Irrigação por aspersão no arroz reduz uso de água e custos por hectare

Pesquisas da Embrapa indicam que método representa economia de 40% de água comparado ao sistema por inundação

14.02.2020 | 20:59 (UTC -3)
Embrapa

Pesquisas realizadas pela Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS) indicam que o cultivo de arroz com irrigação por aspersão representa economia de 40% de água comparado ao sistema por inundação. O método também garante redução dos custos das lavouras de até 20%, chegando a mais de mil reais anuais por hectare, mesmo quando se considera uma pequena redução na produtividade em relação ao sistema inundado.

Segundo o pesquisador Germani Concenço, esse método é indicado para áreas com declive, de coxilha, com escassez de água e proporciona vantagens técnicas para produção de sementes de arroz. Mas, para dar certo, um dos requisitos é que o produtor realize plantio direto e faça rotação do arroz com outras culturas. “No máximo por dois anos, depois perde produtividade”, afirma.

A necessidade de rotação, no entanto, é vista como uma vantagem, já que permite maior flexibilidade ao produtor. “Quando se fala de sistema de produção, a gente não fala só de arroz, mas de um sistema diversificado. Carne, soja, milho, culturas de inverno e qualquer outro sistema de produção que se queira. O produtor arrozeiro passa a ser um agricultor de lavoura diversificada”, completou.

Redução de custos e agregação de renda para produção de arroz 

De acordo com Concenço, um dos principais entraves para produção de arroz atualmente são os custos de produção, que têm superado os ganhos em produtividade. Mas, a irrigação por meio de pivôs melhora essa realidade, resultando em maior lucro líquido.

O sistema diminui por quase metade o consumo de combustíveis dos maquinários, o desgaste dos equipamentos e a demanda de eletricidade usada na irrigação. O gasto em mão de obra também é menor, porque o pivô pode ser usado para executar parte das operações de fertilização e aplicação de agroquímicos. E a eficiência do uso de nitrogênio, por exemplo, pode ser maior quando aplicada de forma parcelada por meio de fertirrigação.

E, apesar do aumento em torno de 20% a 30% no uso de fertilizantes, já que as lâminas de água nos sistemas inundados tornam os nutrientes mais disponíveis, essa adubação acaba beneficiando todo o sistema e as culturas inseridas na área posteriormente.

O método ainda permite criar um mercado premium para o produto gerado, dada a redução de extração de água do ambiente, da emissão de metano pela cultura, e da presença de arsênio nos grãos – elemento com toxidade à saúde humana. “Principalmente em mercados exigentes como o europeu”, concluiu.

Palestra na abertura oficial da safra

O assunto foi abordado em palestra no estande da Embrapa, na tarde desta quinta-feira (13), durante a 30ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz. O evento está sendo realizado de 12 a 14 de fevereiro, na Estação Experimental terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, no município de Capão do Leão/RS.

Na oportunidade, Concenço abordou as diferenças entre os sistemas irrigados e por aspersão, considerando todo o ciclo da cultura. No caso do uso dos pivôs, a irrigação é feita para repor apenas o que é perdido para o ambiente por evotranspiração, já que as perdas por percolação e escoamento superficial tendem a ser menores no cultivo sob aspersão.

O manejo da irrigação do arroz, no entanto, tem algumas particularidades – a água deve ser aplicada mais frequentemente e em menores quantidades por operação. E a área permanece seca, facilitando o manejo da lavoura em todas as fases da produção. “Você planta, cultiva e colhe tudo no seco”, finalizou Concenço.

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