Embrapa participa de plataforma global para promoção da Intensificação Agrícola Sustentável

Objetivo da mobilização é acelerar a transformação da agricultura e dos sistemas alimentares globais

28.05.2020 | 20:59 (UTC -3)
Embrapa

A partir desta quinta-feira, 28 de maio, vinte e dois especialistas de países localizados no hemisfério sul estarão envolvidos em uma importante mobilização com o objetivo de acelerar a transformação da agricultura e dos sistemas alimentares globais frente a cenários que apontam muitos desafios para o futuro do planeta.

Durante 18 meses, cientistas e tomadores de decisão vão compor a nova Comissão de Intensificação da Agricultura Sustentável (CoSAI), iniciada pelo Programa de Pesquisa da rede CGIAR (Consultative Group on International Agricultural Research), responsável pela coordenação de programas de pesquisa agrícola internacional, para a redução da pobreza e a garantia da segurança alimentar em países em desenvolvimento. O resultado do trabalho da CoSai vai orientar investimentos em inovação agrícola que conciliem alimentação e sustentabilidade.

Entre os integrantes da comissão, o ex-presidente da Embrapa, pesquisador Maurício Lopes, é o único brasileiro do grupo, cujos integrantes foram escolhidos pela atuação em pesquisa, inovação e melhoria de políticas e programas voltados para a inovação em agricultura e alimentação no Hemisfério Sul. “Com mais de trinta anos de experiência em inovação para a agricultura tropical, creio que posso contribuir e também aprender muito”, diz ele.

Na sua opinião, a intensificação sustentável é um conceito que ganhará cada vez mais notoriedade, face ao crescimento da população mundial, mais urbanizada e exigente, em um planeta de recursos naturais finitos. “Haverá necessidade de mais e melhores alimentos para responder à demanda em quantidade e qualidade”, completa.  “E a Embrapa e o Brasil têm muito a contribuir para que esse conceito se consolide no futuro”.

Contribuição brasileira na pesquisa agropecuária 

Sobre as contribuições que a pesquisa agropecuária brasileira poderá levar para a CoSAI, o pesquisador ressalta que, mesmo tendo conquistado um alto nível de segurança alimentar e capacidade de produção de excedentes, o Brasil precisará ampliar sua capacidade de prover alimentos em maio quantidade, diversidade e padrão de qualidade. “Para isso, será necessária sofisticação tecnológica que amplie eficiência na produção e no uso de recursos naturais”, afirma.

Maurício Lopes diz que o Brasil -, com a Embrapa e parceiros -, tem se destacado na capacidade de promover a expansão sustentável da produção agropecuária e cita, como exemplos avanços inéditos como o Plano ABC - Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, uma política pública que promove a recuperação de pastagens degradadas; a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF); o sistema de plantio direto (SPD); a fixação biológica de nitrogênio (FBN); florestas plantadas e o tratamento de dejetos animais.

“Por isso, chama a atenção do mundo o potencial de intensificação sustentável da agricultura brasileira, que garante a utilização de áreas agrícolas, de maneira segura, 365 dias ao ano, produzindo no mesmo espaço grãos, proteína animal, fibras e bioenergia, sem comprometer a parte do seu território com cobertura vegetal preservada”, completa.  O pesquisador ressalta ainda os avanços do Código Florestal Brasileiro, política pública que que garante proteção das florestas nativas e recursos hídricos nas propriedades rurais do país.

O foco da Comissão será promover a inovação que leve a mudanças transformadoras na agricultura e sistemas alimentares. De acordo com Maurício Lopes, 'Inovação' para a CoSAI inclui P&D formal, bem como inovações técnicas, políticas e institucionais que mobilizem e concedam autonomia aos vários atores do sistema alimentar, de agricultores a agentes do setor público e privado.  Por meio de processos de consulta pública, a CoSAI abordará questões críticas como a disponibilidade de fundos públicos e privados necessários para a promoção de uma agenda de inovação para a sustentabilidade na agricultura e nos sistemas alimentares.

Segundo o presidente da CoSAI, Ruben Echeverría, os 22 comissários da África, Ásia e América Latina vão colaborar com sugestões para o encaminhamento de ações que contribuam com a superação de desafios do Hemisfério Sul. “Eles estão em uma posição única para trazer à luz ao desenvolvimento e adoção de inovações que podem ajudar a atender as nossas necessidades alimentares, enquanto regeneram o ambiente natural", comenta.

A diretora de programas de Pesquisa CGIAR sobre Água, Terra e Ecossistemas (WLE), Izabella Koziel, destaca que o momento é de alerta. "Estamos no meio de uma crise mundial de saúde pública sem precedentes, que corre o risco de se transformar em crise alimentar e nutricional para milhões de famílias e pequenos agricultores", diz.  "É hora de enfrentar as deficiências de nossos sistemas alimentares e reverter os impactos da agricultura na degradação dos ecossistemas e na perda de biodiversidade. Isso requer inovação - em políticas, instituições e instrumentos financeiros, bem como em ciência e tecnologia.”

Os comissários do CoSAI seguirão um processo de consulta aberta, que envolverá contribuições de organizações de agricultores a formuladores de políticas, pesquisadores e sociedade civil, para compartilhar soluções e debater aspectos práticos da implementação da intensificação agrícola sustentável. Também compete à comissão encomendar estudos relacionados a áreas em que haja necessidade de complementação, como, por exemplo, os fluxos de investimentos que apoiam a inovação agrícola no Hemisfério Sul, onde se concentram muitos problemas de produção e segurança alimentar.

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