Epidemia de brusone quebra 70% da safrinha de trigo do cerrado

A estimativa é da Embrapa Cerrados, que constatou a expansão da doença causada por um fungo nas plantações

13.06.2019 | 20:59 (UTC -3)
SNA

Um ataque de brusone nas lavouras de trigo do Cerrado quebrou 70% da 2ª safra de trigo dos estados de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. A estimativa é da Embrapa Cerrados, que constatou a expansão da doença causada por um fungo nas plantações.

“As perdas das lavouras em alguns casos chegam a 100%. A brusone é uma doença de difícil controle. Quando se consegue fazer o controle adequado com fungicidas se consegue reduzir o prejuízo, mas, como choveu muito agora em 2019, não foi possível fazer esse controle”, explica Júlio César Albrecht, pesquisador da Embrapa Cerrados.

Justamente em 2019, os produtores da região tinham dobrado a área plantada para o trigo 2ª safra, por causa do sucesso obtido com a lavoura no ano anterior, alcançando 200 mil hectares, incluindo o trigo irrigado e a safrinha. O trigo safrinha ocupou uma área de 120 mil hectares, dos quais cerca de 84 mil foram perdidos, segundo as estimativas.

Embrapa tenta desenvolver variedade resistente

De acordo com o pesquisador, o que provocou o avanço da doença foi justamente o clima em março e abril na região, período em que se planta a safrinha do trigo. Com as chuvas bem acima de média e temperaturas amenas, acima dos 15 graus, foram criadas as condições ideais para a expansão do fungo, explicou.

A brusone atinge as lavouras de arroz e de trigo, mas na primeira, segundo Albrecht, é mais fácil de se controlar a praga. O pesquisador explica que a brusone era mais comum no arroz e foi identificada no trigo no Brasil nos anos 1990. Após os anos 2000, também foi identificada em outros países da América Latina e da Ásia.

“Ainda não existem variedades de trigo totalmente resistentes a brusone. A Embrapa Cerrados faz estudos para isso mas ainda não conseguiu desenvolver variedades totalmente resistentes. Então, por enquanto, a única forma de prevenir é o manejo correto, aproveitando o período correto para o plantio, sem muita chuva, e fazer aplicações preventivas de fungicida”, acrescenta Albrecht.

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