Embrapa apresenta tecnologias sustentáveis em agricultura tropical a 32 países africanos

Evento “O Brasil e a África no Agro”, promovido pelo MRE, abordou várias formas de cooperação de forma a disseminar o modelo agrícola brasileiro para aquele continente

15.10.2021 | 20:59 (UTC -3)
Embrapa

A Embrapa apresentou tecnologias sustentáveis em agricultura tropical para embaixadores de 32 países africanos no evento “O Brasil e a África no agro”, promovido pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), nesta quarta-feira (13/10), no Palácio do Itamaraty. O encontro teve como objetivo apresentar aos representantes diplomáticos várias formas de cooperação – técnica, acadêmica, tecnológica, financeira e empresarial – com vistas a disseminar o modelo de sucesso do Brasil na área de agricultura tropical para aquele continente. A Empresa esteve representada pelo diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, Guy de Capdeville.

Durante o painel voltado à cooperação tecnológica, o pesquisador Alexandre Amaral apresentou tecnologias sustentáveis com potencial de transferência para a África. Entre elas, destacam-se os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), adotados em mais de 11 milhões de hectares no Brasil, com capacidade de aumentar a produtividade sem expansão do uso de terras. Além da ILPF, Amaral ressaltou os benefícios do Sistema de Plantio Direto (SPD), o uso de tecnologias digitais na agricultura, como drones e robôs, e a biofortificação. Sobre essa última, o pesquisador afirmou que é uma solução tecnológica com grande potencial de benefício para os países africanos, pois não depende de mudanças nos hábitos alimentares da população, visto que se baseia na fortificação de produtos que já fazem parte da sua dieta.

Amaral enfatizou ainda as vantagens da Embrapa como parceira internacional. Segundo ele, a Empresa tem permissão para manter representações no exterior, o que permite a rápida e diferenciada resposta da Embrapa às oportunidades de cooperação científicas e negócios. O pesquisador destacou ainda que as parcerias com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), além de centros de pesquisa e universidades têm permitido importantes interações tanto no âmbito de cooperação para o desenvolvimento, quanto para a interação na fronteira do conhecimento, quanto para o licenciamento de ativos no exterior e a atração de investimentos estrangeiros. “Hoje temos mais de 150 acordos internacionais com 127 instituições de mais de 50 países”, pontuou, lembrando que a África é uma das prioridades para a Embrapa no que se refere à cooperação hoje.

O assessor da DE apresentou um breve histórico do desenvolvimento da agricultura no Brasil nas últimas cinco décadas que se mistura com a criação da Embrapa. “A pujança do agro brasileiro é fruto de investimentos em C&T e capacitação de pessoal nessa área”, afirmou. A ciência que move a agricultura do País resultou em números impactantes, entre os quais destacam-se: o aumento de 65 vezes na produção de carne de frango; 509% de grãos; 315% de arroz e 240% de milho e trigo.

Os três principais pilares do desenvolvimento agrícola brasileiro são: a transformação de solos ácidos e pobres em terras férteis, a tropicalização de plantas e animais e a criação de uma plataforma de desenvolvimento sustentável. Amaral afirmou que estamos vivenciando hoje o fenômeno de tropicalização do trigo no Cerrado. “Há resultados impressionantes na região que mostram uma produtividade de 8 toneladas por hectare, o que é o dobro da média internacional, de aproximadamente 3 a 4 toneladas por hectare, além da qualidade altíssima do grão para o processamento”, complementou.

No mesmo painel, participou a CEO da startup NAILA IoT, Nayana Machedo. Ela apresentou as soluções tecnológicas desenvolvidas pela empresa, que aliam robótica e sustentabilidade para reduzir o uso de água e fertilizantes na agricultura.

Cooperação técnica é um instrumento privilegiado de desenvolvimento

O presidente da ABC, Embaixador Ruy Pereira, apresentou a importância da cooperação técnica para os diplomatas africanos. Segundo ele, a cooperação técnica é um instrumento privilegiado de desenvolvimento. Desde o início dos anos 2000, a África tem crescido como polo econômico fundamental nesse sentido. Segundo Pereira, a transferência de conhecimento é capaz de estimular o desenvolvimento de capacidades autônomas.

O Embaixador ressaltou que hoje há 32 acordos de cooperação técnica com os países africanos, com 75 projetos em andamento. “A África ocupa lugar de destaque na cooperação internacional brasileira, com um terço dos projetos em execução atualmente no exterior”, pontuou.

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