas das principais
espécies-praga de plantas cultivadas no Brasil, como: mosca-branca (<i>Bemisia
tabaci</i>), falsa-medideira da soja (<i>Chrysodeixis includens</i>),
lagarta-do-cartucho (<i>Spodoptera frugiperda</i>), lagarta helicoverpa (<i>Helicoverpa
armigera</i>), traça-do-tomateiro (<i>Tuta absoluta</i>), percevejo-marrom (<i>Euschistus
heros</i>) e ácaro-rajado (<i>Tetranychus urticae</i>). O Frac-BR é um dos
membros da Comissão Técnica de Reavaliação Agronômica de Produtos Registrados
para o Controle de <i>Phakopsora pachyrhizi</i> na Cultura da Soja, a qual foi
criada pelo Mapa para reavaliar os produtos registrados para ferrugem da soja.
O mesmo tem realizado internamente e em parceria com instituições de pesquisa o
monitoramento da suscetibilidade de doenças como ferrugem da soja (<i>Phakopsora
pachyrhizi</i>), mancha-alvo (<i>Corynespora cassicola</i>), ramulária do
algodão (<i>Ramularia areola</i>) e requeima da batata (<i>Phytophthora
infestans</i>) a fungicidas. Nesse mesmo sentido, o Hrac-BR vem realizando o
monitoramento de resistência das espécies de buva (<i>Conyza bonariensis,
Conyza sumatrensis</i> e <i>Conyza canadensis</i>), capim-amargoso (<i>Digitaria
insularis</i>), capim-pé-de-galinha (<i>Eleusine indica</i>), azevém (<i>Lolium
multiflorum</i>) e leiteiro (<i>Euphorbia heterophylla</i>) aos herbicidas mais
utilizados nas principais regiões produtoras do país. Esses monitoramentos são
de extrema importância para os produtores e a indústria de insumos, pois o
tempo necessário para se descobrir, desenvolver e registrar um novo fungicida,
herbicida e/ou inseticida no Brasil é superior a dez anos, o que demanda alto
investimento. Com isso, a detecção precoce de casos de redução da sensibilidade
de patógenos, plantas daninhas ou insetos aos fungicidas, herbicidas ou
inseticidas, respectivamente, tem uma grande relevância estratégica, por objetivar
a garantia da sustentabilidade da produção agrícola brasileira. Além do
monitoramento, ações simples e de grande valia, como a rotação de produtos de
diferentes modos de ação e a observância do período de vazio sanitário, são
cruciais para o sistema agrícola. Nas páginas de internet do Frac-BR
(www.frac-br.org), Hrac-BR (www.hrac-br.org) e Irac-BR (www.irac-br.org) há
orientações sobre o manejo da resistência aos agroquímicos usados para o
controle dos organismos-alvo.</p>
<p>A
evolução da resistência coloca em risco não só alternativas químicas de manejo,
mas também uma das práticas agrícolas mais incentivadas pelo Programa
Agricultura de Baixo Carbono2, que é o plantio direto na palha. Plantas
daninhas resistentes a alguns herbicidas, como a buva (Conyza spp.) e o
capim-amargoso (Digitaria insularis), têm representado grande dificuldade para
o produtor, a ponto de se considerar, em algumas situações, a realização de
revolvimento do solo com grade ou arado, para reduzir a infestação antes da
implantação da lavoura. O Hrac-BR, através de informações publicadas pela
Embrapa, menciona que as perdas causadas devido à resistência a herbicidas
dessas duas espécies, atreladas à matocompetição com a cultura da soja, sejam
da ordem de nove bilhões de reais ao ano.</p>
<p>Independentemente
do tipo de organismo - patógeno, planta
daninha ou inseto -, a adoção de boas
práticas agrícolas é essencial para retardar a seleção de indivíduos
resistentes e, consequentemente, a resistência. Para isso, devem ser seguidos:</p>
<p>-
Realizar a rotação de produtos com modo de ação distinto. O Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) passou a exigir que o grupo do
modo de ação esteja em evidência nos rótulos e bulas dos defensivos. Além
disso, nos sites dos Comitês, é possível realizar a consulta de forma
eletrônica, bem como no site <a href="http://www.modosdeação.com.br">www.modosdeação.com.br</a></p>
<p>-
Alternar ciclos de produção de culturas hospedeiras e não hospedeiras, além de
eliminar tigueras ou plantas voluntárias, ajuda a evitar a ponte verde entre
cultivos</p>
<p>- Observar
rigorosamente o período do vazio sanitário para cada estado, como estratégia
para reduzir a pressão inicial sobre a lavoura</p>
<p>- Uso
de sementes certificadas, principalmente para as questões de sementes de
plantas daninhas resistentes, mas também no caso de doenças e insetos</p>
<p>- No
caso de plantas geneticamente modificadas resistentes a insetos, fazer o
plantio do refúgio estruturado</p>
<p>-
Começar a cultura no limpo e utilizar-se dos diferentes momentos, bem como
ferramentas para o controle dos alvos que causam danos à cultura</p>
<p>-
Evitar pousio sem cultura ou sem cultura de cobertura, valendo ressaltar sobre
utilizar cultura de cobertura certificada, devido à problema de introdução de
novas doenças, plantas daninhas ou pragas, não existentes na área</p>
<p>- Caso
observe alta sobrevivência de insetos, ácaros, fungos ou plantas daninhas após
a aplicação de um defensivo, informar o responsável técnico e o órgão
competente, bem como os Comitês de Ação à Resistência (Frac-BR, Hrac-BR e
Irac-BR)</p>
<p>-
Somente realizar a aplicação de agroquímicos com prescrição de um responsável
técnico habilitado</p>
<p>-
Manter os equipamentos de aplicação bem calibrados, para evitar o uso de
produtos em doses abaixo ou acima do recomendado na bula ou rótulo, pois isso
irá comprometer a eficácia e poderá contribuir para a seleção de indivíduos
resistentes</p>
<p>-
Limpar o maquinário antes e após a entrada em talhões ou fazendas distintas,
mas também entre estados e países</p>
<p>-
Utilizar práticas de manejo que favoreçam o estabelecimento de inimigos
naturais, como o uso de produtos seletivos</p>
<p>-
Utilizar de tecnologia de aplicação e formulação em benefício dos melhores
resultados de controle</p>
<p>-
Encontrar e utilizar as ferramentas existentes das boas práticas agrícolas e de
manejo de resistência para proteger o instrumento fungicida, herbicida e
inseticida</p>
<p>-
Consultar os conteúdos oferecidos pelos Comitês em plataformas on-line e
aplicativos para ter acesso às recomendações atualizadas de manejo da
resistência</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/4ace88ed72e8f43d9963f907ad91e15a.jpeg" alt="A sustentabilidade do controle passa pela adoação de boas práticas agrícolas" title="A sustentabilidade do controle passa pela adoação de boas práticas agrícolas"><figcaption>A sustentabilidade do controle passa pela adoação de boas práticas agrícolas.</figcaption></figure><p>A
resistência de doenças, plantas daninhas e pragas às táticas de controle atinge
toda a cadeia produtiva, impactando diretamente a agricultura brasileira como
um todo e reduzindo a competitividade, bem como a sustentabilidade do
agronegócio. Dessa maneira, a adoção de estratégias de manejo da resistência é
de suma importância e essencial para o sucesso e a sustentabilidade das atuais
e futuras práticas de manejo de doenças, plantas daninhas e pragas. </p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/e60d6edcdd177b270af0b79eaf8b24dc.jpeg" alt="Grupos de pesquisa se debruçam sobre o tema da resistência e sustentabilidade do controle" title="Grupos de pesquisa se debruçam sobre o tema da resistência e sustentabilidade do controle"><figcaption>Grupos de pesquisa se debruçam sobre o tema da resistência e sustentabilidade do controle.</figcaption></figure><p>Renato Carvalho, IRAC-BR; Caio Rossi, HRAC-BR; Luis Demant, FRAC-BR; Regina Sugayama, Oxya</p>"
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Comitês Frac-BR, Hrac-BR e Irac-BR intensificam no Brasil as ações no combate à resistência de doenças, plantas daninhas e insetos às táticas de controle.
Em ambientes tropicais como o Brasil, o manejo eficiente de doenças, plantas daninhas e insetos pragas é fundamental para se atingir bons resultados de produtividade dos cultivos. Mas para garantir a eficiência a longo prazo das estratégias de manejo atualmente disponíveis, algumas boas práticas agrícolas devem ser implementadas. Para isso, é necessário entender um pouco mais sobre quais são as estratégias de manejo da resistência e como a cadeia produtiva vem se organizando para garantir a sustentabilidade das práticas de manejo de doenças, plantas daninhas e insetos.