Apassul reúne setor sementeiro do RS para debater morte de plântulas de soja

Problema preocupa agricultores gaúchos na safra 2018/2019

03.12.2018 | 21:59 (UTC -3)
Marianna Rebelatto

No dia 28 de novembro, a Apassul (Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul) reuniu em Passo Fundo um grupo de mais de 80 técnicos representantes de produtores de sementes associados para debater um problema que está preocupando os agricultores do estado, a morte de plântulas de soja e podridão de sementes. O tema foi abordado pelo fitopatologista Dr. Erlei Melo Reis e debatido entre os técnicos de campo.

De acordo com Reis, várias lavouras de soja do planalto médio tiveram que ser ressemeadas devido a esta situação. O problema atingiu principalmente agricultores que plantaram na segunda quinzena de outubro, e foi causado por precipitações muito acima de média para a época do ano e chuvas torrenciais sequenciais concentradas em alguns locais.

O fitopatologista explica que o excesso de umidade do solo faz com que os fungos presentes na terra, como Pythium spp. e Phytophthora spp., produzam esporos, que atacam e adoecem as plântulas.

Em nota técnica, o Laboratório de Fitopatologia/Nematologia da UPF (Universidade de Passo Fundo) relata já ter recebido 60 amostras com sintomas de podridão de sementes e/ou tombamento de plântulas. 83% delas apresentaram a presença de estruturas de sobrevivência dos fungos Pythium spp. e Phytophthora spp..

Segundo o professor Erlei Melo Reis, solos que não drenam facilmente, argilosos e compactados, tendem a agravar estas condições. Por outro lado, a utilização de cultivares resistentes ou tolerantes a fitóftora pode amenizar o problema.

Em casos de necessidade de ressemeadura, a recomendação é que os agricultores esperem o solo secar para implantarem novamente as lavouras.

“A situação é bastante grave e envolve vários fatores, é preciso avaliar caso a caso”, pondera o engenheiro agrônomo da Apassul, Jean Carlos Cirino. Mas já se sabe que, além dos custos de ressemeadura, em alguns casos, os agricultores perderão em produtividade. “Quando se semear fora da janela ideal da cultivar”, lamenta Cirino.

O engenheiro agrônomo da Apasassul explica, problemas como este são esporádicos, o que reforça a tese da sua grande relação com o clima. Refletir a respeito da antecipação da semeadura que vem ocorrendo em nosso estado é importante. “Se este fato persistir, problemas como este podem vir a se tornar mais comuns”, comenta o engenheiro agrônomo da Bayer Carlos Henrique Dalmazzo. Conforme o engenheiro agrônomo da GDM, Sergio Bertagnolli, “a tomada de decisão em plantar a soja em um ambiente tecnicamente desfavorável, sobrepôs até mesmo as boas práticas agrícolas utilizadas até então.”

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