Feijão-caupi é apresentado em evento internacional

O pesquisador da Embrapa Meio-Norte Kaesel Damasceno, participou da 22ª Gulfood, em Dubai, Emirados Árabes

13.03.2017 | 20:59 (UTC -3)
Eugênia Ribeiro

Apresentar cultivares de feijão-caupi e prospectar possibilidades para desenvolvimento de novas cultivares e produtos para o mercado internacional, foram alguns dos propósitos do pesquisador da Embrapa Meio-Norte (Teresina - PI), Kaesel Damasceno, ao participar, de 26 de fevereiro a 02 de março, da 22ª Gulfood, em Dubai, Emirados Árabes.

A Gulfood é a maior exposição anual de alimentos e bebidas do mundo e recebe profissionais de todos os continentes durante cinco dias de evento. Nela é realizada a promoção de comércio entre mais de 120 países, permitindo a exposição de mais de 5.000 fornecedores de matérias-primas e ingredientes para mostrar os gostos, tendências e novidades que estão moldando o futuro dos alimentos e bebidas para consumo mundial.

O pesquisador participou deste evento com o objetivo de obter informações a respeito do futuro do mercado mundial de “pulses” (leguminosas colhidas como grãos secos), quais espécies destacam-se como promissoras para este mercado, além de visualizar os requisitos de qualidade exigidos no mercado internacional, tais como, tipo de grão, tamanho do grão etc. “Essas informações são indispensáveis para direcionar o programa de melhoramento genético, em especial das culturas do feijão-caupi (Vigna unguiculata), feijão-mungo-verde (Vigna radiata) e feijão-mungo-preto (Vigna mungo) três 'pulses' de considerável destaque no mercado externo”, destaca Damasceno.

Além destas espécies, existe demanda comercial, especialmente pelo mercado japonês, por outra espécie pertencente ao gênero Vigna, conhecida como feijão azuki (Vigna angularis). “O Banco Ativo de Germoplasma de Feijão-caupi contém amostras (acessos) de todas essas espécies, o que torna viável o desenvolvimento de cultivares para o atendimento a estas demandas”, explica.

O pesquisador levou aos Emirados Árabes amostras das cultivares disponíveis para o mercado e algumas linhagens promissoras para lançamento como cultivares, visando prospectar as possibilidades de mercado e quais ajustes serão necessários para atingir maiores mercados. Foram levadas também amostras de produtos extrusados desenvolvidos a partir da farinha de feijão-caupi, pesquisa liderada pelo pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Jorge Hashimoto. “Além de apresentar esse produtos, visitei e conversei com expositores de estandes de vários países (Índia, Madagascar, Canadá, Estados Unidos, Myanmar, Sri Lanka, Etiópia, Itália, Espanha, Portugal etc.) e também com diversos compradores de várias regiões do mundo”, acrescentou.

Parceria - A participação na exposição é resultado de uma parceria entre a Embrapa e a empresa Samba International, com sede em Curitiba, Paraná, e com filiais em Nova Iorque, EUA, e Mersin, Turquia, do ramo de exportação de grãos.
Para Iuri de Bruns Guenther Buhr, sócio-diretor da Samba International, foi gratificante ver o resultado obtido com a aliança entre o trabalho da inteligência comercial e a pesquisa e melhoramento de variedades propostas pela Embrapa. “Com os produtos que foram levados, já era possível aos clientes vislumbrarem que num futuro bem próximo o Brasil se tornará efetivamente um player considerável no mercado internacional de leguminosas secas”, comenta.

O empresário destacou o reconhecimento ao trabalho da Embrapa. “Todos aqueles que foram consultados elogiaram os resultados obtidos, apontaram as preferências, abriram segredos do negócio ao darem o feedback e, ainda por cima, agradeceram. O trabalho da Embrapa é fundamental, não apenas para a segurança alimentar no Brasil, mas para que o mote 'Brasil Celeiro do Mundo' efetivamente se torne realidade. Ações como essa nos aproximam muito mais desse objetivo. E, no outro lado da mesa, para o produtor, a gama de opções para o plantio também irá trazer muito mais estabilidade ao campo”, complementou.

Prospecção e Desdobramentos – Durante o evento foi possível identificar a necessidade de alguns ajustes no desenvolvimento das novas cultivares de feijão-caupi, feijão-mungo-verde e feijão-mungo-preto, no que se refere a tipo, formato, tamanho e cor do grão.

O pesquisador observa, após a participação na exposição que a Embrapa está no caminho certo quanto ao desenvolvimento de cultivares de feijão-mungo-verde. “Em geral, o mercado aceitou muito bem as quatro linhagens que apresentamos e, inclusive, indicou qual destas seria mais interessante comercialmente”.

Segundo ele, foi possível também identificar a necessidade de desenvolvimento de cultivar de feijão-mungo de cor amarela e também de cultivares de feijão-caupi com grãos vermelhos, tipo vinagre. “Observamos que há interesse em produtos extrusados e iniciamos um canal de conversa para investimentos nessa área, além de identificar uma demanda crescente por pulses orgânicos”, destaca, acrescentando que a Embrapa iniciará os ensaios com feijão azuki visando a obtenção de cultivares que atendam às demandas do mercado.


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