Instituto Goiano de Agricultura abre suas portas ao produtor

Investimentos de R$ 30 milhões vão proporcionar estudos aplicados ao campo

29.01.2018 | 21:59 (UTC -3)
Brenno Sarques

Um encontro de representantes da cadeia produtiva agrícola marcou a inauguração do Instituto Goiano de Agricultura (IGA) na última sexta-feira, dia 26, no município de Montividiu, no Sudoeste goiano. O IGA nasce para suprir uma demanda dos agricultores acerca de pesquisas de validação e transferência de tecnologia, oferecendo suporte na hora da escolha de cultivares e planos de manejo mais adequados à realidade goiana. O foco inicial são as culturas de algodão, soja, milho e feijão. Na oportunidade, os participantes também puderam conferir o andamento de algumas pesquisas durante o 1º tour da soja realizado no local.

Com 242 hectares, a Fazenda Rancho Velho é a sede do IGA, e oferece toda estrutura para a realização de pesquisas e testes voltados a validar tecnologias oferecidas pelo mercado. O Instituto IGA visa ainda captar incentivos e linhas especiais de crédito para o desenvolvimento de suas atividades, além de treinamentos, capacitação técnica e serviços de certificação de produtores agrícolas, gestão e execução de tarefas em programas fitossanitários próprios ou em parcerias com instituições públicas e privadas. Caberá ainda ao IGA realizar a experimentação de produtos agrícolas e contribuir para o desenvolvimento de ensaios de pesquisa.

Para o presidente do IGA e da Associação Goiana de Produtores de Algodão, Carlos Alberto Moresco, o Instituto chega em um importante momento para o agronegócio e servirá para levar conhecimento científico de forma sintetizada ao produtor. “Se olharmos para trás, a agricultura deu um salto enorme em produtividade. Vamos dar outro salto tecnológico, para produzir mais com menos recursos”, diz. Para Carlos Moresco, a escolha de uma fazenda no município de Montividiu foi estratégica porque a região possibilita duas safras e está perto do maior polo produtor de algodão de Goiás.

 Histórico

O IGA foi idealizado em 2013, e o primeiro passo foi a compra da Fazenda Rancho Velho, em 2014. Os estudos para se criar a estrutura e definir os objetivos foram desenvolvidos em 2015 e 2016. As obras iniciaram em janeiro de 2017 e, no dia 4 de agosto, o Instituto foi oficialmente criado. Ao todo, são 30 milhões de reais investidos no projeto, com recursos do Instituto Brasileiro do Algodão. Para o ex-presidente da Agopa à época da conceitualização do IGA, Luiz Renato Zapparoli, a proposta é proporcionar uma produção cada vez mais rentável e sustentável. “Para o produtor, fica difícil realizar experimentos com metodologia científica, por isso tomamos essa tarefa para nós”, explica.

Presidente do Fundo de Incentivo à Cultura do Algodão (Fialgo), Marcelo Swart participou de todo o processo de criação do IGA e esclarece que esta era uma ambição dos produtores por um instituto de pesquisas que atendesse unicamente aos interesses do setor. “Agora temos estudos de maior confiabilidade. Os resultados vão ajudar o produtor a tomar decisões mais assertivas”, prevê. Para o pesquisador-chefe do IGA, Elio de La Torre, há um modelo de gestão voltado para o desempenho e para a sustentabilidade. “Abarcamos todas as linhas de pesquisa, sejam com pragas, uso de maquinários, cultivares e defensivos. Quem lucra é a sociedade”, resume.Para o diretor executivo da Agopa, Dulcimar Pessatto Filho, o desafio foi sair de um conceito e colocá-lo em prática. “Mantivemos sempre o foco nos objetivos definidos quando a ideia foi concebida”, recorda.

Já para o superintendente executivo para a Agricultura e Pecuária de Goiás, Antônio Flavio de Lima, o momento vivido pela agricultura exige tecnologia e pesquisa aplicada. “Iniciativas como o IGA trazem conforto ao produtor e cria um ambiente que favorece a atividade”, comenta. O presidente da Agrodefesa de Goiás, José Manoel Caixeta, vê nas pesquisas de combate a pragas da lavoura um ponto em comum, já que “ambas as instituições buscam o controle de doenças e pragas. O vazio sanitário é um desses elementos que vêm a somar a outras iniciativas”.

Os chefes gerais da Embrapa Algodão, Sebastião Barbosa, e da Embrapa Arroz e Feijão, Alcido Wander, estiveram na inauguração para saber mais sobre os projetos que o IGA pode desenvolver. Para Sebastião Barbosa, a agricultura sempre precisará de instituições de apoio, e o IGA surge para fazer frente ao desafio de se produzir melhor. Por sua vez, para Alcido Wander, o IGA e a Embrapa se complementam, sobretudo em âmbito regional.

Para o prefeito de Montividiu, Ademir Guerreiro, o município só tem a ganhar com a iniciativa. “Ganhamos em qualidade nos serviços que nossos produtores vão oferecer”, declara. Deputado estadual e presidente da Frente Parlamentar de Agropecuária, Lissauer Vieira destacou o potencial que o IGA oferece ao setor, ao trazer informações e subsídios que serão utilizados diretamente na lavoura.

O IGA é uma instituição criada por produtores rurais para produtores rurais, proporcionando um diálogo aberto e de reconhecimento dos desafios em comum.

1º Tour da Soja reúne grandes empresas e produtores

Paralelo à inauguração do Instituto, o 1º Tour da Soja reuniu empresas fornecedoras de sementes para apresentar o desenvolvimento dos ensaios de suas cultivares sob manejo da equipe do IGA. Ao todo, 14 empresas possuem ensaios com cultivares no local, mas oito apresentaram as vantagens de seus produtos ao público. Representantes da Brasmax, TMG, Bayer, Monsoy, Nidera, Pioneer, Syngenta e KWS explicaram as características intrínsecas de cada cultivar e responderam perguntas do público. 

Os ensaios produzidos no IGA são um exemplo do tipo de informação que o Instituto pode proporcionar. Sob um mesmo manejo, essas cultivares podem apresentar resultados diferentes em produtividade, seja no crescimento, na adaptação ao solo goiano ou na resistência a pragas. Todas essas informações são repassadas ao produtor para que ele possa escolher qual tipo de semente utilizar em sua propriedade, conforme as características de sua região. O IGA já possui outros estudos em andamento com milho, algodão e feijão, culturas que mais se revezam na rotatividade das lavouras.

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