Especialistas chilenos vêm ao Brasil conhecer programas de segurança com agroquímicos

Técnicos do país andino têm interesse no programa Quepia, que reduziu de 80% para 20%, no Brasil, a reprovação à qualidade de vestimentas protetivas

05.11.2019 | 20:59 (UTC -3)
Fernanda Campos

O programa IAC-Quepia de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura está no radar de órgãos de governo do Chile. No dia 11 de novembro, técnicos da Universidade de Santiago chegam ao Brasil, para conhecer as instalações e laboratórios de alta precisão do “Quepia”. Criado há 13 anos, o programa desenvolveu metodologias internacionais para certificar a qualidade de vestimentas protetivas agrícolas, entre outras inovações.

Desde 2006, o Quepia funciona no Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP sediado na cidade de Jundiaí. Conforme o pesquisador científico Hamilton Ramos, coordenador do programa, a iniciativa resultou na redução de 80%, 13 anos atrás, para atuais 20% no índice de reprovações das certificações de qualidade de vestimentas protetivas fabricadas no Brasil.

“Embora o índice de 20% ainda seja relevante e alvo de estudos visando à sua redução, a pesquisa agrícola brasileira produziu um ‘case’ que pode servir de modelo a outros países agrícolas. Este é o objetivo central da vinda de nossos colegas chilenos”, assinala Ramos.

Além do Quepia, acrescenta Ramos, estarão em foco outros dois projetos abrigados pelo CEA-IAC – o programa Aplique Bem e a Unidade de Referência em Tecnologia e Segurança na Aplicação de Defensivos Agrícolas. O primeiro se vale de laboratórios móveis, denominados TechMóveis, e leva treinamentos sobre boas práticas agrícolas diretamente às propriedades rurais. O segundo é voltado à capacitação de profissionais para treinar aplicadores de defensivos.

Segundo Ramos, os três programas são realizados com apoio da iniciativa privada, incluindo a indústria de vestimentas protetivas e a de defensivos agrícolas. “Essas iniciativas têm sido reconhecidas pelos benefícios que transferem a pequenos produtores da agricultura familiar e às grandes propriedades do agronegócio. Sua continuidade resultará na evolução dos índices de segurança atrelados ao trabalho rural e também na melhora progressiva da eficácia de tratamentos fitossanitários”, diz o pesquisador.

Ainda de acordo com Ramos, a expectativa é que a reunião de Jundiaí amplie a troca de informações e projetos entre Brasil e Chile na área de segurança com agroquímicos. “Esperamos que no curto prazo o Chile possa integrar o Consórcio Internacional de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura e o Comitê de Vestimentas de Proteção da ISO, dos quais o Brasil já é membro, e no médio prazo essa sinergia traga ações efetivas para reduzir a exposição do trabalho rural a agroquímicos, nos dois países”, finaliza Ramos.

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