Especial Expodireto: ​Cadeia produtiva debate gargalos na produção do milho

Integrantes da cadeia produtiva do cereal reuniram-se no auditório central da 20ª Expodireto Cotrijal para identificar os gargalos e apontar soluções

12.03.2019 | 20:59 (UTC -3)
Assessoria Expodireto Cotrijal

A produção de milho no Brasil continua oscilante e dependente do mercado. Preocupados com esta realidade, integrantes da cadeia produtiva do cereal reuniram-se na tarde desta segunda-feira, 11, no auditório central da 20ª Expodireto Cotrijal para identificar os gargalos e apontar soluções.

O coordenador do 11º Fórum Nacional do Milho, Odacir Klein, reiterou na abertura do evento que o Rio Grande do Sul tem condições de atingir a autossuficiência, mas a produção segue inferior à demanda, obrigando as indústrias de frangos e suínos a exportarem de outros Estados ou mesmo do exterior. “Os custos com transporte do milho de outros locais tiram a competitividade das indústrias produtivas. Além disso, a falta de capacidade para armazenagem é um estímulo às exportações do grão”, ponderou Klein.

O evento ganhou um formato diferente das dez edições anteriores. Em vez de apresentar painelistas com enfoques diversos, o fórum abriu espaço para o presidente da Associação Brasileira de Produção Animal (ABPA), Francisco Turra, e depois se transformou em um debate entre representantes de diversas entidades e consultores. Não houve uma conclusão, mas uma ampliação dos debates para futura redação final.

Turra destacou que a safra de verão do milho vem perdendo área a cada ano e o mercado interno é volátil e não apresenta alternativa de abastecimento. Segundo a série histórica da Conab, a primeira safra representava 85% da produção brasileira de verão no ano agrícola do 2000/01 e baixou para 30% em 2017/18. “O mercado é implacável. Nos períodos de baixa oferta, os produtores acumulam ganhos históricos. Atraídos pelo bom preço, os estoques são elevados. Com isso, o risco de perdas é elevado”, diz, destacando que tem defendido que as agroindústrias ousem mais, comprando até duas safras dos produtores, estimulando-os ao plantio.

Na avaliação do economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, os produtores do Sul param de produzir milho e migram para a soja assim que os preços de mercado do cereal estão abaixo do custo de produção. Questão de mercado, mas que tem causado dissabores. Ele pontuou que há dois anos houve uma grande quebra de safra no Centro-Oeste, mas os culpados pelo desabastecimento foram os produtores do Sul. Criticou os subsídios governamentais oferecidos os produtores do Brasil Central, o que no seu entender produz efeitos colaterais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Para o presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, a decisão do produtor não deve se orientar apenas pela oportunidade de negócio, mas sim incluir a cultura no sistema de cultivos para garantir sustentabilidade de forma perene. Ele defendeu a adoção de políticas públicas específicas para o milho, além de acordos comerciais estruturados.

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