Cultivares superprecoces de soja são lançadas na Agrobrasília 2017

​Embrapa está disponibilizando ao mercado duas novas variedades de soja superprecoces e com elevado potencial produtivo para o Brasil Central

19.05.2017 | 20:59 (UTC -3)
Breno Lobato

Embrapa está disponibilizando ao mercado duas novas variedades de soja superprecoces e com elevado potencial produtivo para o Brasil Central. Destaques do programa de melhoramento genético da Empresa, a cultivar transgênica BRS 7280RR, resistente à ferrugem asiática da soja, e a convencional BRS 6980 foram lançadas na manhã de quinta-feira (18) na Agrobrasília 2017, feira de tecnologias realizada até este sábado (20) no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, no PAD-DF, Distrito Federal.

Coordenador do programa de melhoramento genético da soja para o Cerrado, o pesquisador Sebastião Pedro, Embrapa Cerrados (Planaltina, DF), falou sobre as características dos materiais, desenvolvidos em parceria com a Fundação Cerrados. O evento teve a participação do diretor-executivo de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa, Ladislau Martin Neto, do chefe geral da Embrapa Cerrados, Cláudio Karia, da presidente da Fundação Cerrados, Cristiane Morinaga. Também estiveram presentes cerca de 50 produtores, técnicos e pesquisadores.

Cláudio Karia destacou a missão da Embrapa de viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a agricultura em benefício da sociedade brasileira. “Com muita satisfação, estamos trazendo dois produtos que têm diferenciais bastante importantes em relação a produtos de outras empresas, que também são nossas parceiras. Sempre buscamos materiais que dêem mais sustentabilidade aos sistemas de produção”, afirmou.

Ao falar sobre o compromisso da Embrapa de gerar tecnologias, Ladislau Martin Neto ressaltou o esforço dos produtores em transformar o Brasil em potência agrícola e no enfrentamento dos novos desafios. “Nosso papel enquanto empresa pública é continuar propiciando alternativas para o produtor rural além daquelas que fizemos no passado, mantendo programas com as características que uma empresa pública deve ter”, disse.

O diretor acrescentou que, com o apoio dos produtores, uma empresa pública como a Embrapa pode tomar determinadas decisões estratégicas para enfrentar desafios futuros. “Temos um programa de melhoramento genético preventivo que identifica, no mundo, doenças com alto risco de alcançarem o País para podermos nos antecipar e trabalhar para gerar benefícios quando elas chegarem. Temos feito isso de forma continuada e com a percepção do que a Empresa pode fazer”, exemplificou.

A presidente da Fundação Cerrados, Cristiane Morinaga, fez um breve histórico sobre a instituição, constituída por empresas produtoras de sementes, destacando a parceria com a Embrapa no desenvolvimento de tecnologias para o Cerrado. Iniciado em 2010, o atual programa de melhoramento genético de soja tem permitido o lançamento de novos materiais. “Para nós, é um momento muito importante. A Embrapa vem nos dando suporte no manejo de nematoides e, agora, também da ferrugem asiática. Ela traz as soluções que o produtor precisa”, afirmou.

Resistência à ferrugem asiática

Na região do Distrito Federal, a BRS 7280 encerra o ciclo em 100 dias ou menos, dependendo da época. Tem hábito de crescimento indeterminado e é resistente ao acamamento. Além da resistência ao herbicida glifosato, oferece a oportunidade de manejo da ferrugem asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, devido a um gene que retarda a evolução do patógeno na planta. Pode ser utilizada em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária, na conversão de áreas de pastagem em agricultura.

É uma variedade que se adapta a diferentes regiões, sendo indicada para o plantio nas regiões edafoclimáticas e Estados (REC): 301 (GO), 303 (GO e MG), 304 (GO, DF e MG), 401 (GO), 402 (MT) e 403 (MT). Pode ser plantado tanto no início da estação chuvosa como no final da janela de plantio, em dezembro, com bom crescimento. A média de produtividade observada pela pesquisa ficou acima de 60 sc/ha, resultado considerado positivo para uma cultivar superprecoce.

“Dentro de uma visão de sistema, é uma variedade que vai permitir ao agricultor converter áreas de pastagens degradadas em agricultura. Se o produtor for pecuarista, vai permitir que ele utilize a mesma área para a safrinha e, após a colheita, para o plantio de uma forrageira”, explicou Sebastião Pedro. “E neste momento em que as moléculas (de fungicidas) estão perdendo eficiência, a variedade, que possui um gene de resistência, ajuda a manejar a ferrugem asiática”, completou.

Segundo o pesquisador, a cultivar é resultado de uma linha de trabalho que busca a estabilidade. “O produtor precisa usar bem os meios de produção e ganhar o máximo possível com menor dependência de insumos, como é o caso dos fungicidas para o controle da ferrugem asiática”, explicou.

Soja não transgênica

Já a cultivar convencional BRS 6980 fecha o ciclo com menos de 100 dias no Distrito Federal, sendo atualmente o material de soja não transgênica mais precoce do Cerrado. De crescimento indeterminado e rápido, a variedade é resistente ao acamamento e aceita elevadas populações de plantas (340 mil a 400 mil plantas/ha). Pode ser usada em sistemas de sucessão safra-safrinha. A produtividade média observada ficou acima de 70 sc/ha. Por ser convencional, permite ao produtor receber prêmios que podem chegar a 15% ou mais do preço de comercialização dos grãos nos mercados de Soja Livre, como o europeu.

A cultivar é indicada para o plantio nas regiões edafoclimáticas e Estados (REC): 301 (GO), 303 (GO e MG), 304 (GO, DF e MG) e 401 (GO). “É uma tecnologia sustentável não apenas do ponto de vista econômico como também do ponto de vista ambiental, pois é um material de ciclo rápido, que demanda pouco insumo e tem grande eficiência no uso de defensivos agrícolas”, afirmou Sebastião Pedro.

Ele acrescentou que a BRS 7280RR e a BRS 6980 foram testadas em produção sem adubo solúvel e com a tecnologia da rochagem. “Essas cultivares são produtos que estão na vanguarda de tecnologias que a Embrapa já está trabalhando para o futuro”.

As cultivares estão expostas na vitrine de tecnologias da Embrapa na Agrobrasília, juntamente com a BRS 7380RR e a BRS 9180IPRO. Os contatos das empresas que estão comercializando as sementes podem ser acessados nos links: BRS 7280RR e BRS 6980.

Homenagem

Durante o lançamento das tecnologias, Sebastião Pedro foi homenageado pela Fundação Cerrados homenagem pela coordenação das pesquisas de desenvolvimento de cultivares de soja adaptadas ao Cerrado. Uma placa de homenagem foi entregue pela presidente da fundação, Cristiane Morinaga, e pelo produtor Odelir Balbinotti, de Alto Garças (MT).

“Se não fosse pelo empenho dele, algumas regiões do Mato Grosso estariam hoje improdutivas. Estamos recuperando áreas (perdidas) devido aos nematoides graças à pesquisa da Embrapa. Além de pesquisador, Sebastião se dedica a ir a campo e vem acompanhando nossos problemas e trazendo a solução”, apontou o produtor.

“É muito emocionante receber uma homenagem dos parceiros. Trabalhamos na Embrapa com o objetivo de ajudar a sociedade e o produtor rural. Junto com os sementeiros da Fundação Cerrados, que são produtores rurais, vivenciamos os problemas que a agricultura traz”, afirmou o pesquisador. “O resultado que obtivemos é fruto da parceria e da sinergia que temos buscado com todos. Então, divido a homenagem com os meus colegas da Embrapa Cerrados, da Embrapa Soja, da Embrapa Produtos e Mercado e com a Fundação Cerrados, que é uma instituição focada e eficiente”, agradeceu.

Apresentações

O público também assistiu a palestras técnicas sobre temas relacionados às tecnologias lançadas. O supervisor do Setor de Implementação da Programação de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, Sérgio Abud, falou sobre manejo para alto rendimento com ênfase em ferrugem asiática da soja, enquanto o pesquisador Fabiano Perina, da Embrapa Algodão (Campina Grande, PB), palestrou sobre nematoides na cultura da soja.

Também foram apresentados os objetivos, as ações e os resultados da safra 2016/17 do Programa Soja Livre pelo coordenador Wininton Mendes. Marcos Melo, gerente de insumos da Caramuru Alimentos, empresa parceira do Soja Livre, falou sobre o mercado de soja não-transgênica e as possibilidades no Brasil e no mundo, enquanto o diretor-executivo da Aprosoja Brasil, Fabrício Rosa, destacou a sustentabilidade do negócio da soja convencional.


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