Como combater a praga do morango Drosophila suzukii

Cerca de setenta produtores participaram na noite de ontem, dia 25 de abril, do Seminário ”A praga Drosophila suzukii no cultivo do morango”, no Centro de Cultura de Feliz, em Feliz, RS

26.04.2018 | 20:59 (UTC -3)
Maria Francisca Canovas de Moura

 Cerca de setenta produtores participaram na noite de ontem, dia 25 de abril, do Seminário ”A praga Drosophila suzukii no cultivo do morango”, no Centro de Cultura de Feliz, em Feliz, RS. A palestra foi apresentada pelo pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Régis Sivori Silva dos Santos e contou  com apoio da Emater/RS-Ascar, Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do RS e Prefeitura Municipal de Feliz.

O morangueiro é um dos hospedeiros da Drosophila suzukii, uma mosca originária do Japão capaz de perfurar frutos sadios ainda em desenvolvimento nas plantas, podendo ainda transmitir patógenos que depreciam a produção. Devido a presença do inseto, podem ocorrer perdas que variam de 30 a 80% da produção. Os frutos infestados ficam imprestáveis para a comercialização e o consumo.

A  Drosophila suzukii é uma mosquinha pequena, medindo de 2 a 3 mm de comprimento, que ataca os principais frutos de  pele fina. As fêmeas adultas perfuram a superfície da fruta e depositam ovos cujas larvas se alimentam da polpa das frutas. A fruta infestada colapsa alguns dias após a postura.

A temperatura propícia para desenvolvimento da Suzuki é de 20 a 25ºC com atividades de oviposição no fim do dia, à noite e nas primeiras horas da manhã. As temperaturas mais amenas favorecem seu desenvolvimento, enquanto que as temperaturas mais elevadas inibem. A espécie se reproduz o ano todo com temperaturas favoráveis completando o ciclo de ovo a adulto em aproximadamente 11 dias.

Dois produtores de morangos em Feliz, RS, Carlos Henzel e Odair Seidel, estiveram no evento e  concordam que é fundamental colher o morango antes da maturação e não deixar frutos danificados no chão, próximo à cultura. Para eles o papel da Embrapa em buscar soluções para o problema  é fundamental para a exploração  dos cultivos de morango no Vale do Caí no estado do Rio Grande do Sul. De maneira geral, os produtores e técnicos receberam informações geradas na região sobre o o manejo da praga.

Confira algumas orientações para o controle da D. suzukii, repassadas pelo pesquisador Régis Sivori Silva dos Santos:

 Controle cultural 

É a primeira linha de defesa contra a suzukii nos agroecossistemas de frutas hospedeiras da praga. Cultivo sob tela ou plástico (cultivo protegido) ajuda a impedir a dispersão da praga para o interior da área de cultivo. Evitar o aparecimento de danos que gerem aberturas na casca dos frutos, seja pelo manejo correto da irrigação (evitar rachaduras), ou por cuidados no manuseio de equipamentos e tratos culturais no cultivo (danos mecânicos). Intensificar a colheita não deixando frutos maduros nas plantas, nem caídos ao solo. Coletar e eliminar frutos imprestáveis dos pomares. Em caso de descarte em composteira, realizar tratamento térmico no resíduo (por congelamento ou solarização) antes do descarte.

 Controle físico 

A temperatura é fator chave no desenvolvimento da praga. Temperaturas acima de 30 0C não há eclosão e desenvolvimento larval de D. suzukii. Há menor incidência da praga em cultivos protegidos, onde a temperatura é mais elevada.

 Controle mecânico 

Uso de 25 armadilhas por estufa, iscadas com 500 ml de atrativo a base de fermento biológico ((20g), açúcar cristal (50g) e água (1 litro) por 6 dias. O atrativo da armadilha deve ser substituído a intervalos de 2 semanas, eliminando o material coletado.

Controle químico 

As aplicações de defensivos são realizadas nos períodos em que a fruta hospedeira é susceptível ao ataque da suzukii (em processo de maturação) e nos períodos em que os adultos da praga estão mais ativos no pomar ou seja, principalmente durante a noite e pela manhã, quando as temperaturas são mais amenas (em torno de 20°C). Para o controle químico, os principais inseticidas empregados são as espinosinas  e os piretróides.


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