Embrapa integra capacitação de combate à mosca-da-carambola no Suriname

O Suriname está investindo na retomada das ações de controle desta praga e conta com o apoio técnico-científico do Mapa e da Embrapa

25.10.2019 | 20:59 (UTC -3)
Dulcivânia Freitas​

Ponto originário da mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae) na América do Sul, em 1986, o Suriname está investindo na retomada das ações de controle desta praga e conta com o apoio técnico-científico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Embrapa Amapá. No período de 21 a 25 de outubro, a bióloga pesquisadora Cristiane Ramos de Jesus atuou como instrutora de um curso para técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca do Suriname, realizado em Paramaribo.

“Nossa contribuição é atualizar as equipes com relação à bioecologia da mosca-da-carambola e reconhecimento da praga com base em conhecimentos teóricos e práticas em laboratório e campo”, destacou Cristiane de Jesus, líder da pesquisa da Embrapa sobre mosca-da-carambola no Brasil. Ela também apresentou os avanços, resultados e desafios dos estudos desenvolvidos no âmbito da Embrapa Amapá, para dar suporte ao Programa Nacional de Erradicação da Mosca-da-Carambola (PNEMC). Os módulos sobre monitoramento, controle, simulação de detecção de focos e implantação de plano de contingência e de educação fitossanitária foram apresentados por técnicos do Programa Nacional e da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepara). As atividades são acompanhadas pela coordenadora do PNEMC, Ana Gertrudes Cantanhede, que integra a equipe do Brasil junto com os tradutores da Agência Brasileira de Cooperação.

Os estudos da Embrapa atendem ao objetivo de promover pesquisa para segurança biológica e defesa zoofitossanitária da agropecuária e produção florestal brasileira. Durante o curso para os técnicos do Suriname, Cristiane Ramos de Jesus destacou que o controle populacional da mosca-da-carambola no Brasil vem sendo realizado, na maioria dos casos, por meio de iscas tóxicas confeccionadas com atrativo sexual associadas a inseticidas químicos. Proporciona resultado satisfatório, mas apresenta inconvenientes como desequilíbrios ambientais que contribuem para reduzir a população de inimigos naturais da praga, reduzindo, nesse caso, a possibilidade de o controle ser efetuado sem a intervenção humana. Por isso, a Embrapa aperfeiçoa a pesquisa visando introduzir o parasitóide exótico Fopius arisanus no Brasil para o controle da praga Bactrocera carambolae.

Esforço preventivo

No Brasil, o primeiro foco de mosca-da-carambola foi registrado em 1996 em Oiapoque, município do extremo norte do Amapá, oriunda da Guiana Francesa após ser detectada no Suriname em 1985. Este fato é, provavelmente, resultado do transporte de frutos contaminados da Indonésia pela comunidade de indonésios residentes no Suriname. A praga causa danos não apenas na caramboleira, mas também na goiabeira, aceroleira, mangueira, jambeiro, entre outros de uma lista de 21 hospedeiros no Amapá, conforme registro da Embrapa Amapá.

A mosca-da-carambola é caracterizada como praga quarentenária presente no Brasil, ou seja, possui importância econômica potencial para uma área em perigo, pois já se encontra no país, porém sem ampla distribuição. Embora as ações do Programa Nacional de Erradicação da Mosca-da-Carambola (PNEMC) tenham sido efetivas para o controle de focos da praga detectados no Pará e Roraima, a coordenação do Programa considera necessário o reforço de ações de controle na Guiana Francesa, na Guiana e no Suriname.

Em decorrência da importância desta capacitação realizada no Suriname, o embaixador do Brasil naquele país, Laudemar Aguiar, convidou a equipe do Mapa e Embrapa para um evento de aproximação entre as equipes que atuam na cooperação técnica do programa de apoio a ações futuras para controle e erradicação da mosca-da-carambola no Suriname.

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