Estudo sobre análises de resíduos de defensivos será debatido na França

Programa investiga a eficácia de matérias-primas da indústria de vestimentas protetivas

15.05.2019 | 20:59 (UTC -3)
Fernanda Campos

A adoção global de um método desenvolvido no Brasil, para avaliar a presença de resíduos de defensivos agrícolas nas vestimentas protetivas rurais, começa a ser discutida hoje em reunião técnica do Consórcio Internacional para Desenvolvimento e Avaliação da Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura. O evento, que vai até o dia 17 na cidade francesa de Lyon, reúne cientistas de 10 países agrícolas que pesquisam a segurança do trabalhador rural em relação a produtos químicos.

Realizado no Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC), órgão da Secretaria de Agricultura a Abastecimento do Estado de SP, o estudo de autoria do pesquisador científico Hamilton Ramos permite investigar em que medida os equipamentos de proteção individual (EPI) vendidos no mundo retêm agroquímicos, e também qual a melhor forma de descartar essas vestimentas protetivas após esgotar seu prazo de validade.

Financiada com recursos a fundo perdido da entidade francesa UIPP – Union des Industries de la Protection des Plantes -, a pesquisa do programa IAC-Quepia conta com a coautoria da acadêmica Anugrah Shaw, da Universidade de Maryland Eastern Shore (EUA). Outro estudo do gênero, conduzido por cientistas da França, também será alvo das discussões que estão no programa da reunião.

“Após a reunião da França empregaremos a técnica em vestimentas utilizadas no campo. A ideia é a de que esses estudos ocorram simultaneamente no Brasil, na França e nos Estados Unidos, pelos próximos dois anos.”, destaca Hamilton Ramos. Além do consórcio internacional, o pesquisador integra ainda à ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas e o Comitê Mundial da entidade certificadora global ISO – International Standartization Organization.

Ramos coordena no Brasil o programa IAC de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura (IAC-Quepia). Financiada com recursos do setor privado, a iniciativa completa 13 anos em 2019 e trouxe avanços significativos à indústria nacional de vestimentas protetivas agrícolas, sobretudo ao instituir no mercado o ‘Selo Quepia’, uma certificação de qualidade que se tornou sinônimo de segurança a usuários desses produtos.

“Conhecer fraquezas e fortalezas de matérias-primas utilizadas na fabricação dos EPI traz ganhos de sustentabilidade a países agrícolas, e ajuda a reduzir a exposição do trabalhador rural a agentes químicos”, assinala Ramos.

“Saberemos se as vestimentas devem ser descartadas como lixo comum ou tóxico, ou se não há necessidade de descarte. Essa checagem, fundamental à preservação da saúde no campo, ainda não havia sido feita com o olhar da ciência em nenhum lugar do mundo”, continua o pesquisador.

Sediado na cidade paulista de Jundiaí, o CEA-IAC completará 50 anos de atividades no dia 15 de julho próximo. O centro de pesquisas é reconhecido nos dias de hoje entre as referências mundiais no desenvolvimento de estudos voltados à segurança do trabalho rural e ao uso correto e seguro dos defensivos agrícolas.

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