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string(24) "manejo-de-pragas-de-solo"
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string(176) "Crébio José Ávila, Embrapa Agropecuária Oeste; Elizete Cavalcante de Souza Vieira, Ivana Fernandes da Silva, Universidade Federal da Grande Dourados"
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string(24) "Manejo de pragas de solo"
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string(421) "<p>Corós,
percevejos-castanhos, lagarta-elasmo, cochonilhas e larvas estão entre as
pragas de solo causadoras de danos às plantas de soja logo após a emergência.
Seus alvos principais são raízes, haste e pecíolos. O manejo desses insetos é
especialmente preventivo, o que exige monitoramento mesmo antes da instalação
da lavoura.</p>"
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string(16885) "<figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/d8a97ee79440ca5576acf536dc11e359.jpg"></figure><p>Caracterizam-se como pragas
de solo da soja aqueles insetos que atacam a cultura durante a etapa de
germinação das sementes ou logo após a emergência das plantas, atingem as
raízes, hastes ou pecíolos de plantas jovens, podendo afetar o estande, o
vigor, a uniformidade das plantas, bem como o rendimento de grãos da cultura. O
cultivo da soja em áreas implantadas no sistema plantio direto favorece o
desenvolvimento de pragas de solo na cultura, uma vez que neste sistema de cultivo,
o solo não é manejado com grades e arados.</p>
<p>As pragas de solo que atacam
as raízes da soja são, principalmente, os corós e os percevejos-castanhos que
pertencem, respectivamente, às ordens Coleoptera e Hemiptera. Esses dois grupos
de pragas apresentam, normalmente, uma forte associação com o solo onde ocorrem
e podem destruir as raízes da soja, afetando negativamente o estabelecimento da
cultura, o desenvolvimento inicial das plantas e, consequentemente, a sua
produtividade. Outras pragas que também apresentam uma estreita relação com o
solo, como lagarta-elasmo, cochonilhas e larvas de crisomelídios, podem também
atacar a soja em seus estádios iniciais de desenvolvimento e afetar o
desenvolvimento e a produtividade desta cultura.</p>
<h2>Corós rizófagos</h2>
<p>Corós são larvas de
coleópteros que apresentam coloração branca, três pares de pernas torácicas que
se posicionam no formato de U, quando em repouso. Várias espécies de corós
desenvolvem-se no solo, porém, apenas uma pequena porcentagem desses organismos
causa danos nos cultivos agrícolas, podendo ocorrer tanto no sistema de plantio
direto como no convencional. Os danos de corós na soja (Figura 1) são causados
pelo consumo de raízes ou até mesmo dos nódulos de fixação biológica de
nitrogênio, acarretando-se redução na capacidade das plantas de absorver água e
nutrientes. Essa intensidade de danos é maior em plantas jovens de soja,
especialmente quando cultivadas em condições de déficit hídrico. As plantas
atacadas por corós apresentam inicialmente desenvolvimento retardado, seguido
por amarelecimento, murcha e morte, com esses sintomas ocorrendo normalmente em
reboleiras distribuídas irregularmente nas lavouras. Em condições de alta
infestação de corós no solo, pode ocorrer até 100% de perda da lavoura,
especialmente quando a presença de larvas mais desenvolvidas coincide com a
fase inicial de desenvolvimento das plantas de soja. </p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/b7fbbb96ba5127febe29cacaeaafbba6.jpg" alt="Figura 1 - Lavouras de soja com danos de corós" title="Figura 1 - Lavouras de soja com danos de corós"><figcaption>Figura 1 - Lavouras de soja com danos de corós</figcaption></figure><p>O coró-da-soja, <i>Phyllophaga
cuyabana</i> (Figura 2) é uma espécie que apresenta uma geração por ano
(univoltine) e que tradicionalmente ocorre nas lavouras de soja do Paraná, Mato
Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. Já o coró-da-soja-do-cerrado, <i>Phyllophaga
capillata</i> (Figura 3) é outra espécie que tem sido constatada causando danos
na cultura da soja no Distrito Federal e em Goiás. Nos estados de Goiás e Mato
Grosso tem-se também constatada a espécie <i>Liogenys fuscus </i>(Figura 4),
estudada desde a safra 2002/03, quando causou perdas de 50% a 100% em lavouras
de soja do estado de Goiás. Após completarem seu ciclo imaturo, os adultos saem
do solo em revoadas para oviposição durante os meses de setembro e outubro,
coincidindo com as primeiras chuvas da região.<br></p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/7543385b1f01bb86394536401ed0e468.jpg" alt="Figura 2 - Adulto (A) e larva (B) de Phyllophaga cuyabana" title="Figura 2 - Adulto (A) e larva (B) de Phyllophaga cuyabana"><figcaption>Figura 2 - Adulto (A) e larva (B) de Phyllophaga cuyabana</figcaption></figure><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/c88fed53a9356109113307f34f8d6656.jpg" alt="Figura 3 - Adulto (A) e larva (B) de Phyllophaga capillata" title="Figura 3 - Adulto (A) e larva (B) de Phyllophaga capillata"><figcaption>Figura 3 - Adulto (A) e larva (B) de Phyllophaga capillata</figcaption></figure><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/91f9a43462a5d6c64886212dbcef14f5.jpg" alt="Figura 4 - Adulto (A) e larva (B) de Liogenys fusca" title="Figura 4 - Adulto (A) e larva (B) de Liogenys fusca"><figcaption>Figura 4 - Adulto (A) e larva (B) de Liogenys fusca</figcaption></figure><p>Algumas larvas de
melolontídeos, que têm o hábito de construir galerias verticais no solo, são
frequentemente encontradas em lavouras de soja da região Centro-Sul do País,
especialmente nos sistemas de integração lavoura-pecuária. Esse grupo de corós,
geralmente representado por espécies do gênero <i>Bothynus</i> (Figura 5), não
é considerado praga e se alimenta apenas de restos vegetais em processo de decomposição.<br></p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/39b33a46f0a06635a25def945cd9509a.jpg" alt="Figura 5 - Adulto de Bothynus sp." title="Figura 5 - Adulto de Bothynus sp."><figcaption>Figura 5 - Adulto de Bothynus sp.</figcaption></figure>
<h2>Percevejos-castanhos</h2>
<p> No Brasil, há registros da ocorrência de
percevejo-castanho em vários estados, embora se observe uma incidência mais
acentuada na região dos Cerrados. O ataque desses insetos ocorre, normalmente,
em grandes reboleiras nos cultivos de soja, sendo observados focos de
infestação de até 70 hectares. Os danos na soja são decorrentes da sucção
contínua da seiva nas raízes, o que pode levar ao enfraquecimento ou até mesmo
à morte das plantas. As diferentes espécies de plantas hospedeiras nas quais o
percevejo castanho se alimenta, apresentam graus diferenciados de
suscetibilidade ao seu ataque. Ávila <i>et al.</i> (2009) constataram que o
algodoeiro foi a espécie mais suscetível à alimentação de Scaptocoris castanea,
seguido por soja, milho, sorgo e arroz. Como são de hábito subterrâneo, tanto
ninfas como os adultos alimentam-se sugando a seiva das raízes das plantas de
soja, deixando-as com aspecto amarelado (Figura 6).</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/a64af2e830985611e81c1a1667c7d7a3.jpg" alt="Figura 6 - Lavoura de soja com danos do percevejo-castanho" title="Figura 6 - Lavoura de soja com danos do percevejo-castanho"><figcaption>Figura 6 - Lavoura de soja com danos do percevejo-castanho</figcaption></figure>
<p>A presença dos
percevejos-castanhos nas lavouras é facilmente reconhecida pelo forte cheiro
que estes insetos exalam, quando o solo é movimentado nas áreas infestadas. No
Brasil, as principais espécies de percevejo-castanho associadas à cultura da
soja são <i>S. castanea, S. carvalhoi</i> e <i>S. buckupi</i>. No estado de
Goiás, as revoadas dessa praga iniciam-se no período chuvoso durante o mês de
novembro e persistem até março, período em que há predominância de adultos no
solo.</p>
<h2>Lagarta-elasmo</h2>
<p>A
lagarta-elasmo, <i>Elasmopalpus lignosellus</i> (Figura 7) é outra praga que
pode danificar plantas jovens de soja, especialmente quando o inseto já estiver
presente na cultura ou cobertura a ser dessecada (exemplo: trigo, aveia,
tiguera de milho) para plantio da soja. O inseto é considerado polífago, ou
seja, alimenta-se de diversas espécies de plantas cultivadas ou silvestres, em
especial de gramíneas e leguminosas. O adulto faz a postura nas plantas de
soja, no solo ou em restos culturais presentes na área. Após a eclosão, as
larvas alimentam-se inicialmente de matéria orgânica ou raspam o tecido vegetal
para, em seguida, penetrarem no colo da planta, um pouco abaixo do nível do
solo, onde constroem uma galeria ascendente na haste central da planta. Próximo
ao orifício de entrada na planta, as larvas tecem um casulo formado de
excrementos, restos vegetais e partículas de terra, sintomas estes que
caracterizam a presença da praga no ambiente. Uma mesma lagarta pode atacar até
três plantas de soja durante a sua fase larval, sendo o período da emergência
até aos 30-40 dias de desenvolvimento das plantas (até o estádio V2-V3), a fase
da cultura mais suscetível ao ataque da praga.</p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/6c5b161afa19615e8aa348a8d791ec9a.jpg" alt="Figura 7 - Adulto (A) e larva de lagarta-elasmo (B)" title="Figura 7 - Adulto (A) e larva de lagarta-elasmo (B)"><figcaption>Figura 7 - Adulto (A) e larva de lagarta-elasmo (B)</figcaption></figure><p>Como
consequência do dano da lagarta-elasmo, a soja inicialmente murcha e
posteriormente seca, em razão da obstrução do transporte de água e de
nutrientes do solo para a parte aérea da planta. Quando a planta de soja está
mais desenvolvida e com o caule mais lignificado, a lagarta alimenta-se apenas
da parte externa, deixando cicatrizes externas visíveis da injúria do inseto.
Nesta região, pode ocorrer a formação de um calo com tecido frágil, que pode se
quebrar facilmente pela ação do vento. A intensidade de danos da lagarta-elasmo
na soja é maior e mais frequente em condições de alta temperatura e de déficit
hídrico no solo, especialmente nos solos arenosos ou mistos conduzidos em
plantio convencional. Nas áreas de semeadura direta, a incidência da
lagarta-elasmo tem sido menor, porém outros fatores como resteva de cultivos,
especialmente de gramíneas na área e condições climáticas adequadas, pode
favorecer o desenvolvimento do inseto. <br></p>
<h2>Outras
pragas de solo</h2>
<p> Cochonilhas das raízes do gênero <i>Pseudococcus</i> sp.
são frequentemente observadas no coleto de plantas de soja cultivadas no
sistema plantio direto, embora em baixas densidades. Em condições de alta
infestação de ninfas desta praga na cultura, as plantas podem atrasar o seu
desenvolvimento e reduzir a massa seca da parte aérea, bem como o número de
vagens e o peso dos grãos de soja. Larvas de <i>Diabrotica speciosa</i> ou de <i>Cerotoma</i>
sp. podem também, eventualmente, ser observadas atacando raízes de soja ou os
nódulos de rizóbios, especialmente nos estádios iniciais de desenvolvimento da
cultura. Esses tipos de danos podem reduzir o estande da soja ou afetar
negativamente a fixação biológica de nitrogênio na planta de soja e, consequentemente,
a produtividade da cultura.</p>
<h2>Manejo das pragas que atacam as raízes</h2>
<p>Para o
manejo efetivo de pragas que atacam as raízes da soja, como é o caso de corós e
do percevejo-castanho, é necessário fazer o monitoramento dessas pragas antes
mesmo da instalação da lavoura, uma vez que todas as táticas de controle a
serem utilizadas são preventivas. Dentre as técnicas que podem ser utilizadas
para o controle de corós e percevejos-castanhos, destacam-se escolha da melhor
época de semeadura, preparo do solo com implementos adequados e aplicação de
inseticidas nas sementes ou em pulverização no sulco de semeadura. Como os
adultos dos corós apresentam normalmente uma forte atração pela luz, as
armadilhas luminosas durante o período de emergência dos insetos do solo podem
capturar um número expressivo de insetos durante a noite e assim contribuir
para reduzir a sua infestação nos cultivos. A aplicação de inseticidas nas
sementes e no sulco de semeadura da soja constitui alternativa eficiente para o
manejo das diferentes espécies de corós citadas previamente, especialmente em
sistemas conservacionistas, como o plantio direto. Já no caso do
percevejo-castanho, inseticidas aplicados nas sementes não têm mostrado ser uma
tática eficiente. </p>
<p>Todavia,
a pulverização no sulco de plantio com inseticidas químicos, especialmente
quando o percevejo está localizado próximo da superfície do solo, pode
proporcionar um bom controle da praga, dependendo do inseticida e da dose do
produto empregada. Trabalhos conduzidos pela Fundação MT evidenciaram que o
cultivo de crotalárias em rotação de culturas, especialmente com a espécie <i>Crotalaria
spectabilis, </i>pode afetar negativamente o desenvolvimento do
percevejo-castanho no solo, reduzindo assim a sua população na área infestada.
O pousio, ou seja, a ausência de cultivo de espécies de plantas hospedeiras do
percevejo-castanho na área infestada constitui também outra tática de controle
desta praga. O controle biológico do percevejo-castanho empregando-se fungos
entomopatogênicos pode ser também uma alternativa promissora. Xavier e Ávila
(2006) identificaram quatro isolados de Metarhizium anisopliae, que
proporcionaram níveis de controle de <i>S. carvalhoi</i> superiores a 80%, em
condições de laboratório. </p>
<p>Com
relação ao controle da lagarta-elasmo, tem sido comprovado que chuvas bem
distribuídas, durante os primeiros 30 dias de desenvolvimento da cultura,
praticamente eliminam a infestação do inseto nas lavouras de soja. No sistema
plantio direto, que propicia melhor conservação de umidade do solo, essa praga
tem ocorrido em menor intensidade quando comparado ao plantio convencional. Da
mesma forma, a irrigação pode constituir-se em medida de controle do inseto, em
lavouras instaladas com pivô central. A pulverização de inseticidas na parte
aérea da soja tem proporcionado baixa eficiência de controle da lagarta-elasmo
(< 50%), em razão da posição em que a praga fica alojada na planta. Já o
tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos, tais como fipronil,
imidacloprido + tiodicarbe, ciantraniliprole + tiametoxam e clorantraniliprole,
pode ser empregado, com eficiência, em áreas que tradicionalmente essa praga
tem sido problema. </p><p><br></p><p>Crébio José Ávila, Embrapa
Agropecuária Oeste; Elizete Cavalcante
de Souza Vieira, Ivana Fernandes da
Silva, Universidade
Federal da Grande Dourados</p>"
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Corós,
percevejos-castanhos, lagarta-elasmo, cochonilhas e larvas estão entre as
pragas de solo causadoras de danos às plantas de soja logo após a emergência.
Seus alvos principais são raízes, haste e pecíolos. O manejo desses insetos é
especialmente preventivo, o que exige monitoramento mesmo antes da instalação
da lavoura.