Cresce a associação das culturas de cana e soja

Em São Paulo a estimativa é de que as lavouras de soja em áreas de cana cheguem a 333 mil hectares

11.07.2018 | 20:59 (UTC -3)
Dayane Pozzer

   Modelo de negócio crescente no estado de São Paulo, as lavouras de soja em áreas onde é cultivada a cana chegam atualmente a 333 mil hectares. A opção, feita em área própria do produtor de cana ou com a parceria em outras áreas canavieiras, gera receita adicional e incrementa a nutrição do solo. Para que seja viável e frutífera, a associação das duas culturas exige conhecimento do ambiente de produção onde será realizada e a escolha correta das cultivares de soja.

    O primeiro pré-requisito é optar por uma cultivar de soja de ciclo precoce, conforme explica o pesquisador Denizar Bolonhesi, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que falou sobre o tema recentemente no 8º Congresso Brasileiro de Soja, em Goiânia (GO). “O ideal são variedades com ciclos abaixo de 120 dias, se possível 110 dias. Quanto mais cedo tirar a soja do campo, mais favorável vai a ser a implantação da cultura da cana”, explica. O pesquisador também lembrou dados do Instituto de Economia Agrícola, que estima que a área da oleaginosa em São Paulo pode dobrar, saindo de 856 mil hectares (dados de 2017) para 1,5 milhão.

      O segundo ponto a ser considerado é de que a cana é plantada em diversos tipos de estruturas de solos e, algumas vezes, em ambientes até mesmo desfavoráveis para o desenvolvimento da soja. O ideal é que a variedade de soja escolhida para a reforma do canavial tenha como característica essencial a rusticidade. “A soja é uma excelente ferramenta para beneficiar a associação cana-soja-cana, pois a cultura da soja melhora a fertilidade do solo, acrescenta nutrientes, principalmente nitrogênio”, explica Rogério Medeiros, supervisor de Desenvolvimento de Mercado da Tropical Melhoramento & Genética (TMG), empresa nacional de melhoramento genético de plantas, nas culturas de soja, algodão e milho.

      Para essa associação, o produtor de São Paulo pode contar, por exemplo, com cultivares da TMG. Segundo a empresa na safra 2017/18, as variedades TMG 7062IPRO, TMG 7063IPRO e TMG 7067IPRO se destacaram nas lavouras com essas condições, no estado de São Paulo e, ainda, em ensaios realizados nos municípios paulistas de Descalvado e Ribeirão Preto, em áreas de reforma de canavial. Os números foram apresentados pelo pesquisador Bolonhesi e mostram as três variedades nas primeiras colocações em relação à produtividade, em comparação com outras 11 e 15 cultivares de soja concorrentes.

     Outro pré-requisito exigido e presente nas cultivares TMG é a altura de inserção de vagem. A característica é importante pois as áreas de canaviais não possuem o nivelamento adequado para a produção de grãos. Sem a possibilidade de nivelar o talhão de soja, quanto mais alta for a inserção de vagem, menor será o impacto negativo sobre a produtividade. Conforme Bolonhesi existe a possibilidade de corrigir o terreno com grade, mas a proposta do consórcio é a da semeadura direta, ou seja, não ter erosão e sim aumentar a matéria orgânica do solo, além de realizar a parceria com custo baixo para obter lucratividade.

    O supervisor Rogério Medeiros lembra que a empresa é uma das primeiras obtentoras de genética de soja com foco no consórcio e que realiza trabalhos em parceria com consultores e produtores, no intuito de melhorar o sistema de reforma de canavial com a cultura da soja. “Trabalhamos para selecionar as melhores cultivares para este tipo de ambiente”, pontua. 

            Custos 

Além da receita que o produtor vai obter com soja na reforma de canavial, que chega a 10% do valor bruto da colheita do grão, a área será beneficiada com residual de nitrogênio que supre a necessidade da cana, tanto quanto um adubo verde. “De maneira geral, a soja ajuda a amortizar, em média, 40% a implantação do canavial, que gira em torno de R$ 7 mil”, conclui o especialista do IAC.

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