Novas cultivares de mandioca de indústria diversificam a produção de amido no Brasil Central

São as primeiras cultivares especialmente desenvolvidas para as condições do Cerrado da região; destacam-se pela produtividade e produção de amido, o que favorece seu uso industrial

14.09.2021 | 20:59 (UTC -3)
Embrapa

Embrapa Cerrados (DF) lança nesta terça-feira (14/09), às 14h, em evento on-line no canal da Embrapa no YouTube, as cultivares de mandioca para indústria de farinha e de fécula BRS 417BRS 418 e BRS 419, as primeiras especialmente desenvolvidas para as condições do Cerrado do Brasil Central. 

Elas se destacam pela elevada produtividade de amido – até 30% maior que a da cultivar mais plantada na região –, pela arquitetura favorável aos tratos culturais e ao plantio mecanizado devido à altura mais elevada das plantas e da primeira ramificação, bem como pela moderada resistência à bacteriose, principal doença da cultura no Bioma. 

Resultado de uma pesquisa de melhoramento genético participativo iniciada em 2012 e que contou com mandiocultores, cooperativas e extensionistas rurais de diferentes polos de produção de amido do Cerrado, os materiais vão contribuir para aperfeiçoar os sistemas de produção da mandiocultura na região, além de possibilitar a maior diversificação das cultivares utilizadas pelos produtores.

A BRS 417 apresenta raízes com disposição e tamanho que facilitam a colheita mecanizada. Nos experimentos, obteve produtividade média de raízes de 38.005 kg/ha, porcentagem de amido nas raízes de 31,53% e rendimento de amido de 11.984 kg/ha. 

Com potencial para ser empregada em cultivos visando ao aproveitamento da vigorosa parte aérea, rica em folhas e pecíolos, na alimentação animal, a BRS 418 obteve produtividade média de raízes de 38.940 kg/ha, porcentagem de amido nas raízes de 32,35% e rendimento de amido de 12.651 kg/ha nos experimentos. 

Já a BRS 419, devido à elevada rusticidade, pode ser utilizada em políticas direcionadas ao desenvolvimento da cadeia produtiva do amido e da farinha de mandioca, com foco em produtores com menos acesso a tecnologias. Apresentou produtividade média de raízes de 42.010 kg/ha, porcentagem de amido nas raízes de 30,29% e rendimento de amido de 12.870 kg/ha. 

“São materiais que vão agregar características tecnológicas para os sistemas de produção de mandioca, como a facilitação do plantio mecanizado, que reduz o uso de mão de obra, além de aumentar a produtividade de amido por hectare e facilitar os tratos culturais, como aplicação de herbicidas, adubação de segundo ciclo e poda. Todas essas características contribuem de forma direta para a redução dos custos de produção”, afirma o pesquisador Eduardo Alano Vieira. 

Colega de Alano, o pesquisador Josefino Fialho aposta que o produtor poderá escolher os materiais de acordo com o sistema de produção. “Quem tinha basicamente uma cultivar e variedades locais agora tem três novas opções. São materiais distintos e podem ser usados para manter a variabilidade genética dos cultivos. Nossa recomendação é: plante as três, teste-as nas suas condições e decida quais manter.”

Alano acredita que as novas cultivares devem promover outros impactos positivos nos sistemas de produção da região. “Não há, atualmente, um mercado de comercialização de manivas-semente certificadas. E os novos clones têm uma taxa de multiplicação de maniva mais alta – de uma planta da cultivar mais plantada se obtém cinco plantas novas, enquanto uma planta dos novos materiais possibilita ao menos dez novas plantas. Fica mais fácil difundir esses materiais desenvolvendo o comércio de manivas-semente”, explica.

No segundo semestre de 2020, a Embrapa disponibilizou material propagativo das cultivares a empresas produtoras de manivas-semente e de mudas micropropagadas por meio de oferta pública. “Como agregamos os licenciados para comercializar esses materiais, daremos opção ao produtor de comprar uma muda de qualidade genética superior, livre de pragas e doenças”, afirma Fialho. 

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