Brasil deve colher 120,6 mi de ton de soja, estima Aprosoja Brasil

Mato Grosso segue líder da produção do grão, com 34,013 milhões de toneladas, seguido por Paraná (20,508 mi de ton)

17.03.2020 | 20:59 (UTC -3)
Aprosoja Brasil

Apesar das fortes perdas provocadas pela estiagem no Rio Grande do Sul, o Brasil deve colher 120,6 milhões de toneladas de soja na safra 2019/2020 e se consolidar como o maior produtor mundial da oleaginosa, superando os Estados Unidos. Os números são da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e fazem parte do boletim Estimativas de Safra, divulgado pela entidade nesta terça-feira (17/3).

Mato Grosso segue líder da produção do grão, com 34,013 milhões de toneladas, seguido por Paraná (20,508 mi de ton), Rio Grande do Sul (12,769 mi de ton), Goiás (12,500 mi de ton) e Mato Grosso do Sul (10,573 mi de ton). A área plantada no país atingirá 36,9 milhões de hectares.

Na avaliação do presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, a safra 2019/2020 pode ser considerada boa na maior parte das regiões produtoras.

“A região centro-oeste, que representa mais de 50% da produção brasileira e onde o plantio foi um pouco mais tardio por causa das chuvas, praticamente não apresenta problemas de produtividade. As lavouras no Matopiba, nos estados do Norte e no restante do Brasil estão indo bem. Apesar das dificuldades pontuais, seremos o maior produtor de soja do planeta”, avalia.

O quadro geral é diferente do que ocorre em regiões do Rio Grande do Sul, onde há perdas de cerca de quase 50%. Bartolomeu Braz diz que a entidade está atenta às necessidades dos produtores gaúchos e buscará apoio do governo federal para equalizar situações de endividamento dos produtores.

“Muitos produtores não têm um seguro agrícola adequado e vão atravessar uma situação difícil. Estamos trabalhando em conjunto com outras entidades para que os ministérios da Economia e da Agricultura viabilizem uma solução para o endividamento desses produtores. Há a possibilidade de uma resolução do Banco Central e até linhas de crédito específicas”, comenta.

Os números da entidade diferem dos dados apresentados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Departamento Norte Americano de Agricultura (USDA), que em seus levantamentos apresentados em março apontaram colheitas de 124 milhões de toneladas e 126 milhões de toneladas, respectivamente.

“Nosso levantamento tem por base dados coletados nos 16 estados produtores, o que nos permitiu vermos o que está acontecendo com a produção. Conseguimos identificar perdas em decorrência da seca que aumentaram muito nas últimas semanas e que outros órgãos não apontaram em seus levantamentos. A Aprosoja Brasil tem feito isso com responsabilidade mostrando ao Brasil e aos mercados que as nossas projeções são feitas por técnicos e produtores”, reitera Bartolomeu.

Exportações em alta

A safra 2019/2020 apresenta uma retomada no crescimento das exportações brasileiras em relação à safra anterior. A partir de informações da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio (Secex) e do Ministério da Agricultura (Mapa), a Aprosoja Brasil projeta que as vendas externas devem passar de 74,6 mi/tons para 77 mi/tons.

Já as vendas de farelo de soja passarão de 16,6 mi/tons para 16,9 mi/tons, enquanto que as de óleo terão recuo de 1,03 mi/tons para 900 mil toneladas. No total, o faturamento do país com produtos de soja comercializados para o exterior deve passar de US$ 32,6 bi para 33,3 bi.

Conforme dados fornecidos pelo USDA e pela Secex, o Brasil tem 50% das exportações mundiais de soja, 25% de participação no comércio internacional de farelo e 17% das vendas de milho para o exterior. Cerca 40% do total exportado pelo agronegócio vem do complexo soja.

Em seu boletim, a Aprosoja Brasil usou dados do Ministério da Agricultura e da Embrapa para projetar o desempenho do setor entre as safras 2018/2019 (já encerrada) e 2028/2029. A produção deve crescer 32,9%, as exportações crescerão 41,8% e o consumo deve crescer 22,6% nos próximos dez anos.

Segundo dados do USDA, os Estados Unidos também devem elevar as vendas externas de soja de 47,6 mi/tons para 49,7 mi/tons, resultado esse que ainda dependerá da primeira fase do acordo comercial com a China, e que pode se intensificar no segundo semestre com a entrada da soja norte-americana no mercado. Já a Argentina, cujo governo aumentou a taxação sobre exportações (retenciones) reduziu seus negócios do grão de 9,1 mi/tons para 8,2 mi/tons.

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