Congresso Mundial de Ciência do Solo começa neste domingo (12)

O tema será “Ciência do solo: para além da produção de alimentos e de energia

09.08.2018 | 20:59 (UTC -3)
Fernando Gregio

Com o tema “Ciência do solo: para além da produção de alimentos e de energia”, o XXI Congresso Mundial de Ciência do Solo (XXI CMCS) reunirá no Rio de Janeiro (RJ), na próxima semana, entre os dias 12 e 17, no Winsor Conventions e Expo Center, cerca de 3 mil profissionais de 130 países para demonstrar e discutir avanços nos estudos das funções do solo, consideradas essenciais e estratégicas para questões como qualidade da água, diminuição da pobreza e produção de energia renovável.

Organizado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), com apoio da Embrapa Solos, o congresso acontecerá pela primeira vez na América Latina. Profissionais de diversas Unidades da Embrapaterão intensa participação na organização de simpósios, palestras e mesas-redondas, na demonstração de tecnologias e em visitas técnicas de campo. Ao longo da semana, o perfil oficial da Embrapa no Facebook trará informações sobre os principais acontecimentos.

Na cerimônia de abertura do congresso, no domingo (12), o diretor-executivo de P&D, Celso Moretti, representará a Diretoria da Embrapa. O pesquisador também ministrará palestra na conferência geral da segunda-feira (13) pela manhã, quando serão abertos oficialmente os trabalhos do evento.   

A Embrapa terá um estande no congresso para apresentação de suas tecnologias e avanços na ciência do solo. Haverá durante o evento o lançamento da quinta versão do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, em versão impressa e e-book, em português e inglês, além da 3ª edição revista e ampliada do Manual de Métodos de Análise de Solos.

Também serão apresentadas aos congressistas, no estande do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, informações técnicas sobre o Programa Nacional de Solos do Brasil (PronaSolos), que tem a missão de mapear 8,2 milhões de km² do território nacional até 2048, em escalas de 1:25.000 a 1:100.000. Profissionais de dezenas de instituições estarão dedicados à investigação, documentação, inventário e interpretação de dados dos solos brasileiros. 

Rede ILPF terá um espaço para demontrar os benefícios da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Uma das atrações do estande será o aplicativo Maquete virtual de ILPF em realidade aumentada

Feira e visitas técnicas

A Embrapa Solos vai organizar no evento uma feira de solos e realizará duas excursões técnicas de campo. Na feira, uma das atrações será a exposição do artista plástico português radicado no Rio de Janeiro Albano Rodrigues de Oliveira, que utiliza tinta feita com solo para pintar as paisagens da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ) e de grandes cientistas.

Também haverá a exibição de oito macromonolitos - representando os principais perfis dos solos brasileiros - de 60 cm de diâmetro por 80 cm de altura, que foram coletados em campo e estarão expostos em bancadas na feira de solos. Esses perfis mostram em detalhe o que está embaixo da terra.

A Universidade de São Paulo (USP) mostrará a Experimentoteca de Solos Portátil, que exibe, em kits didáticos, a preparação agrícola, a permeabilidade e a decomposição do solo. A Experimentoteca racionaliza o uso de material experimental, da mesma maneira que uma biblioteca pública.

A atração em 3D da feira será a caixa de areia desenvolvida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que demonstra noções de topografia e escoamento da água de acordo com a manipulação da areia pelo público.        

Já as duas excursões técnicas organizadas pela Embrapa, que serão realizadas na quarta-feira (15/8), levarão congressistas para propriedades rurais em Teresópolis, na região serrana fluminense, colocando-os em contato solos brasileiros, para demonstrar suas características morfológicas e práticas bem sucedidas de recuperação de áreas degradadas, agricultura de montanha com práticas conservacionistas e sistemas de produção.

Também no dia 15, a Embrapa Solos abrirá as portas de sua sede, no Jardim Botânico, para receber diversos congressistas para visitas guiadas ao circuito histórico da Unidade, reuniões técnicas, cursos e um seminário sobre solos e água.  

Congressistas de renome internacional

A conservação do solo aliada à agricultura sustentável é uma das bandeiras do indiano naturalizado estadunidense Rattan Lal, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007. Agraciado pela Academia Sueca pela sua participação no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o pesquisador alerta sobre a conservação ambiental na agricultura. “Muitas ideias sobre agricultura herdadas da “Revolução Verde”, que se baseavam em mecanização e uso intensivo de fertilizantes, pesticidas e herbicidas eram caras demais para o agricultor familiar”. Lal demonstrou que a combinação de plantio direto e rotação de culturas produzia lavouras sustentáveis que reduzem os efeitos negativos da erosão. “Nutrindo o solo, evitando revolvê-lo, fazendo rotação de culturas e cobrindo a terra com palhada, temos uma agricultura sustentável que reduz substancialmente os impactos da agricultura intensiva”.

O Congresso também trará para o Brasil cientistas como Pedro Sanchez, agraciado com o World Food Prize, em 2002, e professor de solos tropicais no Departamento de Ciências do Solo e da Água da Universidade da Flórida (EUA), um dos maiores nomes em solos tropicais do planeta. No evento, Pedro vai falar sobre os solos do mundo e como tratá-los adequadamente, conciliando seu uso com nossas necessidades de alimentação, combustível e água de qualidade. Outra presença importante é a da cientista Estelle Dominati, da empresa de pesquisa agropecuária neozelandesa AgResearch. Ela é referência em estudos dos serviços ecossistêmicos do solo. 

Congresso Carbono Neutro

Eventos de porte internacional, como o XXI CMCS, possuem elevado potencial de emissão de CO2, especialmente pelo deslocamento de seus participantes. A fim de neutralizar essas emissões serão plantadas árvores nativas em Valença (RJ) que, ao longo de 20 anos, realizarão essa compensação.

A escolha de Valença, situada na região do Médio Vale Paraíba do Sul, foi motivada pelo histórico de degradação da área, que data do descobrimento do Brasil. Além disso, a sua Bacia é fundamental na oferta de água para milhões de pessoas no estado do Rio de Janeiro.

Visite o site oficial do evento e saiba mais.

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