Embrapa e Unicamp criam centro de pesquisa em mudanças climáticas com apoio da Fapesp

A Embrapa e a Unicamp, com apoio da Fapesp acabam de criar o Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada a Mudanças Climáticas

14.12.2017 | 21:59 (UTC -3)
Nadir Rodrigues

Para superar os desafios das mudanças climáticas à produção agrícola, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) acabam de criar o Centro de Pesquisa em Genômica Aplicada a Mudanças Climáticas (The Genomics for Climate Change Research Center – GCCRC).

O Centro tem como missão desenvolver soluções biotecnológicas com o uso de técnicas de genômica, genética e biologia molecular para a adaptação de culturas agrícolas a altas temperaturas e deficiência hídrica. O GCCRC será construído com a expansão da Unidade Mista de Pesquisa em Genômica Aplicada às Mudanças Climáticas (UMiP GenClima), que conta com atuação de pesquisadores, analistas, professores e técnicos da Embrapa e da Unicamp.

“Se há uma área que está se desenvolvendo rapidamente é essa. E é bom que a gente se torne altamente competente nessa área”, afirma o presidente da Fapesp, José Goldemberg. “Com a colaboração da Fapesp junto a Embrapa e a Unicamp nós podemos viabilizar esse projeto em termos realísticos”, explica. “Esse centro de engenharia tem a missão não só de fazer pesquisa básica de alta qualidade, mas de entregar tecnologia com potencial de ser transferida para o setor produtivo”, destaca o professor da Unicamp Paulo Arruda, coordenador do GCCRC.

Esta é uma oportunidade única de desenvolver uma plataforma nacional dedicada à busca do conhecimento mais avançado na fronteira da biologia para que se possa atingir o grande esforço que o Brasil precisa fazer cada vez mais de adaptar sua agricultura à realidade da mudança do clima, de acordo com Maurício Lopes, presidente da Embrapa. “Para nós da Embrapa é uma satisfação porque este projeto vai focar na busca de ativos de conhecimento. Nós podemos usar toda rede da Embrapa para validar esses protótipos de ativos biotecnológicos que esse centro vai gerar e também buscar apoio e suporte do setor produtivo”, conta o presidente.

Este será o maior centro de engenharia que a Fapesp vai ter. O contrato assinado prevê o valor de R$ 102,8 milhões ao longo de dez anos, sendo R$ 25,2 milhões da Fapesp, R$ 32,9 milhões da Embrapa e R$ 44,7 milhões da Unicamp. “Temos grandes expectativas sobre os resultados que este Centro vai trazer para nós”, explicou o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz, durante cerimônia de lançamento ocorrida nesta quarta-feira (13), em São Paulo.

A visão fundamental é estabelecer um centro de pesquisa de renome internacional e desenvolver meios eficazes de transferência de tecnologia, educação e divulgação de conhecimento. A parceria vai contribuir para o desenvolvimento de ferramentas e ativos biotecnológicos voltados ao manejo para enfrentamento, tolerância e resistência à seca e ao calor nas principais culturas agrícolas do Brasil.

“Esse é o foco da UMip GenClima, mas, claro, associado ao desenvolvimento dessa plataforma, ao longo de 10 anos, nós também teremos tecnologias acessórias que poderão contribuir para alavancar novas empresas e startups, tanto no ramo biológico, biotecnológico, como também no agrícola”, enfatiza Cleber Oliveira Soares, diretor de Inovação da Embrapa.

A iniciativa está baseada no modelo de pesquisa colaborativa, com suporte financeiro  através do Programa de Centros de Pesquisa de Engenharia (CPE) da Fapesp. Com isso, deve agregar um componente de colaboração em pesquisa com a indústria, focada no uso de tecnologias de ponta para ajudar a Embrapa e parceiros privados a trazerem novos produtos biotecnológicos ao mercado. Ainda deverão ser firmadas parcerias com o setor privado para, principalmente, financiar o pagamento de profissionais especializados.

“A integração de competências e a multidisciplinaridade exigida neste projeto pode contribuir muito e com maior agilidade para o avanço científico da agricultura brasileira. Além disso, os resultados devem produzir grande impacto na pesquisa agropecuária”, afirma Silvia Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária. “É uma parceria feliz e exitosa. Esse vai ser o primeiro centro que a Fapesp cria, cujo objetivo será o de gerar soluções biotecnológicas para a agricultura em função dos impactos do aquecimento global”, comemora o pesquisador Eduardo Assad.

A UMiP GenClima está instalada temporariamente em laboratórios da Unicamp, mas o projeto de expansão prevê que, em curto prazo, o GCCRC ocupe um edifício de aproximadamente 1.500 m2 do Laboratório de Inovação em Biocombustíveis localizado  no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp.

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