Instituições e profissionais devem estar preparados para a tecnologia que já existe

Capacitação de pessoas para trabalhar com as inovações tecnológicas é o principal desafio na avaliação do presidente da John Deere no Brasil

13.06.2018 | 20:59 (UTC -3)
Carina Rufino

A capacitação de pessoas é o maior desafio para o futuro do setor agropecuário na opinião de Paulo Herrmann, presidente da John Deere no Brasil e um dos conferencistas do VIII Congresso Brasileiro de Soja, que está sendo realizado no Centro de Convenções em Goiânia (GO).

Em sua conferência com o tema “Inovações e desafios na mecanização agrícola” Herrmann não abordou novas tecnologias que cada vez mais são utilizadas no campo. Para ele o uso de drones, tecnologias geoespaciais, inteligência artificial entre outras já está virando realidade e farão cada vez mais parte do dia-a-dia do setor produtivo. Entretanto, de nada adiantarão se não houver pessoas capacitadas a trabalhar com essas inovações.

Um exemplo citado pelo palestrante é o da quantidade de informações que são geradas diariamente por colheitadeiras e são perdidas por falta de pessoas capacitadas para trabalhar com essas informações.

“Está faltando gestão, está faltando profissional para destrinchar esses dados. A tecnologia de máquinas e sementes correu na frente, mas a capacitação de pessoas não acompanhou”, disse Paulo Herrmann.

De acordo com ele, o problema só será resolvido com atualização das grades curriculares de cursos técnicos e superiores no país. A maior parte deles continuam com a mesma estrutura por décadas e não se adequaram às demandas que surgiram no campo.

“Precisamos fazer com que nossas instituições se preparem para dar conta de toda tecnologia que já está por aí . Nosso sistema de ensino, pesquisa e extensão está parado no tempo. Hoje temos dificuldade de encontrar profissionais que tenham capacidade de transformar todos esses números e esses dados gerados pelas máquinas em informação. Precisamos de tecnólogos, nossos institutos federais precisam ser ruralizados e temos de recompor nossa extensão rural”, elenca Herrmann.

A deficiência de conectividade no campo também foi apontada por Herrmann como um desafio a ser enfrentado bem como a questão da harmonia geracional. Em relação ao primeiro, o palestrante citou ações da própria John Deere para o aumento do acesso à internet na zona rural.

“O desafio que nós temos é sobre a questão da conectividade. Toda essa tecnologia embarcada que os equipamentos possuem, na medida em que você não consegue transferir os que as máquinas adquirem no processo natural de produção, ela se torna uma máquina cheia de enfeites tecnológicos, mas de pouco uso prático”, afirma.

Já em relação à sucessão familiar, ressaltou a importância de se atrair as novas gerações para permanecerem no campo.

Contextualizando a o cenário global futuro sobre a demanda de alimentos, Hermmann mostrou que o Brasil deverá ser o maior responsável pelo aumento da produção. Para isso precisará melhorar a eficiência produtiva, aumentando a produtividade e reduzindo perdas.

Como exemplo da baixa eficiência, mostrou dados de um monitoramento feito em uma grande fazenda que mostrou que as colheitadeiras trabalham em média apenas 2,4 horas por dia, um número considerado muito baixo tendo em vista o investimento feito no maquinário.

De acordo com Paulo Herrmann, parte desse aumento na eficiência produtiva virá com o terceiro grande salto do setor agropecuário brasileiro, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), possibilitando uma produção cada vez maior e mais sustentável.

Congresso

Promovido pela Embrapa Soja, o VIII Congresso Brasileiro de Soja teve início nesta segunda-feira, no Centro de Convenções de Goiânia, e vai até quinta-feira. Mais de 2.000 pessoas de todos os seguimentos da cadeia produtiva da soja participam das discussões.

Nos quatro dias de evento, a programação terá cinco conferências, 16 painéis temáticos, 50 palestras e 340 trabalhos científicos apresentados em forma de pôsteres. Além disso, no pavilhão principal, 57 empresas expõem suas tecnologias, produtos e serviços disponíveis para a cultura da soja

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