Estudo mostra crescimento expressivo do manejo com herbicidas nas lavouras cultivadas com a soja RR

Pesquisa da consultoria Spark Inteligência Estratégica aponta avanço mercadológico de produtos diferentes do glifosato.

25.09.2017 | 20:59 (UTC -3)
Fernanda Campos

A soja geneticamente modificada ou RR, cultivada em todo o Brasil, desenvolvida para ser resistente ao herbicida glifosato, tem sido alvo da concorrência de plantas daninhas igualmente resistentes ao agroquímico, como a buva (Conyza bonariensis), o capim-amargoso (Digitaria insularis) e o chamado ‘milho invasor’ ou ‘milho voluntário’ (Zea mays). Esse cenário, que se intensificou na safra 2016-17, resultou no aumento expressivo das aplicações de herbicidas com ingredientes ativos complementares ao glifosato.

A constatação é da consultoria Spark Inteligência Estratégica, empresa especializada em pesquisas de mercado para o setor de agroquímicos, entre outros segmentos do agronegócio. De acordo com o levantamento, na safra 2016-17 saltou para 40% a área de soja tratada com herbicidas complementares ao glifosato, ante 33% registrados na safra 2015-16. Este fator, enfatiza a Spark, elevou em 27% a receita total do mercado de herbicidas.

Segundo a Spark, o mercado total de herbicidas para soja movimentou US$ 1,36 bilhão na safra 2016-17. A participação de produtos alternativos ou complementares ao glifosato foi de US$ 492 milhões no período, alta de 55% em relação à safra anterior, quando o segmento atingiu US$ 318 milhões. Em contrapartida, a receita do glifosato se manteve estável, em US$ 740 milhões, reforçando a importância desse ingrediente ativo no manejo com herbicidas na sojicultura.

A pesquisa apontou ainda que na safra 2016-17 os produtores tiveram de aplicar herbicidas complementares ao glifosato para controlar o chamado ‘milho invasor’ em 12% da área de soja, contra 8% da safra anterior. O milho invasor deriva de sementes de milho RR também resistentes ao glifosato, cujo plantio alterna-se ao da soja, que brotam após a colheita e passam a disputar nutrientes com a lavoura da oleaginosa. 

No Estado de Mato Grosso, por exemplo, no maior produtor de soja do Brasil, o controle do ‘milho voluntário’ foi realizado em 22% da área de soja. “Esse milho passou a ser um problema nas áreas de soja, por causa do crescimento de híbridos RR tolerantes ao glifosato. Nessa situação, recomenda-se aplicar um herbicida específico e seletivo para o milho, um cereal, e que também preserve a soja, uma leguminosa”, reforça Cristiano Limberger, engenheiro agrônomo e gerente de atendimento da Spark Inteligência Estratégica.

Para Limberger, o levantamento da empresa comprova principalmente que o uso isolado do glifosato já não surte mais efeito sobre diversas plantas daninhas, que adquiriram resistência ao agroquímico devido ao uso repetitivo e prolongado do produto.

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