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string(33) "nova-molecula-herbicida-para-cana"
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string(123) "Carlos Alberto Mathias Azania e Lucas Carvalho Cirilo, Instituto Agronômico (IAC); Andréa Azania, Procultivare"
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string(40) "Nova molécula herbicida para cana"
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string(287) "<p>Nova molécula herbicida pyroxasulfone apresenta bons resultados na cultura da cana-de-açúcar. Em associação com flumioxazin, pode ser utilizada em plantio ou soqueiras, preferencialmente em período de umidade no solo (chuvas).</p>"
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string(13193) "<figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/354c142fc499e01d94598642ce02cb60.jpg"></figure><p>Pyroxasulfone internacionalmente é uma molécula seletiva
para as culturas de milho, soja e trigo, enquanto no Brasil também demonstrou
seletividade às culturas de café, eucalipto e mais recentemente cana-de-açúcar.
Sua indicação é para controle de plantas daninhas de folhas largas e estreitas
em condições de pré-emergência, seja no período de umidade ou restrição
hídrica.</p>
<p>No período de umidade (chuvas), por ser pouco móvel
(solubilidade de 3,49ppm) e moderadamente retido aos coloides do solo (koc
223), o herbicida permanece posicionado nas camadas superficiais após sua
aplicação. Por não ser fotodegradado (<10%) e volatilizado, tolera períodos
de restrição hídrica. Para ambas as condições de clima, seu potencial de
lixiviação (perda para camadas mais profundas do solo) é moderado porque
apresenta 2,2 como índice GUS. </p>
<p>Ainda no período de umidade (setembro a março), o
pyroxasulfone é comercializado em associação com flumioxazin, que também possui
baixa solubilidade (1,79ppm) e moderada retenção no solo (koc 557), o que
permite sua permanência nas camadas superficiais. No período de déficit hídrico
(abril a agosto), o pyroxasulfone é comercializado em associação com
amicarbazone e de uso exclusivo à cultura da cana-de-açúcar. Nesse caso, o
pyroxasulfone permanece na superfície da camada arável (aproximadamente 3cm a
5cm) e o amicarbazone mais profundo (até 15cm). A mobilidade maior do
amicarbazone se deve à sua alta solubilidade (4.600ppm) e à sua baixa retenção
ao solo (koc 30). </p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/14dfe02af593d61aa09f6d0858b7fcaf.jpg"></figure><h2>Mecanismo de ação</h2>
<p>Nas
células, na região do retículo endoplasmático há a formação dos ácidos graxos
de cadeias longas (VLCFAs), que é o principal constituinte dos polímeros
hidrofóbicos utilizados na formação de ceras e cutina nas plantas. Por sua vez,
as ceras e a cutina formam a região da cutícula que reveste particularmente as
folhas das plantas. A cutícula protege os tecidos da planta da desidratação
causada pelo sol e temperatura. </p>
<p>No
retículo endoplasmático, a formação dos VLCFAs somente é possível devido à
presença das enzimas elongases, sem a qual interrompe-se a formação dos VLCFAs.
O pyroxasulfone inibe justamente a produção de algumas enzimas do complexo
elongases e, com isso, ocorre a interrupção em sua produção. </p>
<p>Por
consequência, a planta suscetível ao pyroxasulfone não produz os VLCFAs e a
produção de ceras e cutina é interrompida. As plantas, particularmente no
estágio de plântulas (sementeira), desprovidas de cutícula, ficam expostas ao
sol e à temperatura, são desidratadas e morrem.
Assim, o pyroxasulfone é tido como herbicida inibidor de ácidos graxos
de cadeias longas (VLCFAs). No grupo de inibidores de ácidos graxos de cadeias
longas, o pyroxasulfone é o único herbicida com registro no Brasil. </p><h2>Produtos disponíveis</h2>
<p>De
acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o
pyroxasulfone é registrado como Yamato e essa família cresceu com suas
associações entre flumioxazin e amicarbazone.</p>
<h2>Uso em cana-de-açúcar</h2>
<p>Na
cana-de-açúcar, o uso de pyroxasulfone associado a flumioxazin (primavera e
verão) ou a amicarbazone (outono e inverno) permite o controle em
pré-emergência de plantas daninhas, seja no plantio ou nas soqueiras da
cultura. O controle sobre as plantas daninhas foi observado para espécies como
capim-colonião (<i>Panicum maximum</i>), capim-colchão (<i>Digitaria
horizontalis</i> e <i>Digitaria nuda</i>), capim-braquiária (<i>Urochloa
decumbens</i>), capim-marmelada (<i>Urochloa plantaginea</i>) e cordas-de-viola
(<i>Ipomoea</i> spp. e <i>Merremia</i> spp.). </p>
<p>Ressalta-se
que todas as espécies descritas causam impactos negativos ao desenvolvimento da
cultura, que pode ter a produtividade reduzida em até 85%. Tais espécies, se
não controladas, infestam a cana-de-açúcar até o fechamento do canavial
(aproximadamente 120 dias), período que são beneficiadas pela luz solar
incidente nas entre linhas do cultivo. Após o fechamento do canavial, as
espécies de <i>Ipomoea </i>spp e <i>Merremia </i>spp. ainda conseguem se
estabelecer no canavial e causar impactos no seu desenvolvimento.</p>
<p>Como a cultura é cultivada durante todo o ano, haverá
condições de plantio e soqueira em todos os meses. Com isso, há necessidade de
herbicidas seletivos e capazes de tolerar a umidade nos períodos de chuva, bem
como tolerar o déficit hídrico na estação seca do ano. Tal fato justifica o uso
de pyroxasulfone associado a flumioxazin (primavera/verão) e amicarbazone
(outono/inverno). </p>
<h2>Controle</h2>
<p>Na
estação de primavera/verão, o uso de pyroxasulfone (200g/ha) e flumioxazin
(200g/ha) na marca comercial Falcon controlou 100% da infestação de
capim-braquiária (<i>Urochloa decumbens</i>), capim-colonião (<i>Panicum
maximum</i>), corda-de-viola <i>(Ipomoea grandifolia</i>) e cipó-cabeludo (<i>Merremia
aegyptia</i>) até aos 60 dias após o tratamento e em condição de cana-planta
ciclo de 18 meses (Figura 1). </p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/5d9175a236a37cacf8ee8537ec34505c.jpg" alt="Figura 1 - Eficácia de controle de pyroxasulfone (200 g/ha) + flumioxazin (200 g/ha) sobre capim-braquiária, capim-colchão e capim-colonião. Instituto Agronômico" title="Figura 1 - Eficácia de controle de pyroxasulfone (200 g/ha) + flumioxazin (200 g/ha) sobre capim-braquiária, capim-colchão e capim-colonião. Instituto Agronômico"><figcaption>Figura 1 - Eficácia de controle de pyroxasulfone (200 g/ha) + flumioxazin (200 g/ha) sobre capim-braquiária, capim-colchão e capim-colonião. Instituto Agronômico</figcaption></figure><p>Os
efeitos sobre o controle podem ser observados por até mais de 60 dias, porém,
em condição de cana-planta há necessidade de fazer o nivelamento do solo entre
o centro da linha e a entre linha da cultura. Como a cana-de-açúcar é plantada
em sulcos com 35cm de profundidade, as entre linhas permanecem em aclive em
relação às linhas. Com isso, entre 60 e 90 dias após o plantio, quando a
cultura está com os perfilhos emitidos, se faz o nivelamento do solo, na
prática conhecida como operação “quebra-lombo”.
Por revolver o solo da entre linha para dentro das linhas, os herbicidas
aplicados são revolvidos e há necessidade de nova aplicação de herbicidas. Tal
modalidade de cultivo permitiu a avaliação da associação piroxasulfone +
flumioxazin apenas até aos 60 dias após o plantio. <br></p>
<p>No
mesmo período, o herbicida também controlou 99% da infestação de
capim-braquiária (<i>Urochloa decumbens</i>), capim-colonião (<i>Panicum
maximum</i>) e capim-colchão (<i>Digitaria horizontalis</i>) em soqueira da
cana-de-açúcar até 120 dias após a aplicação. Com isso, mesmo as moléculas
sendo de baixa solubilidade, sua movimentação na palha depositada sobre o solo
foi possível dados aos controles observados (Figura 2). </p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/0cf268fe14477b8e26070a72a8a98377.jpg" alt="Figura 2 - Eficácia de controle de pyroxasulfone (200 g/ha) + flumioxazin (200 g/ha) sobre capim-braquiária, capim-colchão e capim-colonião. Instituto Agronômico" title="Figura 2 - Eficácia de controle de pyroxasulfone (200 g/ha) + flumioxazin (200 g/ha) sobre capim-braquiária, capim-colchão e capim-colonião. Instituto Agronômico"><figcaption>Figura 2 - Eficácia de controle de pyroxasulfone (200 g/ha) + flumioxazin (200 g/ha) sobre capim-braquiária, capim-colchão e capim-colonião. Instituto Agronômico</figcaption></figure>
<p>No
período seco do ano (outono e inverno), a associação pyroxasulfone (243g/ha) +
amicarbazone (1.257g/ha), marca comercial Ritmo, controlou infestações de
mucuna-preta (<i>Mucuna aterrima</i>) e cipó-cabeludo (<i>Merremia aegyptia</i>),
além de capim-colonião, braquiária e colchão. Como o amicarbazone possui maior
solubilidade (4.600ppm), sua movimentação no solo (~15cm) abrange maior
quantidade de sementes de mucuna e cipó-cabeludo. </p>
<p>Tais
espécies possuem sementes grandes e com material de reserva suficiente para
manter o desenvolvimento inicial do embrião até a emergência do solo. No campo,
é comum observar emergência de mucuna-preta de até 20cm e cipó-cabeludo até de
8cm de profundidade. Entretanto, à medida que as sementes entram no processo de
germinação, absorvem a água e os herbicida da solução do solo. Com isso, o
herbicida pré-emergente precisa estar próximo das sementes no momento que se
inicia o processo de germinação. É nesse momento que o herbicida é absorvido e
tem facilidade de atingir o local de ação de acordo com seu mecanismo de
ação. </p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/526438915c1c49e7138e075b8d8e8f59.jpg"></figure><h2>Observações finais</h2>
<p>No manejo de plantas daninhas na cultura da
cana-de-açúcar, a aplicação de pyroxasulfone + flumioxazin pode ser utilizada
em plantio ou soqueiras de cana-de-açúcar, preferencialmente em período de
umidade no solo (chuvas). Quando utilizado em plantio, o controle sobre as
plantas daninhas ocorre até ao nivelamento do solo (quebra-lombo) e quando
utilizado em soqueiras o efeito sobre o controle é observado até próximo dos
120 dias após a aplicação. A associação pyroxasulfone + amicarbazone é indicada
para uso em soqueiras e preferencialmente nos períodos semisseco e seco do ano
(outono e inverno). Obedecido o período de aplicação, os herbicidas são
seletivos e eficazes no controle das principais plantas daninhas da cultura,
sendo mais uma opção de uso para o produtor. </p><figure><img src="http://www.grupocultivar.com.br/ativemanager/uploads/plugin/imagens/f82851b206330fbbb19a92e105cc5527.jpg" alt="Azania, Cirilo e Andréa" title="Azania, Cirilo e Andréa"><figcaption>Azania, Cirilo e Andréa</figcaption></figure><p><br></p><p>Carlos Alberto Mathias Azania e Lucas Carvalho Cirilo, Instituto Agronômico (IAC); Andréa Azania, Procultivare</p>"
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Nova molécula herbicida pyroxasulfone apresenta bons resultados na cultura da cana-de-açúcar. Em associação com flumioxazin, pode ser utilizada em plantio ou soqueiras, preferencialmente em período de umidade no solo (chuvas).