Embrapa Trigo ouve demandas de cooperativas do RS e SC

​Aumentar a interação entre pesquisa e assistência técnica foi o objetivo da série de visitas às cooperativas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina

04.06.2018 | 20:59 (UTC -3)
Joseani M. Antunes ​

Aumentar a interação entre pesquisa e assistência técnica foi o objetivo da série de visitas às cooperativas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina realizadas pelo chefe-geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vieira, na semana de 7 à 11 de maio. As visitas fazem parte do planejamento estratégico da Embrapa para fomentar o cultivo do trigo na Região Sul e ouvir demandas do setor produtivo no direcionamento das pesquisas na empresa.

A semeadura do trigo está começando agora nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A expectativa é de manutenção da área cultivada em 2017, com cerca de 700 mil hectares no RS e quase 60 mil hectares em SC. O aumento nas cotações do trigo nas últimas semanas (chegando a quase R$ 40,00 trigo grão sc 60kg) em função de frustrações na safra de grandes produtores mundiais e aumento na cotação do dólar, deverá servir de estímulo aos produtores. 

De acordo com o chefe-geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vieira, durante o contato com representantes do setor produtivo foi possível verificar que os resultados com a safra de soja animaram os produtores. “A expectativa do setor é de possível aumento de área no inverno. Toda a semente de trigo disponível nas cooperativas visitadas foi comercializada, mas acredita-se ainda num bom volume de semente salva pelo produtor que não está contabilizada nos números oficiais”, avalia Vieira.

Uma das visitas foi à Coopatrigo, em São Luiz Gonzaga, RS, onde as cultivares da Embrapa respondem por 35% do negócio de trigo da cooperativa. De acordo com o presidente Ivo Batista, a Coopatrigo aposta na regionalização de cultivares para assegurar a liquidez do cereal. A Coopatrigo faz parte do projeto desenvolvido em parceria Embrapa Trigo e Fecoagro na avaliação de alternativas para reduzir os custos de produção e busca de mercados para o trigo gaúcho. Em 2017, mudanças no sistema de manejo do trigo resultaram em menor custo de produção mantendo o rendimento das lavouras avaliadas no projeto.

Na Cotripal, em Panambi, RS, a parceria com a Embrapa Trigo deverá ser ainda maior no futuro. A expectativa do presidente Germano Döwich é avaliar linhagens de trigo e soja da Embrapa na estação experimental da cooperativa. Além de orientar os produtores na escolha dos materiais, o trabalho também poderá gerar cultivares em parceria.

O presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, avalia como positiva a parceria com a Embrapa, cuja importância da pesquisa, segundo ele, está no papel de mediadora de tecnologia, capaz de levantar a discussão técnica que permita avaliar os melhores caminhos para o manejo das lavouras no sistema de produção regional. 

Em Santa Catarina, apesar da perspectiva de redução na área de trigo e cevada na Copercampos, em Campos Novos, SC, o presidente Luiz Carlos Chiocca destaca a importância de fomentar a cobertura de solo no inverno: “No inverno temos em primeiro lugar a preocupação de não deixar o solo descoberto e precisamos semear as coberturas ou culturas para produção de cereais, como trigo, cevada, aveia branca e aveia preta, por exemplo. A safra de inverno é relevante para aferir alguma renda ao produtor rural. Temos exemplos de que as culturas de inverno são alternativas de renda e em alguns anos, quem tem sobra de caixa, pode ter boas lucratividades, segurando um pouco o produto e comercializando no momento correto”, avalia Chiocca. Na parceria com a Embrapa Trigo o presidente destacou a satisfação com resultados em trabalhos voltados à melhoria da disponibilidade de forragens para a alimentação animal, como o trigo duplo propósito e o triticale para gado de leite e de corte. 

“O envolvimento da cooperativa no desenvolvimento das pesquisas faz a gente se sentir participante nos resultados gerados”. A declaração é do vice-presidente da Cooperalfa, Cládis Furnaletto, com sede em Chapecó, SC. A participação do departamento técnico da cooperativa envolve diversas ações com a Embrapa Trigo, como avaliação de cultivares, interação com a indústria no desenvolvimento de trigo para nichos de mercado (trigo biscoito e DP), manejo e controle de pragas e doenças. Uma das áreas que deverá ser ampliada na parceria está na conservação de solos, através de trabalhos desenvolvidos junto com a Epagri que visam à elaboração da política estadual de solos, a exemplo do que foi estabelecido no Rio Grande do Sul (parceria Governo RS, Emater/RS e Embrapa Trigo). A previsão dos gestores é instalar diversas Unidades de Referência Tecnologia em Solos na área da Copercampos para servir de apoio à transferência de conhecimentos junto a técnicos e produtores.

Nesta jornada, foram visitadas as cooperativas Cotripal, Coopatrigo e Cotrijal, no Rio Grande do Sul; e Copercampos e Cooperalfa, em Santa Catarina. No dia 04/06, as visitas acontecem à Cotrirosa (Santa Rosa, RS) e à Cotricampo (Campo Novo, RS). O roteiro de visitas ao setor cooperativo deverá seguir até o final da safra de trigo 2018. “Existe uma janela muito grande de oportunidades para interação entre a pesquisa e a assistência técnica. Vamos trabalhar na consolidação de redes de apoio que tragam resultados para todo o complexo agroindustrial do trigo”, finaliza o chefe-geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vieira.

Engajamento Nacional

No dia 17/05, a visita do chefe-geral da Embrapa Trigo foi na Associação Brasileiras das Indústrias de Trigo (Abitrigo), em São Paulo, SP. O encontro serviu para ajustar as sugestões da pesquisa ao conjunto de eixos estratégicos no documento que a Abitrigo está elaborando para levar ao Governo Federal.


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