​Monitoramento e informação são fundamentais para controle da mosca branca

Rodada técnica da Aprosoja verifica infestação da praga em Nova Mutum e Lucas do Rio Verde (MT)

12.08.2016 | 20:59 (UTC -3)
Ascom Aprosoja

A mosca branca é uma praga que está cada vez mais presente nas lavouras de Mato Grosso. A preocupação com a infestação já vem da última safra de soja e ela se alastra pelas lavouras de feijão do Estado. “Na reunião do grupo de discussão de Nova Mutum surgiu a demanda para se tratar desta praga, pois os produtores perceberam problemas nas regiões de pivôs de feijão. Com algumas áreas abandonadas, a mosca branca migrou para outras lavouras”, explicou César Martins, delegado coordenador da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) em Nova Mutum.

Para discutir sobre o problema e apontar soluções para o manejo da mosca branca, a Aprosoja realizou na quinta (11), a primeira Rodada Técnica de Mosca Branca, em Nova Mutum e Lucas do Rio Verde. Quase 50 agricultores, consultores, fiscais e pesquisadores participaram do evento, que visitou áreas de plantio de feijão atingidas pela praga. “Este é o início de um trabalho que precisaremos fortalecer para a frente, pois temos condições de melhorar se trabalharmos como uma força-tarefa”, afirmou Gilberto Eberhardt, delegado coordenador do Núcleo da Aprosoja em Lucas do Rio Verde.

O agricultor Cristiano Costa Beber explicou que em sua área de feijão há a doença chamada “mosaico”, que é transmitida pela mosca branca como vetor. “Há muita área contaminada em toda a região e está vindo para a nossa lavoura. Já fizemos muitas aplicações de inseticidas, mas é muito difícil de controlar”, avaliou.

Já Lino Ambiel, também agricultor de Nova Mutum, estima que deve perder 50% de sua produção de feijão nesta safra devido à praga. “Houve custo alto com as aplicações de inseticidas e agora a perda na produtividade. Ainda tem a preocupação com a próxima safra de soja. É preciso conscientizar a todos sobre o manejo”, frisou. A terceira área visitada foi do produtor Otávio Gallo, em Lucas do Rio Verde, onde a pressão não foi tão forte.

“Eu acredito muito na técnica. Nós monitoramos a área, principalmente, e verificamos a hora certa de aplicação. Não pode se desesperar por causa da incidência do inseto, pois pode acabar fazendo alguma coisa sem orientação e elevando seu custo. Acho fundamental ter acompanhamento técnico, um profissional que se dedique àquele trabalho e saiba usar o manejo integrado aliado aos produtos no momento certo”, salientou.

Diversas entidades de pesquisa e órgãos de defesa sanitária e fiscalização acompanharam a rodada técnica. Para o fiscal agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Dalci de Jesus Bagolin, o evento é um momento importante para ter conhecimento desta praga. “Nosso objetivo é conhecer o problema, o contexto onde esse problema ocorre e verificar se é preciso elaborar alguma norma ou se é o caso de só trabalhar em parceria com a Aprosoja incentivando a conscientização dos produtores”, explicou.

A fiscalização é ato contínuo do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea-MT) e, por isso, o órgão participou da rodada a convite da Aprosoja. “Estamos fiscalizando neste momento o cumprimento do vazio sanitário da soja e também em locais onde há pivô. A partir das próximas safras, poderemos pensar em fiscalizar os manejos para que todos usem as mesmas estratégias para evitar a infestação”, explicou Waldemir Batista, agrônomo do Indea-MT na unidade de Lucas do Rio Verde.

Durante a rodada, os participantes puderam ver diversos cenários. De acordo com Rafael Pitta, pesquisador da Embrapa, isso já demonstra que não existe um padrão e, por isso, é preciso entender a melhor forma de conduzir em cada área. É nítido, segundo ele, que os produtores não podem ficar baseados somente em uma estratégia de controle. “Basear só no controle químico, em qual o melhor inseticida não é interessante, o histórico já mostrou que não funciona. Cada vez mais é preciso reforçar o uso de boas práticas agrícolas, passando aí por manejo integrado de pragas, material resistente, controle químico eficiente, controle biológico, manejo cultural, como vazio sanitário, por exemplo. A integração destas estratégicas é que vai ter produção mais sustentável tanto ambientalmente, como financeiramente”, afirmou.

A 2ª vice-presidente Norte e coordenadora da comissão de Defesa Agrícola, Roseli Giachini, encerrou explicando que o papel da associação é fazer a informação chegar ao produtor. “Temos que informar quais são as estratégias que ele pode utilizar, dentro do seu sistema de produção. Existe conhecimento científico para minimizar as perdas, há várias informações de manejo, tecnologia de aplicação, produtos de controle e outras ações. É preciso agir”, finalizou.

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