Chuvas poderão ser menores nas regiões cafeeiras de minas no último mês do verão

Faltando menos de um mês para o fim do verão, o calor, apesar das chuvas em grande parte do país, não tem dado tréguas.

23.02.2016 | 20:59 (UTC -3)
Williams Ferreira e Marcelo Ribeiro

No mês de janeiro, as chuvas generalizadas e, algumas vezes, forte localmente se mantiveram assegurando as perspectivas favoráveis para a cultura do café, da soja e do milho assim como para outras culturas de verão no Sul e Sudeste do Brasil. Em grande parte do Nordeste as condições de seca têm permanecido influenciadas pela presença do fenômeno El Niño.

Nas últimas duas semanas as chuvas sazonais se intensificaram por toda a região central do Brasil e também em algumas áreas produtoras do Nordeste, o que tem sido favorável para culturas como a soja, o algodão e demais culturas de verão. No Sul do Brasil as expectativas para as culturas de milho e soja, assim como para as demais culturas de verão, têm se mantido favoráveis devido as chuvas.

Chuva no mês de março

No mês de março há aproximadamente 40% de probabilidade de as chuvas ocorrerem abaixo da média para o estado de Minas Gerais, com exceção das mesorregiões do Vale do Rio Doce, Vale do Mucuri e Jequitinhonha, sendo nessa última desde Araçuaí até Almenara; também na região do Norte de Minas, em Salinas, Janaúba e Januária, e também no noroeste de Minas, na região de Unaí, nos quais a probabilidade de as chuvas ficarem abaixo da média é maior (50%). Na região de Poços de Caldas, no Sul de Minas, e em Frutal, no Triângulo Mineiro, as chuvas poderão ficar dentro da média do mês.

Chuva no trimestre março a maio

Para Minas Gerais, ao longo de toda a região de cor alaranjada (Figura 1), há 55% de probabilidade de que o volume de chuva ocorra abaixo da média do período durante o trimestre março, abril e maio, enquanto que na região de cor amarela há aproximadamente 45% de probabilidade de que as chuvas também fiquem abaixo da média nesse trimestre. A parte mais ao sul do estado, na cor branca, a probabilidade é de que as chuvas ocorram dentro da média normal para o período.

El Niño

Após atingir o seu máximo no final de 2015, é esperado que já no próximo mês esse fenômeno comece a perder mais a força, com previsão de término até o início do próximo inverno (fim de junho). O monitoramento de 26 eventos de El Niño desde 1900 revelam que cerca de 50% deles foram seguidos por um ano neutro e que 40% foram seguidos por um La Niña. Todavia, apesar de os modelos climáticos internacionais indicarem, com base no atual padrão climático, que as condições de ENOS (El Niño Oscilação Sul) serão de neutralidade após o término do atual El Niño, já há alguns sinais na atmosfera de que essa condição de neutralidade não deverá permanecer por muito tempo, mas sim poderá ocorrer logo em seguida o desenvolvimento de um fenômeno La Niña, ainda na próxima estação da primavera, fazendo com que no próximo verão, com início no final de 2016, a região Sul do Brasil passe a enfrentar uma estação com chuvas abaixo da normal, ao contrário do que tem ocorrido atualmente nessa estação, ou seja, o próximo verão poderá ser seco para aquela região.

Temperatura

Para os próximos meses é esperado que as temperaturas em todo o estado de Minas fique acima da média normal do período, sendo apenas a partir de julho esperado situação diferente. Destaca-se, todavia, que a mudança sazonal ocorrerá de maneira natural, porém sempre com anomalias positivas em todo o estado.

O Café

Com a possibilidade de redução das chuvas a partir do mês de março, maior atenção deve ser dada à época de realização para a última fertilização do solo das lavouras de café. Diante do bom desenvolvimento vegetativo que tem ocorrido em função do volume favorável de chuvas nos últimos meses, a realização no presente momento de fertilizações foliares surge como uma boa opção para assegurar um bom crescimento da planta, que poderá ser uma boa contribuição para a produção da próxima safra. Destaca-se que as últimas condições de chuva e temperatura têm sido fatores favoráveis ao aparecimento da cercosporiose precoce nos frutos ainda verdes, o que pode contribuir para o aumento dessa doença. As lavouras devem então ser acompanhadas mais de perto, a fim de se fazer o controle da infecção em tempo hábil, caso seja necessário.

A análise e o prognóstico climático aqui apresentados foi elaborada com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente daqueles atuantes na América do Sul. Foram consideradas ainda as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA; Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade - IRI; Met Office Hadley Centre; Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo - ECMWF; Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e com base nos dados climáticos disponibilizados pelo INMET/CPTEC-INPE. Pelo fato do prognóstico climático fazer referência a fenômenos da natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças drásticas, a EPAMIG e a Embrapa Café não se responsabilizam por qualquer dano e, ou, prejuízo que o usuário possa sofrer, ou vir a causar a terceiros, pelo uso indevido das informações contidas na presente matéria. Sendo de total responsabilidade do usuário (leitor) o uso das informações aqui disponibilizadas.

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