Perfect Flight utiliza tecnologia para preservação das abelhas

Com boas práticas agrícolas, startup reforça que é possível apicultura e agricultura conviverem de forma harmoniosa, sem prejuízos

18.12.2019 | 20:59 (UTC -3)
Juliana Cabral

A agricultura de precisão e as Boas Práticas Agrícolas já são de conhecimento e adotadas por diversos produtores, principalmente por estarem ligadas ao valor agregado do produto final. Associadas à boa convivência entre vizinhos de propriedades rurais, entre eles os que criam abelhas, as práticas permitem ainda uma convivência saudável e produtiva entre agricultores e apicultores, uma vez que, com ferramentas adequadas, a aplicação de defensivos agrícolas pode ser feita de maneira assertiva e sem afetar locais indevidos. É o que orienta Rafael Ferreira, gerente de sustentabilidade da Perfect Flight, startup especializada na rastreabilidade da pulverização de agroquímicos.

Atualmente, um dos assuntos mais discutidos entre produtores de diversas culturas com vizinhos apicultores é justamente sobre a pulverização e o risco de morte das abelhas com a prática. Para sanar dúvidas e proteger as abelhas e o meio ambiente, Rafael destaca a boa comunicação no agronegócio, mas, especialmente, o uso de ferramentas tecnológicas. “Por exemplo, o produtor que utiliza o aplicativo da Perfect Flight para pulverização tem a possibilidade de criar um planejamento de voo com base nos arquivos de georreferenciamento da área, contendo os talhões-alvo, as restrições de voo e dados ligados às instruções normativas vigentes para a operação aeroagrícola. Tudo isso garante mais assertividade para o serviço”.

Afinal, no cenário agro, a aplicação de defensivos agrícolas é essencial para o desenvolvimento e a produtividade de algumas culturas, porém, para a vida das abelhas, é necessária uma distância segura nesse processo. O Mapeamento de Abelhas Participativo (MAP), uma iniciativa de pesquisa do Sindicato Nacional da Industria de Produtos para a Defesa Sanitária (Sindiveg), com a participação de pesquisadores da Unesp e UFSCar, realizou um levantamento de dados sobre a mortalidade de abelhas no Estado de São Paulo e apontou que é possível a convivência de apicultores com outros proprietários rurais, desde que sejam levadas em conta o Plano de Ação Nacional voltado às boas práticas de aplicação dos defensivos.

Assim, para melhorar a relação entre agricultores e apicultores, uma das ações é municiar os profissionais com informações e tecnologia para realizar as atividades de maneira precisa no campo. “Nosso software possibilita a criação de um planejamento de voo para os pilotos realizarem a pulverização aérea com uma assertividade que chega a 90%, uma vez que conta com mapas e rotas exatas para seguir. A startup também possibilita que o aplicador leve em consideração as condições metereológicas do período de aplicação planejado, para que ocorra da maneira mais adequada, considerando as boas práticas agrícolas e evitando uma contaminação de áreas não-alvo”, diz o gerente de sustentabilidade da Perfect Flight. 

Rafael ainda ressalta que as estratégias de mitigação do impacto negativo aos polinizadores envolvem: conhecimento das áreas a serem tratadas, cuidados ao seguir rótulo e bula dos defensivos, análise meteorológica, calibração da aeronave, cumprimento dos requisitos das instruções normativas e das boas práticas agrícolas e comunicação direta com os possíveis criadores de abelhas, bicho da seda ou cultivos sensíveis.

Para conseguir acompanhar todas as atividades no campo, as agtechs são grandes aliadas, uma vez que, em muitos casos, apenas a tecnologia consegue dimensionar o trabalho do homem nas propriedades rurais. No caso da Perfect Flight, um sistema computacional capaz de ler os dados gravados nos arquivos do DGPS da aeronave gera um relatório com um mapa visual da aplicação e informações que permitem analisar a qualidade da ação. Dessa forma, é possível identificar em momento real se o defensivo foi aplicado em local inadequado ou próximo das abelhas, por exemplo.

O Ministério da Agricultura (MAPA), instrução normativa 02/2018, indica que as aplicações aéreas devem ocorrer com restrições de margens de segurança: a 250m de áreas de vegetação nativa, a 500m de cidades ou povoações e a 250m de criação de animais. “Por isso, o produtor precisa de uma ferramenta que trace a rota e acompanhe o trabalho do piloto, para garantir a efetividade da pulverização e precaver qualquer dano ao meio ambiente ou a outro produtor”, reforça Rafael.

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