Manejo de solo foi destaque em evento para assistência técnica no RS

​Ações para avaliar a qualidade física do solo foram apresentadas pela Embrapa Trigo durante o III Agronomy Tour

19.12.2019 | 20:59 (UTC -3)
Embrapa

Ações para avaliar a qualidade física do solo foram apresentadas pela Embrapa Trigo durante o III Agronomy Tour, evento realizado pela CCGL para profissionais das 22 cooperativas associadas a Rede Técnica Cooperativa (RTC). Com seis estações a campo, o evento reuniu mais de 200 participantes no dia 12 de dezembro, na estação experimental da CCGL, em Cruz Alta/RS. 

De acordo com gerente de pesquisa e tecnologia da CCGL Geomar Corassa, a RTC foi criada há dois anos, com o objetivo de oferecer informações técnicas com maior segurança e isenção comercial. Os resultados de pesquisa são buscados junto a instituições parcerias - como a Embrapa, a UFSM e a Unicruz, entre outras – e testados tanto no campo experimental da CCGL quanto nas áreas das próprias cooperativas. “Neste ano conduzimos experimentos em 10 cooperativas, com avaliações que foram compartilhadas com todas as associadas à RTC. A informação embasada cientificamente e com resultado comprovado no campo vai servir de orientação aos departamentos técnicos, rompendo algumas barreiras entre as cooperativas sem interferir nas decisões no âmbito local”. 

Os eventos, chamados de Agronomy Tour, são o espaço de compartilhamento das informações e de interação entre pesquisa e assistência técnica. Ao longo de 2019 foram três edições focando em diferentes temas: 1º plantas daninhas; 2º pragas e doenças; e 3º solos e plantas daninhas.

Corassa destaca que a CCGL conta com 31 cooperativas associadas que representam 50% da área de soja cultivada no Rio Grande do Sul.

Custos da Compactação

A produção de grãos nos cultivos de verão no Rio Grande do Sul tem sofrido quebras significativas em função de estiagens, mesmo que de curta duração. Impacto diretamente relacionado à compactação do solo, que impede as raízes das plantas de encontrarem água nas camadas mais profundas, bem como limita a entrada da água da chuva no solo.

Dados da Embrapa Trigo mostram que o rendimento das culturas pode cair pela metade em solos compactados. Em experimento conduzido em 2017 em Não-Me-Toque, RS, o rendimento da soja foi de 30 sacos por hectare (sc/ha) na área compactada, mas chegou a 67 sc/ha no solo descompactado; no milho, o rendimento de 62 sc/ha na área compactada, subiram para 154 sc/ha no solo descompactado. 

Durante o Agronomy Tour, o analista da Embrapa Trigo Jorge Lemainski apresentou práticas para avaliar a qualidade física do solo, mostrando alternativas de recuperação de áreas compactadas. Entre as recomendações, ele destaca que o técnico precisa fazer a ação junto com o produtor, como abrir uma trincheira (escavação feita no solo), e avaliar o perfil do solo de forma simples e didática para convencer sobre as necessidades de intervenção na área. “É importante atuar junto com o produtor, não apenas fazer a orientação ou receituário. A transformação depende do trabalho da assistência técnica em conjunto com o cooperado para gerar resultado na transferência de tecnologia que se traduza em renda da lavoura”, afirma Jorge.

Os resultados de agricultura conservacionista também foram apresentados pela UFSM. Os experimentos conduzidos na área da CCGL mostraram que os terraços aumentaram o acúmulo de água no solo em 20%. O ganho no rendimento do milho chegou a 10% e na soja foi de 13%.  

“Precisamos conhecer as tecnologias disponíveis para saber se realmente trazem incremento no solo”, avalia o pesquisador da CCGL, Jackson Fiorin, destacando que um solo pobre até pode resultar em bom rendimento de grãos, mas somente com um grande investimento em produtos químicos: “O melhor resultado, e economicamente viável ao produtor, virá de um solo biologicamente superior, bem estruturado e com bom teor de matéria orgânica. Não é um resultado imediatista, é uma construção a longo prazo”.

“Nossa expetativa é que essa interação contínua promova uma mudança tão grande como foi a história do plantio direto”, manifestou o Presidente da CCGL, Caio Vianna.

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