Especial Expointer: Cenários da soja e trigo são debatidos em seminário na Expointer

Evento promovido pela FecoAgro/RS e Safras e Mercado apresentou também a gestão de risco das finanças do produtor

30.08.2017 | 20:59 (UTC -3)
Rejane Costa e Andréia Odriozola

A Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) promoveu nesta terça-feira, dia 29 de agosto, na Expointer, o ciclo de palestras “Desafios e Oportunidades - O que o Produtor Gaúcho Pode Esperar das Safras 2017/2018”. O presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, e o diretor-executivo, Sérgio Feltraco, abriram o evento salientando a importância em orientar dirigentes e executivos das cooperativas em relação ao que vão encontrar neste período. As palestras com consultores da Safras e Mercado ocorreram na Casa do Cooperativismo do Sindicato e Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs).

Conforme Pires, pode-se destacar três pontos fundamentais para a agricultura. O primeiro foi em 1960 quando houve a revolução verde que trouxe um aumento no uso dos insumos agrícolas e crescimento da produtividade, o que viabilizou passar da agricultura de subsistência para a empresarial. Mais tarde ocorreu o avanço tecnológico e agora se colocam, segundo Pires, dois eixos fundamentais: a financeirização da atividade, ou seja, quem não tiver uma gestão correta e recursos pontuais de rentabilidade certamente terá algum problema e fazer mais agronomia. “Estamos trabalhando muito com a área técnica das cooperativas. Às vezes parece que estamos retrocedendo  ao defender um uso mais racional dos insumos, mas acreditamos que em alguns momentos este procedimento é mais inteligente”, observou.

A primeira palestra foi proferida pelo consultor da Safras e Mercado, Elcio Bento, que fez uma análise do trigo. Destacou a queda nos preços nos últimos anos, lembrando que em 2016 ficaram 24% inferiores ao ano anterior. Bento salientou ainda a redução expressiva dos estoques de trigo em 2015/2016 devido à desvalorização do Real que dificultou a importação e o  fenômeno climático El Niño que provocou uma quebra na safra gaúcha. Ressaltou, no entanto, que em 2016/2017 o Brasil importou a maior quantidade do cereal já registrada, 7,88 milhões de toneladas, ou seja, 2,840 milhões de toneladas a mais. “Neste período houve uma redução de área no país em torno de 10% com queda de 17% na produção. No Rio Grande do Sul a área diminuiu também 10% e a produção caiu 23%”, informou. 

O consultor Luiz Fernando Roque, também da Safras e Mercado, falou sobre o cenário para a soja. Disse que as quatro super safras seguidas norte-americanas aliadas a problemas no Brasil e na Argentina ajudaram a derrubar os preços que ficaram em torno de U$ 9 e U$ 11. Também lembrou que nos últimos cinco anos os três maiores produtores mundiais de soja Brasil, Estados Unidos e Argentina, que representam 80% da produção internacional do grão, registraram crescimento total de 96 milhões de toneladas. “Foram colocadas no mundo mais 111 milhões de toneladas de soja”, enfatizou.

O ciclo de palestras promovido pela FecoAgro/RS foi encerrado com o consultor da Safras e Mercado Gil Barabach que afirmou que as decisões financeiras devem ser tomadas com a razão. Observou que o preço de commodities tende no longo prazo ao custo de produção e, por isso, é preciso gerir os riscos de preços, sem ficar passivo às flutuações de mercado. Explicou que isso se faz reduzindo o custo médio de produção para ter rentabilidade. “Por exemplo: se o preço médio é de R$ 40 e meu custo é R$ 45, estou perdendo dinheiro. Mas se meu custo é de R$35, então dá para trabalhar nessa margem e ter tranquilidade. Com custos mais baixos, o risco de se perder dinheiro é menor. O produtor tende a pensar safra a safra, tem que aprender a pensar em mais de uma safra, a longo prazo”, concluiu.


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