Embrapa e Associação Rural de Bagé promovem curso sobre irrigação de pastagens

​Fruto de uma parceria entre a Embrapa e a Associação e Sindicato Rural de Bagé, ocorreu nos dias 13 e 14/12, na Embrapa Pecuária Sul, um curso sobre irrigação de pastagens

19.12.2016 | 21:59 (UTC -3)
Manuela Bergamim

Fruto de uma parceria entre a Embrapa e a Associação e Sindicato Rural de Bagé, ocorreu nos dias 13 e 14/12, na Embrapa Pecuária Sul, um curso sobre irrigação de pastagens. "Pensando em começar a discutir o tema, não se almejou um grande número de participantes, logo, esse primeiro módulo contou com a presença de cerca de 20 produtores" salienta a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul Márcia Silveira, que é responsável pelo projeto Irrigfor -Uso da irrigação para produção de leite em pastagens cultivadas no Rio Grande do Sul, iniciado em 2014.

O tema deste primeiro curso foi "Fundamentos para manejo de pastagens irrigadas" e enfocou a irrigação e os benefícios que ela pode trazer, associada ao manejo do pasto no ponto certo. A atividade foi voltada para produtores que já utilizam essa ferramenta ou que estão planejando a possibilidade de implantar sistemas de irrigação na propriedade. De acordo com o produtor de Aceguá (RS), Flávio Antônio Cantão, o curso foi de suma importância. "Pude ver o que está sendo pesquisado e conhecer vários conceitos. Com esse entendimento, nossas chances de acertar são bem maiores", conta.

Para a pesquisadora Márcia Silveira, a irrigação é uma ferramenta com várias aplicações, que visa não só disponibilizar água de forma artificial às plantas para aumentar a produçãode forragem, mas também flexibilizar o manejo e ações como adubação e plantio. Ou seja, permite gerenciar da melhor forma possível cada sistema de produção. O projeto Irrigfor procura estudar o comportamento de quatro cultivares de forrageiras (Tifton-85, capim-sudão, azevém e festuca) no que se refere às demandas de água ao longo do ciclo de produção.

De acordo com pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Gustavo Trentin, que também coordenou a capacitação, existem períodos em que não é necessário irrigar. Portanto, segundo ele, é preciso entender as necessidades de cada planta em diferentes períodos. Com isso, sabe-se realmente se há necessidade de complementar a água por meio da irrigação nos sistemas produtivos, buscando fazer o melhor uso dos recursos hídricos disponíveis na propriedade.

O enfoque dessa primeira capacitação foi elencar princípios como as relações que se estabelecem entre a influência do ambiente nas plantas e como os animais interferem na pastagem. Ou seja, como os componentes do ecossistema pastagem interagem, mostrando que qualquer mudança, como o uso da irrigação, irá impactar em todo o funcionamento desse ecossistema e que ajustes precisarão ser feitos. Dentro desse contexto, "é possível pensar a irrigação, não como a solução dos problemas, mas sim como uma ferramenta", explica Márcia Silveira.

Os produtores também visitaram as áreas do projeto onde estão sendo conduzidos trabalhos de monitoramento de plantas em parcelas e puderam visualizar o funcionamento de sistema de irrigação por aspersão, bem como alguns equipamentos para monitoramento da precipitação, umidade no solo e de tensão no solo."Alguns equipamentos que nós apresentamos para eles, como por exemplo o tensiômetro, mede a tensão com que a água está retida pelas partículas do solo. Indiretamente, o equipamento simula a condição da raiz de uma planta e indica a quantidade de água disponível para as plantas. Quando está alta será preciso irrigar para reduzir a tensão do solo. Muitos não conheciam e acabaram aprendendo a utilizar este equipamento que pode facilmente ser utilizado nas propriedades", destaca Trentin.

Segundo Márcia Silveira, os próximos passos do projeto consistem em dar continuidade às avaliações de plantas em parcelas, o início das avaliações a campo com animais em pastejo, o acompanhamento de Unidades de Observação e uma aproximação com o setor produtivo por meio da realização de dias de campo e capacitações. "O trabalho será grande, mas acredito que podendo contar com a ajuda de toda equipe envolvida, em breve teremos resultados interessantes para repassar ao setor produtivo, ou seja, é o tipo de trabalho que só é possível realizar em equipe", finaliza a pesquisadora.


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