​ Abrapa finaliza as visitas do "terceiro pilar" do programa SBRHVI em 2017

O objetivo da associação é parametrizar e harmonizar a análise instrumental de algodão no Brasil

26.10.2017 | 21:59 (UTC -3)
Catarina Guedes

 Com a conclusão das vistorias em Mato Grosso e São Paulo, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) finalizou as visitas em todos os laboratórios participantes do programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), cumprindo o compromisso do chamado "terceiro pilar", que trata da orientação aos classificadores que integram a iniciativa institucional. A associação trabalha para harmonizar a análise de algodão no Brasil e, consequentemente, angariar confiabilidade e maior valorização para a pluma nacional. A jornada teve início no dia 18 de setembro e prosseguiu até 17 de outubro, compreendendo seis estados e 12 laboratórios, que somam 57 máquinas de HVI, em Goiás, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo. 

 Segundo o gestor de Qualidade da Abrapa, Edson Mizoguchi, ao pilar da orientação, juntam-se os outros dois, que lastreiam o SBRHVI: o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), inaugurado em Brasília no ano passado pela Abrapa, e o banco de dados da Qualidade, que integra informações do Sistema Nacional de Dados do Algodão (Sinda), do Sistema Abrapa de Identificação (SAI) e do Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR).
 
Mizoguchi diz que é notável a evolução nas estruturas e procedimentos de classificação, desde que o SBRHVI foi instituído. A seu ver, fica ainda mais fácil perceber o aprimoramento no cumprimento dos requisitos de gestão, principalmente, nos procedimentos de registro, e nos critérios técnicos, que abarcam itens como centrais de climatização, material de calibração, sensores de precisão, manutenção, dentre outros.
 
"A meta da Abrapa com as visitas era avaliar o estágio em que se encontram os laboratórios na adoção das melhores práticas em classificação instrumental, e também dos requisitos técnicos do processo de certificação internacional. Nosso desafio é elevar e harmonizar todos os laboratórios a um mesmo padrão de  atendimento, confiabilidade e credibilidade. Priorizar a qualidade do serviço e não apenas a produção e a produtividade", diz Edson Mizoguchi.
 
Este ano, o SBRHVI começou a rodar em caráter de "safra piloto" e todas as atividades definidas para os laboratórios estão sendo realizadas.  Já foram entregues 18,5 mil amostras para a checagem dos equipamentos e para o programa algodão de verificação interna. O programa interlaboratorial e o de re-teste estão em andamento, de acordo com o gestor.
 
Extensa jornada
 
Maior produtor de algodão do país, o Mato Grosso colheu, em 2016/2017, cerca de um milhão de toneladas de algodão em pluma, em 626,6 mil hectares. Não por acaso, é o estado que tem o maior número de laboratórios de classificação – seis ao todo – que, juntos, reúnem 34 equipamentos de HVI. São eles Cooperfibra (Campo Verde), Unicotton (Primavera do Leste), Petrovina (Pedra Preta), Kulmann (Sapezal) e as unidades da Bolsa Brasil Balcão- B3, em Rondonópolis e Sorriso.
 
As visitas eram aguardadas pelos classificadores, que foram unânimes em considerá-las importante como um "olhar de fora", mais apto a identificar pontos de melhoria. "Ficamos muito satisfeitos e atentos às sugestões", disse o supervisor da Cooperfibra, Cleciano Silva Moreira. Só nesta safra, 2016/2017, que ainda está em curso, o laboratório realizou 451 análises por instrumento e, aproximadamente, 450 mil visuais.
 
Para o diretor executivo da Unicotton, Adelar Dahmer, o SBRHVI, em todos os seus fundamentos, é "o diferencial que precisávamos nesse mercado internacional do algodão". Ele conta que estão trabalhando em dois turnos para dar conta da demanda, em uma média de 10 mil amostras classificadas por dia. "Mas conseguimos fazer mais de 13 mil se precisar", avisa o diretor, que estima ainda haver algo em torno de 150 mil amostras em contrato, que devem chegar nos próximos dias.
 
Na Kuhlmann, o gerente de operações Arthur Machado enfatizou a "forma positiva como a Abrapa conduz o programa, que permite a troca de experiências entre os laboratórios e uma visão clara dos seus objetivos e estratégias. Na unidade de Sapezal, a empresa possui dez máquinas de HVI, com capacidade de analisar dois milhões de amostras por safra e cerca de 18 mil por dia. Neste ciclo, a previsão é de que 1,4 milhão delas passem por seus instrumentos.
 
Em níveis maiores ou menores, todos os laboratórios já vinham implantando seus próprios padrões, alguns deles com certificações como a ISO. "Com o SBRHVI, o objetivo da Abrapa é parametrizar e harmonizar a classificação, garantindo o resultado de origem e consequentemente, dando credibilidade e transparência aos resultados das análises instrumentais realizadas nos laboratórios de HVI que operam no Brasil e fazem parte do programa", afirma o presidente da Abrapa, Arlindo de Azevedo Moura.
 
Márcio Ferreira Paz, responsável pelo laboratório Petrovina, em Pedra Preta, afirma que eles, com a contratação de uma assessoria externa, já haviam listado alguns pontos que poderiam ser incrementados em suas operações. "A vistoria só ratificou essa percepção, e trouxe ainda mais oportunidades de melhoria", diz. Na safra em curso, o Petrovina, que tem capacidade para analisar 250 mil amostras por ciclo, está trabalhando com um universo de 100 mil, nos seus dois instrumentos, que hoje realizam duas mil análises a cada 24 horas.
 
Há 65 anos, a BM&F Bovespa atua em classificação de algodão, e a tradição se manteve, mesmo após a união com a Cetip, de onde surgiu a B3 (Brasil Bolsa Balcão), detentora de três laboratórios, divididos entre Bahia, Mato Grosso e São Paulo. Juntos, eles analisam 15 mil amostras/dia, em suas 11 máquinas de HVI. Na unidade paulista, a maratona de visitas do terceiro pilar, em 2017, foi encerrada. Segundo Hideko Nabas, coordenadora de laboratório, será "muito bom quando o programa estiver funcionando plenamente", afirma.

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