China tem crescimento do consumo de café maior que 1.000% nos últimos dez anos

Crescimento econômico do país motivou incremento do consumo de café que passou de 300 mil para 3,8 milhões de sacas na última década

02.01.2019 | 21:59 (UTC -3)
Lucas Tadeu Ferreira

O consumo de café na China, na última década, teve um aumento bastante expressivo ao atingir volume equivalente a 3,8 milhões de sacas de café no ano-cafeeiro 2017-2018. Esse número que representa aumento superior a mil por cento (1.032%) em relação ao volume consumido em 2008-2009, que foi de 300 mil sacas. Tal incremento pode ser atribuído principalmente ao expressivo crescimento econômico do país nas últimas décadas, o que tem proporcionado elevação do padrão médio de consumo da população, inclusive aumento da demanda por café.

Vale destacar que o consumo de café na China, objeto desta análise, que é o país mais populoso do mundo, com 1,4 bilhão de habitantes, a despeito de ter registrado esse crescimento, ainda tem elevado potencial de expansão, pois projeções da melhoria do rendimento médio dos chineses estimam que por volta de 600 milhões de pessoas comporão a classe média do país em 2022.

No contexto da cafeicultura mundial, os três maiores consumidores, na temporada 2017-2018, foram a União Europeia, com 45 milhões de sacas, Estados Unidos – 25,9, e Brasil de 22,3 milhões de sacas. Com base nesse número do nosso País, constata-se que o Brasil tem hoje um consumo per capita de aproximadamente 6,4kg de café por ano. Assim, qualquer estimativa e extrapolação que venha a ser feita com o consumo futuro per capita da China, com certeza, denotará projeções de volumes bastante expressivos nas próximas décadas.

Esses números da performance do consumo de café na China, entre outros dados relevantes do setor, foram extraídos da revista Negócio Café – Ano 01 Número 04 - Dezembro 2018, editada com a colaboração do Núcleo de Estudos em Cafeicultura – NECAF, da Universidade Federal de Lavras - UFLA que está disponível na íntegra no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Até março de 2018, esses dados e análises do cenário da cafeicultura mundial foram divulgados pelo Bureau de Inteligência Competitiva do Café, também da UFLA, cujas publicações também estão postadas no Observatório.

A revista Negócio Café traz ainda como destaque nesta edição que as cafeterias da China têm se concentrado nos grandes centros, como Xangai e Pequim, a propósito de uma grande parcela da classe média desse país ainda residir em cidades intermediárias que têm potencial para ampliar o consumo de café, no contexto do potencial da classe média estimada mais que meio bilhão de habitantes. Além disso, a revista Negócio Cafésalienta que os chineses também estão substituindo o café solúvel pelo torrado, em grãos ou moído, pois no último ano as vendas desses produtos registraram crescimento de 60% superior às vendas de café solúvel. E, mais que isso, também foi observado um incremento de 1.000% nas vendas de cápsulas, nesse mesmo período.

Com base nesse potencial de crescimento e nas mudanças de hábitos de consumo verificados na China nas últimas décadas, sem dúvida, constata-se que o país se transformará em um dos maiores mercados consumidores de café do mundo. Tais fatores estão motivando multinacionais do setor a se posicionarem de forma a atender o mercado Chinês, com a instalação de novas torrefadoras e cafeterias no país, além da expansão das empresas que já estão estabelecidas.

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