ESALQ inaugura meliponário

​Responsáveis pela produção do mel, as abelhas, muitas vezes inofensivas, possuem importante papel ecológico e econômico desconhecido pela sociedade

23.11.2015 | 21:59 (UTC -3)
Ana Carolina Brunelli

Responsáveis pela produção do mel, as abelhas, muitas vezes inofensivas, possuem importante papel ecológico e econômico desconhecido pela sociedade. Pensando nisso, o professor Luis Carlos Marchini e a pós-doutoranda, Denise Alves, ambos do Departamento de Entomologia e Acarologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ), coordenarão o Meliponário da ESALQ, espaço que será inaugurado nesta terça-feira, 24/11, às 9h, no Departamento de Entomologia e Acarologia da ESALQ.

Além de receberem, semanalmente, alunos de escolas do município de Piracicaba, oferecerem cursos de “Insetos Úteis" e promoverem discussões sobre à agricultura e conservação, utilizando as abelhas sem ferrão como material didático, a proposta com a criação do Meliponário é ampliar esse contato com os estudantes e possibilitar uma aproximação com sociedade. “Nosso objetivo foi criar um espaço para que alunos do ensino médio, graduação e pós-graduação conheçam a importância do universo das abelhas e das pesquisas acadêmicas", ressaltou a pós doc.

Com a inauguração do espaço, a importância ecológica (polinização de flores de espécies em ambientais naturais) e econômica (polinização de culturas agrícolas e as abelhas como fonte de renda pelo comércio de produtos da colônia) das abelhas, será apresentada aos visitantes de maneira dinâmica, permitindo à comunidade ver de perto esses insetos. Hoje, com cerca de 250 espécies de abelhas sem ferrão no Brasil, o Meliponário possui seis com ocorrência natural no Estado de São Paulo, que são mantidas na ausência de luz solar, vento e chuva.

Segundo Denise, o interesse em conservar abelhas sem ferrão vem aumentando devido ao fato de serem menos agressivas aos homens e animais, ao manejo relativamente simples e ao estoque considerável de mel e pólen. “Atualmente, 88% das plantas com flores são dependentes de animais para a transferência de grãos de pólen em quantidade suficiente para a fertilização dos óvulos e a consequente formação de frutos e sementes, e das 115 culturas agrícolas que lideram a produção global, 70% se beneficiam da ação desses polinizadores, o que representa 35% do suprimento alimentar humano", comentou.

As abelhas desempenham papéis fundamentais no desenvolvimento das plantações e, consequentemente, no consumo alimentar da sociedade, por isso, tonar-se indispensável adquirir conhecimento sobre a vida desse inseto e compreender ainda mais os seus benefícios. “O benefício da polinização é traduzido em frutos maiores, mais pesados, com maior número de sementes, mais vistosos, agregando maior valor de mercado, ou seja, a polinização realizada de forma gratuita pelos animais é convertida em lucro direto ao agricultor. E no Brasil, as abelhas sem ferrão são os principais agentes nativos de polinização", disse a doutoranda.

Inserido no projeto de extensão “Entomologia como Ferramenta de Integração Universidade e Ensino Fundamental", coordenado pelo professor Alberto Soares Correa, o Meliponário se localiza nas dependências do Laboratório de Insetos Úteis do Departamento de Entomologia e Acarologia da ESALQ e está aberto para receber visitas monitoradas, com agendamento antecipado. Futuramente, o departamento também oferecerá a população cursos e treinamentos.

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