Busca de novos mercados e controle de pragas são destaques na reunião da Câmara Setorial da Noz-Pecã

Pecanicultores gaúchos devem colher a melhor safra da história e já buscam novos mercados

07.05.2021 | 20:59 (UTC -3)
Maria Alice Lussani/SEAPDR

Uma pauta extensa marcou a reunião da Câmara Setorial da Noz-Pecã nesta quinta-feira de manhã (06/05) de forma virtual. Participaram do encontro, que durou cerca de 3 horas, representantes do Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Agência de Promoção de Exportações (Apex-Brasil), Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Emater, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Embrapa Clima Temperado, Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), produtores e empresários.

A abertura do comércio de noz pecã do Brasil para a China foi o destaque feito pelo Presidente da Câmara Setorial e do IBPecan, Demian Costa. Segundo ele, graças às negociações que o Mapa está fazendo foi possível abrir a exportação da noz pecã descascada. E disse que está prevista a vinda de uma missão chinesa ao país para ver as condições de produção e de industrialização. O mercado espera também abrir a venda da noz pecã na casca. O Rio Grande do Sul é o maior produtor do país e deve colher neste ano aproximadamente 4.500 toneladas.

O pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Carlos Martins, apresentou aos participantes os avanços da categorização da noz-pecã no minor-crops (culturas com suporte sanitário insuficiente), desenvolvidos pelo grupo de especialistas formado por técnicos da região sul do Brasil. A partir de tratativas do grupo, houve a migração de subgrupo da cultura, que passou para o subgrupo 1B, na mesma classificação da manga e do mamão. Os próximos passos são a apresentação da demanda do setor para as empresas que possuem produtos registrados para este subgrupo, demandando a extensão de uso destes produtos para a cultura da nogueira-pecã.

Já o pesquisador Dori Nava apresentou os resultados preliminares de uma pesquisa realizada pela Embrapa Clima Temperado com o escotilídeo, um besouro que desenvolve galerias no lenho das plantas, e que é considerado uma das pragas que mais preocupa os produtores. O estudo realizado em Candiota num pomar de 87 hectares, identificou 28 espécies de Scolytinae e 1 de Platypodinae. Destas, duas espécies são mais frequentes na estação quente e uma na estação fria. De acordo com Nava, não há registro de inseticida com eficiência no controle do besouro.

“As alternativas são o uso de armadilhas e a instalação de pomares em áreas recomendadas pelo zoneamento, solo adequado (não pode ser solo raso ou encharcado) e adubação correta”, afirma ele. Nava informa que está em elaboração um manual de identificação do ataque de pragas em algumas culturas, incluindo a noz-pecã.

O chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários (Disa) da Secretaria da Agricultura, Rafael Lima, mostrou o resultado dos laudos de deriva de 2,4D na cultura de noz-pecã, sensível ao herbicida hormonal. De outubro a dezembro de 2020, as sete amostras  de noz-pecã coletadas tiveram presença de 2,4D em sete propriedades nos municípios de Santiago, Cacequi, Tupanciretã, Itaqui, Livramento e Rio Pardo. “Nós estamos trabalhando em várias frentes: o lado educacional, o lado da sensibilização, o financeiro, o civil e o penal. São várias situações diferentes”. E pediu o apoio dos pecanicultores para fazer o registro de suas propriedades no site da secretaria. Atualmente existem 18 cadastradas. ”O produtor cadastra sua propriedade e desenha o polígono e pode visualizar quem usa o produto hormonal”, destaca Lima. 

Os incentivos aos produtores para a exportação de noz-pecã foram apresentados pelos representantes da CNA e da Apex-Brasil.

O programa PEIEX (Programa de Qualificação para Exportação) atendeu 1200 municípios em 2020, apoiando 4349 empresas. “Ele busca dar para empresa a qualificação inicial para fazer negócios internacionais como documentos, formação de preço, modal de transporte. E é gratuito”, destaca Gabriel Isaacsoon, do Escritório Sul da Apex. E existem outras ferramentas, outros cursos, que podem ser acessados aqui.

Já Arturo Muttoni, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) apresentou o programa Agro.BR, lançado em março de 2020, e que é fruto de um convênio entre a CNA e Apex-Brasil. No Rio Grande do Sul, ele é executado em parceria com a Farsul, e visa sensibilizar, capacitar, planejar e viabilizar a geração de exportações para empresários rurais brasileiros. Uma oficina de capacitação para os pecanicultores está prevista para o mês de junho. 

Entre os diversos encaminhamentos da Câmara Setorial está a disponibilidade da Câmara Setorial da Noz-Pecã e do IBPecan para auxiliar o GT de especialistas na conversa e apresentação das demandas dos produtores sobre a necessidade de cadastramento de produtos para utilização no cultivo da Nogueira-Pecã.

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