Indústria do FFLV se prepara para o desafio do abastecimento com informação

A análise é de que o mercado se estabilizou depois de forte alta na demanda nos primeiros dias da quarentena

17.04.2020 | 20:59 (UTC -3)
Vera Moreira

A PMA Brasil, que representa a indústria de produtos frescos – Flores, Frutas, Legumes e Verduras (FFLV) – reuniu a cadeia do setor para avaliar o primeiro mês de lockdown, quais os aprendizados nesse período e os desafios daqui para a frente.

O primeiro PMA Talks Brasil reuniu participantes de todo Brasil  em um  webinar para interagir com Denise Abarckelli – Diretora Comercial Zucca Cogumelos, produtora do segmento orgânico; Enrico Milani – CEO Vapza Alimentos, da indústria; Junior Lucato – Diretor Comercial Citrícola Lucato, como produtor: e Francisco Homsi – CCO Rede Oba, relatando a experiência do setor varejista. A conversa foi moderada pelo Prof. e jornalista José Luiz Tejon, especializado no agronegócio.

A análise é de que o mercado se estabilizou depois de forte alta na demanda nos primeiros dias da quarentena, que obrigou adaptação rápida dos processos de higienização para colaboradores, fornecedores e consumidores.

“Tivemos que nos adaptar no boom do consumo, aumentando a produção para atender o varejo, mas sempre com a preocupação com nossos colaboradores, para garantir produtos seguros por pessoas em segurança, afinal vendemos saúde. Hoje o mercado se estabilizou porque há abastecimento”, explicou Junior Lucato, produtor de cítricos.

O mesmo aconteceu com a demanda por cogumelos frescos da Zucca, que supre os nichos gourmet e orgânico, e do mix de produtos de Vapza, que vende grãos, legumes, vegetais e proteínas convencionais e orgânicos cozidos e embalados à vácuo. Ambos percebem o comportamento do consumidor em busca de produtos mais saudáveis, com expressivo crescimento e interesse nas vendas online. No entanto, Enrico Milani, CEO da Vapza, destaca que o setor de food service despencou. “Esse setor vai levar um tempo para se reorganizar. As empresas estão se reinventando e as mudanças aceleram algumas decisões, como investir mais no ecommerce e em plataformas de marketplace, assim como o lançamento de produtos. Há oportunidades de novos negócios e precisamos ficar atentos ao que o consumidor quer. No caso dos orgânicos, por exemplo, tivemos 100% de aumento de alguns produtos e estamos atentos à essa demanda que estava reprimida”.

O varejo está sensível ao novo comportamento do consumidor, como explica Francisco Homsi, da rede Oba, especializada em hortifruti: “Todo dia é um aprendizado dessa nova realidade. A única certeza é que tudo mudou. O varejo tem obrigação social de dar informação, de garantir um produto seguro e rastreável, de ter práticas de segurança desde seu fornecedor e colaborador até o consumidor. Não foi fácil colocar acrílico nos caixas de atendimento de um dia para outro, mas essas adaptações vamos sentir no dia a dia. Se precisa ajudar a vender flores e plantas, vamos criar campanhas para o dia das Mães e para embelezar as casas, como fazem os europeus no inverno”.

A empresária Denise Abarckelli e o professor Tejon acreditam que esse é o momento do setor de FFLV porque é mais que agronegócio, é o negócio da saúde – o health bussiness. “Temos que reforçar que o FFLV é a farmácia natural do futuro. Somos o que comemos e queremos comer sempre melhor e mais natural. Independente das consequências da Covid-19, os hábitos vão mudar e em duas semanas houve mais conscientização que nos últimos dois anos”, disse a diretora da Zucca Cogumelos.

“Estamos no momento da reconsciência do Ser Humano, que crê na sustentabilidade e na saúde pelo agro. Temos que nos preparar para atender a base da pirâmide, que também precisa se nutrir. Mudança de conceito para um Sócio Humano Planetário”, completa Luiz Tejon. 

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