Com a safra de grãos de verão quase encerrada, inicia preparativos para a de inverno

​A colheita dos grãos de verão está encerrando e os produtores gaúchos iniciam os preparativos para a semeadura do trigo e de outras culturas de inverno

06.05.2016 | 20:59 (UTC -3)
Adriane Bertoglio Rodrigues

A colheita dos grãos de verão está encerrando e os produtores gaúchos iniciam os preparativos para a semeadura do trigo e de outras culturas de inverno, como canola e linhaça. De acordo com o Informativo Conjuntural, elaborado pela Emater/RS-Ascar, a colheita da soja e do milho atinge 95% e as produtividades têm surpreendido os produtores de forma positiva.

Com uma produtividade média de 2.988 kg de soja por hectare, considerada boa pelos produtores gaúchos, resta agora focar no mercado e realizar boas vendas para coroar a safra com bom lucro. O mercado está favorável e beneficiado pela forte participação de fundos de investimentos no mercado das commodities agrícolas, pelo clima adverso na América Latina, principalmente pelo excesso de chuva na Argentina, e pelo aquecimento das exportações da soja, especialmente para a China. Até o momento, cerca de 70% da safra brasileira de 98,9 milhões de toneladas de soja foram comercializadas. Da safra 2016/17, em torno de 20% já foi comercializada no mercado futuro. Aproveitando os preços atrativos, muitos sojicultores estão vendendo a soja e adquirindo insumos para uso nas próximas safras.

Também com 95% das lavouras colhidas, o milho atinge altas produtividades, acima dos 6 mil quilos por hectare, com boa qualidade comercial. Os agricultores gaúchos estão ofertando o produto e retendo a soja, acreditando na melhoria de preço da oleaginosa. Os preços do milho continuam sustentados por escassez, estoques apertados e incerteza da safrinha brasileira. É tanta a preocupação com o abastecimento interno, que o Governo Federal autorizou a importação de um milhão de toneladas de milho de fora do Mercosul, com isenção da tarifa de importação.

No arroz, a colheita foi beneficiada pelo tempo seco e sem chuvas dos últimos dias e alcança 84% da área. As produtividades obtidas nas lavouras mais tardias ficaram bem abaixo daquelas colhidas por primeiro, fazendo com que a produtividade média no Estado fique ao redor de 7,3 mil quilos por hectare. Com isso, a produção deverá ser de 7,8 milhões de toneladas de arroz, uma diminuição de 9,98% em relação ao ano passado.

Já o feijão 2ª safra ou safrinha evolui de forma normal, com as lavouras nas fases de formação de grãos, maturação e também colheita, no caso, das variedades precoces já maduras. As lavouras apresentam bom status sanitário, apesar de problemas pontuais de doenças fúngicas, além do risco das baixas temperaturas e geadas. No RS, essas lavouras são destinadas basicamente para o consumo da propriedade, com o excedente sendo comercializado em feiras e pequenos mercados, onde os produtores obtêm preços mais compensadores.

Trigo – Apesar de ainda não definida se haverá diminuição ou manutenção da área cultivada com trigo no Estado, os agricultores iniciam os preparativos para a semeadura do trigo. Segue a aquisição de sementes para a próxima safra e o encaminhamento de projetos técnicos aos agentes financeiros para o financiamento da cultura de inverno. De acordo com o Zoneamento Agroclimático para o Trigo, o plantio deverá iniciar a partir da segunda quinzena de maio, pelas regiões Missões e Noroeste.

Cultivos de inverno, como canola, linhaça e girassol, têm despertado o interesse dos agricultores. Outro avanço observado é o cultivo de aveia e azevém com intuito do estabelecimento da ILP (Integração Lavoura Pecuária). No caso da linhaça, há indícios de aumento da área plantada na região Noroeste.

Citros - Com o final da colheita da bergamota Satsuma, a mais precoce das frutas cítricas, toma impulso a colheita da bergamota Caí, a primeira a ser colhida do grupo das comuns, que inclui a Pareci e a Montenegrina. A Montenegrina é a mais tardia e o raleio está sendo finalizado. O raleio é a retirada de parte das frutas na planta, com o objetivo de evitar a alternância e propiciar um maior desenvolvimento para as frutas que ficam na planta.

Pinhão - A partir do dia 15 de abril está liberada a colheita, o transporte e a comercialização do pinhão no Estado (Portaria Normativa DC nº 20, de 27.09.76-IBAMA). A safra do pinhão concentra-se de abril a junho, mas como a maturação das pinhas de variedades mais tardias, como Macaco e Cajuva, se dar em épocas diferentes, pode-se colher pinhão até meados de setembro. A safra atual apresenta boa qualidade, no entanto, comparativamente à safra anterior, se observa uma queda na produção em torno de 30% a 40%, com redução também no tamanho das pinhas e das sementes. Segundo os extrativistas, a queda na produção se deve ao excesso de chuva na florada e a invernos atípicos, fatores que afetaram a fecundação e a polinização.

Forrageiras - Com o avanço da colheita da soja, inicia o preparo das áreas para uso com o gado de corte, sendo que nos próximos meses deverão se intensificar as operações de compra de animais para engorda.
As espécies forrageiras de verão foram bastante favorecidas pela condição de temperaturas elevadas ocorridas em abril (temperaturas acima da média histórica), boa radiação solar e chuvas dentro do normal. Com essas condições ideais (umidade, sol e calor), houve um incremento significativo de produção de matéria seca das pastagens nativas e cultivadas perenes de verão. Dessa forma, os campos nativos e as pastagens cultivadas perenes ainda oferecem forragem em quantidade suficiente para que os rebanhos de gado de corte e de leite tenham uma boa condição corporal.
A partir de agora, com a redução da temperatura, as pastagens de verão estabilizam o crescimento e reduzem a qualidade, e as pastagens de inverno, recém-semeadas, são favorecidas pelo tempo frio e pela presença de radiação solar, registrada a partir de segunda-feira (02/05), na maioria das regiões.

Apicultura - Apicultores da região do Planalto estão terminando a terceira colheita do mel e começando o manejo de inverno (entrada da entressafra). O preço ao consumidor está na faixa dos R$ 22,00/kg, sendo que alguns municípios registram a falta de mel, mesmo em plena safra. As floradas predominantes são das espécies nativas e de eucalipto.

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